Julia Miranda Bressane
Maria Lourdes Blatt Ohira
Resumo:Estudo do periódico Revista ACB:
Biblioteconomia
Palavras-chave: Produção científica; Periódicos; Avaliação
de periódicos.
1 INTRODUÇÃO
A proliferação de títulos de periódicos
nas diversas áreas do conhecimento tem sido alvo de preocupações dos
profissionais que se interessam pela qualidade da informação científica, sejam
eles autores, editores, publicadores, revisores, prestadores de serviços de
indexação, profissionais de centros de documentação de ou bibliotecas. Em
virtude do aumento do número de periódicos nos últimos anos, a avaliação dos
mesmos tornou-se um instrumento bastante utilizado pelas agências de fomento
para a definição de apoio às revistas. Isto porque os estudos sobre avaliação
de periódicos científicos têm reforçado a idéia de que as características
formais desses veículos de comunicação são indicativas de sua qualidade e podem
interferir no padrão de qualidade do seu conteúdo e na sua aceitação no
processo de seleção de títulos a serem incluídos em bases de dados,
principalmente se apresentarem características aclamadas internacionalmente.
O estudo de avaliação do periódico Revista
ACB: Biblioteconomia
Em estudo preliminar realizado com o
periódico Revista ACB: Biblioteconomia
a) Conhecer
os autores de artigos das revistas analisadas, sua produtividade, titulação e
instituição a qual pertencem;
b) Conhecer
o número de autores por artigo e co-autores que colaboraram na redação dos
artigos, considerando-se a autoria única e a autoria múltipla;
c) Verificar
o número de referências utilizadas nas citações bibliográficas e a média de
citações/ referências bibliográficas por artigo;
d) Identificar
os tipos de documentos utilizados para a redação dos artigos e respectivos
idiomas;
e) Levantar
os títulos de periódicos mais citados pelos autores dos artigos;
f) Identificar
os autores mais citados pelos autores dos artigos.
Para o desenvolvimento
desta pesquisa foram analisados os fascículos da Revista ACB: Biblioteconomia
Os dados levantados estão agrupados nas
seguintes categorias, que foram objeto de avaliação:
1 Número de Artigos: quantidade de artigos publicados no
período de
2 Análise de Autoria: são analisadas as seguintes
características:
- Nível de colaboração: número de autores
que colaboraram na redação dos artigos, considerando-se a autoria múltipla ou
única;
- Produtividade dos autores;
- Titulação dos autores e instituição de
origem dos mesmos.
3 Análise de Citações/ Referências
Bibliográficas: todas as
referências citadas e disponíveis ao final de cada artigo são analisadas em
relação aos seguintes dados:
- Número de referências por artigo, as quais
foram agrupadas em: sem referência; até 5 referências; de
- Tipos de documentos citados, agrupados nas
seguintes categorias: Livros, Artigos de Periódicos, Comunicações em Eventos,
Teses, Dissertações e Monografias, Material capturado na Internet e “Outros”
tipos de documentos;
- Idiomas dos documentos referenciados,
considerando-se os idiomas: Português, Inglês, Espanhol e Outros;
- Autores mais citados;
- Revistas: estabelecer quais títulos foram
os de maior impacto na comunidade científica, isto é, os mais utilizados no
embasamento teórico dos artigos publicados.
2 AVALIAÇÃO DE PERIÓDICOS
A partir da década de 1960 encontram-se na
literatura estudos sobre avaliações de periódicos técnico-científicos que
apontam para a necessidade de se definir parâmetros mensuráveis, que possam
refletir a qualidade da informação registrada. Estes parâmetros, contudo, não
são iguais para todo tipo de publicação.
Em âmbito internacional, a contribuição
dos periódicos estrangeiros para a área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação foi comprovada por Souza (1978), que analisou o comportamento de
quatro títulos de periódicos da área, publicados nos anos de 1956, 1966 e 1976,
revelando uma tendência ao aumento do conteúdo de informação nos artigos da
área analisada. Cunha (1985) realizou pesquisa visando conhecer os principais
periódicos da área publicados nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental
entre 1978 e 1980.
Entre os estudos mais recentes de
avaliação de periódicos estrangeiros, destaca-se o de Frias e Gómez (1998),
realizado com o objetivo de conhecer a produtividade dos autores de artigos
publicados em revistas espanholas de Biblioteconomia e Documentação entre 1992
e
Os periódicos latino-americanos de
Biblioteconomia e Ciência da Informação foram os objetos de estudos de
Urbizagástegui Alvarado (2004), cujo objetivo foi analisar estas revistas em
relação aos países onde foram publicadas, seu ano de início, idade
alcançada até 2001, as entidades
responsáveis por sua publicação, a
freqüência de publicação, a sua
indexação
por bases de dados internacionais e a tendência das mesmas em
veicular em meio
eletrônico.
