INFORMAÇÃO
PARA NEGÓCIOS E POLÍTICAS DE INFORMAÇÃO
Luciane Paula Vital
Resumo: No cenário
de mudanças globais, o conhecimento e a informação são diferenciais
competitivos já amplamente reconhecidos pelas organizações. Aspectos que
envolvem o gerenciamento de sistemas de informações para negócios são muito
discutidos na literatura. Neste artigo, pretende-se
abordar preliminarmente o conceito de informação para negócio, gestão de
informação e política informacional. Reflete-se sobre a relação entre a
necessidade de qualificar o processo de gestão da informação e a inferência das
políticas de informação. O objetivo é a inserção de uma discussão a respeito da
influência da política de informação no gerenciamento informacional. Procura-se caracterizar o contexto
empresarial e o papel da informação, proporcionando uma reflexão sobre a
mediação do profissional da informação nesse contexto.
Palavras-chave:
Informação para Negócio; Fontes de
Informação; Gestão da Informação; Política de Informação.
1 INTRODUÇÃO
As pessoas na sociedade atual vivenciam um contexto de
mudanças rápidas e profundas, em comparação com outros períodos da história, pois
a globalização e outros fatores relacionados ao desenvolvimento
científico, econômico e tecnológico estão provocando uma nova configuração
social. Conforme Drucker (1999), essas mudanças vêm surgindo de uma profunda
transformação da economia global, caracterizando o que vem sendo chamado de
sociedade pós-industrial, no sentido de ter ultrapassado a produção industrial,
desenvolvendo um setor voltado para a prestação de serviços. A economia, que no
século XVIII era predominantemente agrícola, entra posteriormente na manufatura
e na industrialização dos produtos, a chamada sociedade industrial. Já a sociedade
pós-industrial, com a automação dos processos produtivos, exige trabalhadores
intelectualmente mais qualificados, que saibam buscar, interpretar e
desenvolver conhecimentos e informações.
A
humanidade para um período em que a gestão cognitiva, centrada no pensar e
aprender, é evidenciada. As organizações, para manter e/ou conquistar espaço no
mercado, tiveram que se adaptar a esses novos ambientes, em que o valor de
produtos e serviços depende cada vez mais do percentual de inovação, tecnologia
e inteligência a eles incorporadas (CAVALCANTI; GOMES; PEREIRA, 2001).
Neste
cenário, no qual o conhecimento e a informação são elementos de diferencial
competitivo, pode-se considerá-los como fatores essenciais ao desenvolvimento e
aprimoramento de processos e serviços, uma resposta às exigências dos clientes
e ao mercado, frente a constante luta de sobrevivência no mundo dos negócios.
Entretanto, apesar de reconhecerem essa importância, os
líderes não têm direcionado esforços efetivos, tanto tecnológicos quanto de
pessoal, no que tange ao gerenciamento da informação. Sendo assim, há o
estabelecimento de um caos informacional, que se reflete na hora em que há
necessidade de uma informação para tomada de decisão. A tomada de decisão
qualificada deve fazer uso de todas as informações disponíveis e que provoquem
interferências no processo. É o momento em que o maior número de informações
precisa ser disponibilizado sobre o problema, porém, estas informações precisam
ser pontuais e eficazes do ponto de vista da tomada de decisão.
O que se pretende neste artigo é abordar preliminarmente o
conceito de informação para negócio, gestão de informação e política
informacional, buscando a relação entre planejamento estratégico informacional
e fontes de informação. Objetiva refletir sobre a importância da informação
como ferramenta para a competitividade e a contribuição que as organizações
poderão ter com o gerenciamento informacional.
2 INFORMAÇÃO PARA NEGÓCIO
O
termo informação para negócio tem sido utilizado nos países desenvolvidos como
prática de fornecimento de informações para negócios. Segundo Borges e Campelo
(1997) o termo informação para negócios tem sido pouco utilizado no Brasil e a
terminologia se apresenta de forma diferente.