Por fim, Santillán-Rivero e
Valles-Valenzuela (2005) realizaram em seu estudo uma análise bibliométrica dos
artigos publicados no periódico espanhol Anales
de Documentación entre os anos de 1998 e 2003, visando conhecer o
comportamento da revista ao longo de seus seis anos de existência, através do
estudo das variáveis relativas à autoria dos artigos e temáticas e metodologias
envolvidas na produção dos mesmos.
No cenário brasileiro, a avaliação de
revistas científicas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação também
data dos anos 70. Nesta época, Dumont et al (1979) efetuaram uma análise dos
artigos publicados na Revista da Escola da UFMG, Revista de Biblioteconomia de
Brasília e Revista Ciência da Informação, com o objetivo de conhecer as
tendências gerais da literatura, temáticas envolvidas, autores mais produtivos,
suas respectivas atividades e o número de artigos estrangeiros/ traduzidos
publicados nas referidas revistas.
Na década de 1980, Foresti (1986) analisou a Revista Ciência da
Informação, visando identificar as principais características dos fascículos
publicados entre 1980 e 1985; dentre estas, a
apresentação formal responsável por características físicas do periódico
(legibilidade e aspecto de publicação), aspectos de normalização, aspectos de conteúdo (regularidade das seções
que a compõem, número e média de artigos por fascículo, número de autores, tipo
de autoria, produtividade, afiliação dos autores e principais temas enfocados).
No início dos anos 1990, outro trabalho de
Foresti (1990) verificou, através de análise de citações, o uso de quatro
periódicos brasileiros no período de
Ohira et al (2000b) fizeram
uma análise dos periódicos brasileiros especializados na
área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação adotando como variáveis de
estudo, a responsabilidade editorial, o ano de criação e
a periodicidade, a
distribuição geográfica (produção e
editoração), a indexação em bases de dados,
a existência do número de ISSN e a disponibilidade dos
mesmos nas versões
impressa e eletrônica.
Em outro estudo, Ohira et al (2000a)
avaliaram qual a contribuição do periódico Revista ACB: Biblioteconomia
Autran e Albuquerque (2002) mapearam a
literatura publicada no periódico Informação & Sociedade: Estudos, visando
traçar um panorama do mesmo através da análise dos 10 volumes publicados entre
1991 e 2000. As variáveis consideradas foram os suportes mais utilizados, a
distribuição das citações e o idioma de publicação das mesmas, a procedência
dos autores, as seções com maior número de publicações, os periódicos e os
autores mais citados e as temáticas mais freqüentes nos artigos.
O enfoque aos autores e tipos de autoria
também é discutido no estudo de Bohn (2003). Foram analisados quatro periódicos
da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação: Revista Encontros Bibli,
Revista Ciência da Informação On-Line,
DataGramaZero e Informação e Sociedade: Estudos, e consideradas várias
características dos autores, como titulação, função desempenhada, autoria
individual e em parceria, língua de publicação dos textos, contribuição dos
autores por gênero e nacionalidade e autocitação de suas publicações. Em
relação ao suporte bibliográfico utilizado pelos autores, foram identificados
os tipos de fontes utilizadas, os idiomas e as datas de publicação das referências.
Mais recentemente, Silva, Pinheiro e
Menezes (2005), realizaram um estudo da revista Encontros Bibli: Revista
Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, analisando suas
características extrínsecas (presença de um conselho editorial, periodicidade e
número de artigos por fascículo) e intrínsecas (tipo de autoria, vinculação
institucional dos autores, sua produtividade, temáticas abordadas e a presença
de citações nos artigos), buscando constatar o papel que a revista vem
desempenhando na construção do campo científico em Biblioteconomia e Ciência da
Informação no país.
3 ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE BIBLIOTECÁRIOS E A REVISTA ACB
No Brasil, os primeiros cursos de
Biblioteconomia surgiram no século XX, mais precisamente na década de 1930, sob
a influência das escolas americanas. Desta época até os anos 60/70, novos
cursos foram sendo criados, assim como foram surgindo os primeiros eventos que
buscavam discutir aspectos teóricos e técnicos entre os pares. Em
A Associação Catarinense de Bibliotecários
(ACB) foi fundada em 15 de agosto de 1975, pelos primeiros bibliotecários
atuantes no estado de Santa Catarina, sob o nome de Associação Profissional dos
Bibliotecários Catarinenses. No mesmo ano mudou de nome, passando a se chamar
Associação dos Bibliotecários de Santa Catarina. Em 1978 passou por uma nova
mudança de nome até chegar à denominação atual, estabelecida em 1981. Trata-se
de uma sociedade civil, de natureza cultural e social, sem fins lucrativos, de
duração ilimitada, regendo-se pelas disposições legais que lhe forem
aplicáveis.