A partir da década de 1980 o conceito de informação para
negócio apareceu implícito no termo informação tecnológica e se complica com o
aparecimento da expressão informação para a indústria, sendo esta última de uso
mais corrente na literatura da área da informação no Brasil.
Aguiar
(1991, p.12) define informação para indústria como:
[...]
um conjunto de conhecimentos de que a empresa deve dispor a fim de facilitar a
execução de operações correntes de natureza administrativa, de produção e de
controle; possibilitar o acompanhamento da dinâmica de mercado, para detecção
de oportunidades e ameaças; permitir a implementação de estratégias
emergenciais para enfrentar problemas conjunturais; subsidiar as atividades de
planejamento estratégico e contribuir para o desenvolvimento tecnológico.
Borges e
Campelo (1997) designam o termo informação para negócios a um conjunto de
informações destinadas a subsidiar as atividades das organizações no seu
processo de desenvolvimento e afirmam que o termo informação para negócio
apresenta uma abrangência maior do que informação para indústria, por
representar todo o tipo de organização que depende da informação.
Para Duarte
(2000, p.25), “o conjunto de informações externas à empresa, utilizadas pelos
executivos para redução de incertezas, frente ao ambiente de negócios, têm sido
chamadas de informação para negócios.” Os conceitos não estabelecem demarcações
claras quanto à sua significação de uns em relação aos outros. Há um
intercâmbio entre as definições, o que é muito mais freqüente no contexto das
unidades de informação nas organizações, que recebem uma grande massa
documental que é de interesse de vários departamentos. Cabe ao profissional
promover o discernimento entre os diferentes documentos, levando em
consideração o contexto no qual está inserido. A clareza das definições é um
ponto importante nesse processo.
Januzzi
e
Montalli (1999) realizam um amplo levantamento de
definições acerca dos termos
‘Informação para negócios’,
‘Informação tecnológica’,
‘Informação para
indústria’, entre outros; objetivando uma maior clareza em
relação à
conceituação. Em relação ao termo
‘Informação para negócios’, julgam
mais
completa a definição de Montalli (1994) que diz que
informação para negócios “é
aquela que subsidia o processo decisório do gerenciamento das
empresas industriais,
de prestação de serviços e comerciais nos
seguintes aspectos: companhias,
produtos, finanças, estatística, legislação
e mercado”. Configura-se como uma
definição abrangente, tentando ‘dar conta’ de
todos os aspectos gerenciais de
uma organização.
Será
tratado, nesse artigo o termo ‘informação para negócios’ a partir desse
enfoque, ressaltando que, em organizações mais focadas em aspectos tecnológicos
ou operacionais existem termos mais específicos, como ‘informação tecnológica’
e ‘informação industrial’. O uso do conceito adequado auxilia na clareza dos
objetivos da unidade de informação, além de também ser definido por estes, e,
conseqüentemente na disponibilização da informação certa no momento oportuno.
A informação, como um precioso recurso para a organização, deve
ser tratada de modo a contribuir efetivamente para a melhoria dos resultados
organizacionais. A organização necessita identificar onde encontrar as
informações relevantes para o seu processo. Esta informação pode estar
disponível nas fontes formais e informais de informação, e saber como tratá-las
é indispensável.
3 FONTES DE INFORMAÇÃO
As organizações necessitam utilizar e gerenciar a informação
estrategicamente, tanto para a tomada de decisão quanto para a inovação no
setor de atuação. Borges e Carvalho (1998, p.76) afirmam que, “a cada dia
torna-se mais claro o papel econômico da informação como insumo para o
desenvolvimento de produtos, captação de recursos, conhecimento de mercado e
sobrevivência de muitas empresas.” Para tanto, necessitam obter informações
confiáveis, de maneira rápida e eficiente.
De acordo com Rezende (2002), o que determina a excelência de uma
empresa é a habilidade com que ela coleta, organiza, analisa e implementa
mudanças a partir de informações.
A disponibilidade e acesso às fontes de informação para negócio se
constituem em um valioso diferencial competitivo nas empresas, porém, segundo
Valentim (1997) a classe empresarial não consegue visualizar a importância do
suporte informacional como auxiliar no domínio dos processos organizacionais. A
falta de visualização pode estar relacionada à má adequação ou
indisponibilidade das fontes de informação, portanto, se faz necessário que o
profissional que atue nesse setor esteja atento para as etapas dos processos de
tomada de decisão, assim como naqueles que influenciam a produção e uso da
informação.
Informações organizadas e disponíveis adicionam valor à mesma
classe empresarial, permitindo tomadas de decisão qualificadas e garantindo a
competitividade no mercado. Organizar, disponibilizar de maneira acessível as
fontes de informação a respeito de mercado, barreiras técnicas, legislação,
companhias, economia, finanças, produtos, tecnologia e políticas governamentais
segundo Jannuzzi (2002, p.23), são de fundamental importância para a
sobrevivência em longo prazo das organizações brasileiras.
Quanto ao nível de formalização, as fontes de informação podem ser
classificadas em formais ou informais. As informações
formais são aquelas que transitam pelos canais convencionais da organização
ou entre organizações. Estas informações normalmente possuem a característica
de serem bem estruturadas, podem ser obtidas
por meio de publicações, livros, periódicos, teses, patentes, entre outras. Já as informações
informais são aquelas que não possuem caráter oficial. Este tipo de
informação tem como característica a desestruturação; deriva de conversas, seminários, contatos telefônicos,
fornecedores, folders, entre outros.
O que difere uma da outra, basicamente,
são o suporte e o nível de processamento aos quais a informação foi submetida.
As informações formais, tanto de origem interna como externa,
podem, mais facilmente, integrar o sistema de informações da organização. A
escolha da inclusão ou não destas informações, necessariamente passará pela
análise de custo/benefício. As informações informais, dificilmente podem ser
incluídas no sistema de informações, em virtude de serem bastante
desestruturadas e freqüentemente terem pouca garantia quanto à sua integridade.
Entretanto, de acordo com Jannuzzi (2002, p.23) é de fundamental
importância,
Organizar e disponibilizar a
fluxo de informações a respeito de mercado, barreiras técnicas, legislação,
companhias, economia, finanças, produtos, tecnologia e políticas governamentais
é um fato que se torna cada vez mais necessário e urgente, para subsidiar a
tomada de decisões nas empresas brasileiras, visando à competitividade.
O quadro abaixo fornece um panorama quanto aos tipos de fontes,
formais e informais, e os ambientes de obtenção, externos ou internos.
Fontes de Informação |
Formal |
Informal |
Internas |
Externas |
Manuais de
serviço e instruções de operações |
X |
|
X |
|
Rotinas,
procedimentos e regulamentos. |
X |
|
X |
|
Políticas
funcionais da organização |
X |
|
X |
|
Planejamento
operacional e estratégico |
X |
|
X |
|
Legislação
trabalhista |
X |
|
|
X |
Legislação
fiscal |
X |
|
|
X |
Legislação
comercial |
X |
|
|
X |
Catálogos
de empresas |
X |
|
X |
X |
E-mail,
sites |
X |
X |
X |
X |
Conversas
telefônicas, através de chats |
|
X |
X |
X |
Periódicos
entre outros. |
X |
|
|
X |
Quadro 1: Fontes de Informação.
Fonte: As autoras
Pressupõe-se
que conhecimento codificado transforma-se em
informação, que poderá ‘alimentar’ os
sistemas disponíveis na organização. No
quadro 1, conversas telefônicas ou por
meio de chats são fontes informais de informação, difíceis de serem
codificadas. Mas nem por isso devem ser descartadas; como importante fonte de
troca de informações e conhecimentos, é possível a organização e
disponibilização de listas de especialistas, com contatos, para otimização e
fomento dessas práticas.
Torna-se imprescindível que as fontes e os meios de obtenção da
informação sejam identificados a fim de que as necessidades informacionais dos
usuários possam ser atendidas. Observa-se que as organizações necessitam
definir quais os tipos e de que fontes derivam as informações essenciais a
elas. O mapeamento das necessidades informacionais e dos contextos interno e
externo apóiam o desenvolvimento de uma política de informação eficiente.
Política, que estando explícita, irá embasar o desenvolvimento de uma gestão da
informação qualificada, que leva em consideração as características e
necessidades do ambiente.
4 GESTÃO DA
INFORMAÇÃO
A falta de uma estrutura organizacional sensível e atenta à gestão
da informação impede a sinergia entre os diferentes setores, tanto em virtude
do excesso como da falta de informação. Mesmo o acesso de forma inadequada aos
conteúdos informacionais pode levar os membros da organização a trabalhar com
elevados níveis de tensão e imprecisão. Conteúdos informacionais são acessíveis
através da disponibilização das fontes apropriadas. Gestão da informação
pressupõe a gestão das fontes e estas atendem aos objetivos, contexto enfim, às
necessidades do ambiente.
É necessário que a organização busque um diferencial no mercado e
seja capaz de vencer o desafio de transformar as informações em conhecimento, e
por sua vez, o conhecimento
Para que uma organização consiga adotar uma estratégia eficaz de
gestão da informação, é necessário que ela desenvolva algumas atividades em
relação às fontes de informação que utiliza, dentre as quais:
prospectar/monitorar informação; tratar informação; comunicar a informação e
usar informação. Davenport (1998) propõe um modelo que chama de ecologia da
informação, que focaliza o ambiente informacional da organização e apresenta o
caráter fortemente sistêmico no gerenciamento informacional. Tal sistema
deve-se em parte à correlação do modelo proposto com o ambiente organizacional
e leva em conta todo o ambiente informacional da organização, rejeitando
análises localizadas. O modelo ainda dá relevância ao comportamento dos
profissionais diante da informação, colocando-os no centro do ambiente
informacional, e não, apenas, à tecnologia.
Conforme Oliveira e Bertucci (2003, p.9) os objetivos da gestão
estratégica da informação são:
a)
Promoção da eficiência organizacional de forma a organizar e
suprir as demandas por informações vindas de dentro e de fora;
b)
Planejamento de políticas de informação;
c)
Desenvolvimento e manutenção de sistemas e serviços de informação;
d)
Otimização de fluxos de informação; e
e)
Controle da tecnologia de informação.
A gestão da informação proporciona uma visão crítica e abrangente
da atmosfera competitiva; por conseguinte, é possível desenvolver ações
estratégicas visando maior competitividade.
Para Davenport (1998, p.176), o processo de gestão da informação é
composto por quatro etapas:
Determinação
das exigências – Identificar como os gerentes percebem os ambientes
informacionais e como compreendem que tipo de informações um administrador
realmente precisa. Implica entender o mundo dos negócios e requer as
perspectivas política, psicológica, cultural, estratégica e ferramental além
das avaliações individual e organizacional;
Obtenção –
Obter
informações é uma atividade que deve incorporar um
sistema de aquisição
contínua que, de forma geral, consiste nas seguintes atividades:
exploração de
informações; classificação e
formatação e estruturação das
informações;
Distribuição – refere-se
às formas de comunicação e divulgação utilizadas;
Uso da
Informação – Diz respeito à utilização da informação disponibilizada. Está
ligado à maneira como se procura, absorve e digere a informação antes de torna
uma decisão.
As etapas do processo de gestão da informação levantadas por
Davenport (1998) estão intrinsecamente relacionadas ao gerenciamento das fontes
de informação; como salientado anteriormente, gestão da informação é também a
gestão das fontes. A primeira etapa, determinação das exigências, é o momento
onde se realiza um levantamento das necessidades informacionais, delimita-se o
tipo de informação que as pessoas necessitam no desenvolvimento dos processos,
sejam operacionais, seja a tomada de decisão. Quando o tipo de informação é
mapeado, as fontes podem ser identificadas com mais facilidade, determinando as
etapas seguintes: de obtenção, distribuição e uso. Por exemplo, uma empresa da
área tecnológica necessita que seus funcionários troquem informações (entre
eles ou com outros especialistas), e, para isso, precisa divulgar as
especialidades de cada funcionário e listas de contato externas. A partir desse
diagnóstico, é possível implantar ações que possibilitem ou otimizem esse
processo, sem esquecer que o ambiente informacional das organizações está
sujeito às variações dos ambientes de negócios internos e externos, provocando
uma reavaliação organizacional frente às novas demandas.
A gestão da informação, como visto, é necessária para a manutenção
da competitividade organizacional. Torna-se imprescindível o desenvolvimento de
estratégias voltadas a ela, de forma que sejam catalisados os fluxos de
informação, buscando, entre outras coisas, subsidiar o processo de tomada de
decisão. O desenvolvimento de ações estratégias direcionadas à manutenção e ao
crescimento da organização necessita de informações precisas, de modo que as
mesmas sejam potencializadas durante o processo de análise, interpretação,
reflexão e definição da ação a ser empregada sobre o fenômeno percebido.
Percebe-se que a gestão de informação não é suficiente para
estabelecer padrões e normas para o fluxo de informação de uma organização,
portanto se faz necessário agregá-la a uma política de informação
flexível.
5 POLÍTICA
DE INFORMAÇÃO
A organização, independente do ramo de negócio, precisará de
informações que indiquem as tendências, desafios e caminhos, proporcionando
maior segurança para o desenvolvimento das ações estratégicas.
A política de informação poderá ser uma ferramenta existente na
organização que defina a modelagem dos sistemas de informações utilizados
internamente. A política de informação deve estar de acordo com a estratégia
geral da organização; deverá haver sincronismo entre o planejamento estratégico
da organização e a política de informação.
A organização deve definir sua política geral de informação para
que, mediante a racionalização dos recursos, possa tirar melhor proveito da
informação, visando melhorar sua performance e alcançar seus objetivos de uma
forma mais eficaz. Davenport (1998, p. 92) define cinco tipos de política de
informação:
Utópico
tecnocrático
– a forte abordagem técnica como solução
para todos os problemas.
Enfoca fortemente a modelagem e categorização da
informação e está sempre
atenta a novas tecnologias de software e de hardware. A política
utópica
tecnocrática dá mais ênfase à tecnologia que
à informação, tecnologia é um
suporte que torna possível a circulação,
armazenamento e disseminação da
informação com maior eficácia, com
importância indiscutível no processo de
gestão da informação. Porém, aliado
à tecnologia, a qualidade, confiabilidade e
a precisão da informação são elementos
fundamentais, definidores do ‘sucesso’
da gestão e algumas vezes são negligenciados nessa
política.
Anárquico -
inexistência de qualquer política de gerenciamento de
informação. Os indivíduos
determinam seus próprios sistemas de informações e
a forma de gerenciá-los. A
política anárquica não seria exatamente uma
política, mas sim a falta dela.
Davenport (1998) diz que esse tipo de política é
freqüente em locais onde os
funcionários trabalham essencialmente com conhecimento, como por
exemplo,
cientistas, consultores, programadores, onde cada um cria seu
‘sistema de
informação’. Em empresas menores essa
situação também é freqüente, e
possível
pelo fato de o presidente ou diretor ter conhecimento e domínio
sobre todos os
processos; correndo o risco de, na falta do diretor, o caos ser
instaurado.
Feudalista – o
gerenciamento da informação por unidades ou funções individuais, que definem
suas próprias necessidades de informações, reportando somente parte das
informações para a organização. A política feudalista dificulta ou impede, a
disseminação da informação na organização como um todo e, sabendo-se que a
maior parte da informação que uma empresa necessita encontra-se dentro dela
mesma, esse tipo de política cria sérios entraves ao fomento e compartilhamento
de informações entre os diferentes pares. O feudalismo não leva em consideração
o contexto mais amplo, delimitando-se aos problemas informacionais do setor.
Monárquico – o
gerenciamento da informação é ditado pelo líder da organização que define o
sistema de informações e o nível de acesso dos demais componentes da
organização. A política monárquica apresenta características similares à
feudalista, sendo que o poder de decisão sobre as informações, fontes que irão
circular pela organização encontra-se centrada em uma pessoa.
Federalista – o
gerenciamento da informação é feito com a participação de todos os elementos da
organização, poucas decisões centralizadas. O objetivo é que a política seja
determinada como resultado do consenso. Há uma certa autonomia dos diferentes
setores, porém, o objetivo final é sempre compartilhado por todos os membros e
as decisões são discutidas com toda a organização.
Os diferentes tipos de políticas informacionais possuem vantagens
e desvantagens, sofrem a influência do contexto, das características mais
específicas da organização e o profissional da informação precisa diagnosticar
qual é a política predominante para que possa trabalhar os pontos fortes e
fracos dessa política, buscando uma democratização do acesso, disseminação e
uso da informação.
Conforme Davenport; Eccles e Prusak (1992, p.64) “[...] o
gerenciamento da política da informação requer uma mudança na cultura
organizacional e novas tecnologias”. O gerenciamento da informação precisa que
todos os gerentes apóiem e participem além de ver a informação como elemento
importante para seus sucessos, estando dispostos a gastarem tempo e energia
negociando para encontrar suas necessidades de informação. Cumpre lembrar que,
por denotar poder e ser um elemento essencial em todos os processos
organizacionais, a informação nunca é neutra, e nem todas as pessoas têm
interesse que ‘tudo’ circule nos diferentes setores. Essas são algumas questões
que o profissional terá que enfrentar ao implantar e/ou gerenciar um sistema de
informação para negócios, questões essas que fazem parte do contexto político e
econômico da sociedade atual.
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O volume de informações que precisa ser gerenciado por uma
organização atualmente cresce em ritmo acelerado. A inovação e a capacidade de
resposta que uma empresa possui frente aos desafios que se colocam, dependem
fundamentalmente, de informação e conhecimento. Esses elementos configuraram-se como fundamentais, tanto no
desenvolvimento quanto no aprimoramento de produtos e processos, como na tomada
de decisão, seja em organizações públicas ou privadas.
Sendo assim, a configuração de uma
política de informação é o primeiro passo na garantia de uma gestão da
informação realmente eficaz. É a política instaurada ou negociada que irá
permitir que as fontes de informação necessárias sejam mapeadas e
disponibilizadas para os atores ativos dos processos. Uma política de
informação monárquica, por exemplo, em setores onde os funcionários precisam
trocar conhecimentos e informações, dificultaria o processo, não permitiria o
aproveitamento do potencial da informação que circula na organização. Sendo
assim, essa política, nesse ambiente, seria prejudicial ao processo de gestão da
informação. Entretanto, esse mesmo fato pode não ocorrer em outros setores,
apesar de, como acredita a maioria dos profissionais da informação, é sempre
prejudicial não disponibilizar informação a quem dela necessita.
A relação entre organizações e a
informação é marcada por aspectos políticos e econômicos. A importância da
informação produzida e disponibilizada em uma organização é muito grande, daí a
preocupação no gerenciamento dos sistemas de informação e a crescente discussão
sobre gestão da informação. Nesse processo, algumas vezes os aspectos culturais,
políticos e econômicos, que podem ser implícitos ou explícitos através de
políticas de informação, não são levados
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Afrânio Carvalho. Informação e
atividades de desenvolvimento científico, tecnológico e industrial: tipologia
proposta com base em análise funcional. Ciência da Informação, Brasília, v.20, n.1, p.7-15, jan./jun.
1991.
BORGES, Mônica E. N.; CARVALHO, G.M. Natália. Produtos e serviços
de informação para negócios no Brasil: características. Ciência da Informação, Brasília,
v.27, n.1, p.76-81, jan./abr.1998.
_____; CAMPELLO, Bernadete Santos. A organização
da informação para negócios no Brasil. Perspectivas em Ciência da informação,
Belo Horizonte, v.2, n.2, p.149-161, jul./dez. 1997. Disponível em: < http://www.eci.ufmg.br/pcionline/viewarticle.php?id=125&layout=abstract
>. Acesso em: 28 ago. 2006.
CAVALCANTI, M.; GOMES, E.;
PEREIRA, André. Gestão de empresas na sociedade do conhecimento: um
roteiro para a ação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
_____. Ecologia da Informação: por que só
a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura,
1998.
DUARTE, Luiz Otávio Borges. Informação para
negócios na internet: estudo das necessidades informacionais da indústria
moveleira de Minas Gerais. Perspect. Ciênc. Inf., Belo Horizonte, v.5, n.1, p.23-40,
jan./jun. 2000.
DRUCKER,
Peter. Sociedade
pós-capitalista. São Paulo: Pioneira,
1999.
JANNUZZI, Celeste Aída Sirotheau Corrêa. Informação
tecnológica e para negócios no Brasil. Campinas: Alínea, 2002. 134p.
_____; MONTALLI, Kátia Maria Lemos. Informação tecnológica e para negócios no
Brasil: introdução a uma discussão conceitual. Ciência da Informação, Brasília,
v.28, n.1, jan./abr. 1999.
MONTALLI, K. M. L. Informação para negócios no Brasil:
reflexões. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE INFORMAÇÃO PARA INDÚSTRIA E
COMÉRCIO EXTERIOR, 1.,1993, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte :
UFMG/EB, 1994. p.165-173.
OLIVEIRA, M.; BERTUCCI, M. da G. E. de S. A
pequena e média empresa e a gestão da informação. Informação e
Sociedade, Paraíba, v.13, n.2, jul./dez. 2003. Disponível em: <
http://www.informacaoesociedade.ufpb.br/issuev13n203.htm>. Acesso em: 28
nov. 2005.
REZENDE, Yara. Informação para negócios: os
novos agentes do conhecimento e a gestão do capital intelectual. Ciência da Informação, Brasília,
v.31, n.1, p.75-83, jan./ abr. 2002.
VALENTIM, Marta Lígia Pomim. O custo da informação tecnológica.
São Paulo: Polis, 1997.
______
INFORMATION MANAGEMENT AND INFORMATION POLITICS
Abstract: In the setting of global
changes, the knowledge and the information are differential competitive already
broadly recognized by the organizations.
Aspects that involve the information systems management for business are
broadly discussed in the literature. In
this article intends to approach preliminaryly the concept of information for
business, management of information and political information. Seeking reflect about the relation between
the need of qualify the trial of management of the information and to influence
of the information politics. The
objective is the insertion of an argument as to the influence of the
information politics in the information management. It seeks the business context be
characterized, and the paper of the information, providing a reflection about
the mediation of the information professional in that context.
Keywords: Business Information; Information Spring; Information
Management; Information Politics.
______
Gabriela Belmont
de Farias
Mestranda do Programa de
Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa
Catarina. Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Bolsista da CAPES.
E-mail: gabriela_belmont@yahoo.com.br
Luciane Paula Vital
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação e Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal
de Santa Catarina. Especialista em Gestão de Bibliotecas. Bolsista da CAPES.
E-mail: lucianepv@ced.ufsc.br
Artigo recebido em: 29/08/2006
Aceito para publicação em:
15/12/2006