Em 1996, por ocasião do XIV Painel
Biblioteconomia
No primeiro número, em 1996, foram
publicadas as colaborações que foram comunicadas no XIV Painel Biblioteconomia
Em agosto de 2005, quando da realização do
XXIV Painel Biblioteconomia
4 RESULTADOS
No
período compreendido entre os anos 2000 e 2004 foram publicados quatro
fascículos da Revista ACB: Biblioteconomia
Neste
período foram publicados 53 artigos, sendo que em 2000 foram publicados 11
artigos; em 2001, 8 artigos; em 2002, 17 artigos; em 2003, 8 artigos e em 2004
foram publicados 9 artigos. Este resultado representa uma média de 10,6 artigos
por fascículo que, em face da média de 9,5 artigos por fascículo do estudo
anterior, realizado com os fascículos publicados entre 1996 e 1999, revelou um
aumento pouco significativo, inferindo-se que a revista vem mantendo, ao longo
dos seus nove anos de existência, uma certa constância na quantidade de artigos
publicados.
4.1 AUTORIA DOS ARTIGOS
4.1.1 Número de autores por
artigo e tipo de autoria
Na produção dos 53 artigos publicados no
período analisado, constata-se o envolvimento de 113 autores, sendo que alguns
autores tiveram participação em um ou mais artigos. (Gráfico 1)
Gráfico 1: Número de autores por artigo
Dentre os autores, 16 publicaram seus
artigos individualmente, representando 30,19% do total de autores; 22 artigos
(41,51%) foram escritos por 2 autores; 10 artigos contaram com a participação
de 3 autores, representando 18,86% do total e os artigos produzidos por mais de
4 autores somam 9,44% do total dos trabalhos, resultando numa média de 2,13
autores por artigo.
A partir desta análise, constatou-se a
predominância da autoria múltipla, somando 69,81% do total de artigos
publicados, sendo que o maior número de artigos foi produzido por dois autores,
fenômeno observado também no estudo realizado por Frias e Gómez (1998) e por
Freitas (1997), o que confirma a idéia de Harsanyi (1993, p.340 apud FRÍAS;
GÓMEZ, 1998), de que
la investigación en colaboración está
aumentando en todas las disciplinas, afectando a cuestiones como la
financiación, la productividad (en estrecha relación con la promoción
profesional), la comunicación formal e informal e incluso el proprio concepto
de autoría.
Apesar do reduzido número de autores
individuais, alguns estudos apontam para o predomínio destes na elaboração de
artigos científicos em periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação. Na análise de Bohn (2003), a presença da autoria individual é de
58,15%. A pesquisa de Pecegueiro (2002) sobre
a temática dos artigos de periódicos da área na década de 90 também aponta para
o predomínio da autoria única, com 73,52%. Santillan-Rivero e Valles-Valenzuela
(2005) encontraram 71,4% de
trabalhos publicados por um único autor na análise do periódico Anales de
Documentación. Além destes, o estudo
de Ohira et al (2000a), realizado entre 1996 e 1999 também aponta a incidência
de autoria única (44,74%) em detrimento da co-autoria.
Tais resultados têm explicação na
afirmação de Sanz Casado (1994, apud DIMITRI, 2003, p.106), de que “la
bibliotecología pertenece al domínio de las Humanidades que se caracteriza por
tener autores que tienden a escribir prioritariamente solos, debido a la
particular conformación de estas disciplinas que contienen puntos de vista
alternativos.”
4.1.2 Produtividade dos
autores
Verificou-se que os autores que
mais contribuíram com a Revista ACB são, em sua maioria, professores/ docentes
de instituições de ensino superior, especialmente de universidades catarinenses
e gaúchas. Entre estes, destacou-se a grande quantidade de artigos produzidos
em parceria, as quais acontecem geralmente entre autores da mesma instituição,
entre os que possuem a mesma linha de pesquisa e entre professores e alunos.
(Quadro 1)
Autores |
Tipo de Autoria |
Total de artigos publicados |
Blattmann,
Úrsula |
7 Múltipla |
7 |
Caldin, Clarice
F. |
2 Múltipla 3 Única |
5 |
Rados, Gregório
J. V. |
5 Múltipla |
5 |
Silva, Chirley
C. M. da |
4 Múltipla |
4 |
Fragoso, Graça
Maria |
1 Múltipla 2 Única |
3 |
Ohira, Maria
Lourdes B. |
3 Múltipla |
3 |
Borges, Ilma |
2 Múltipla |
2 |
Bernardes, Lúcia
de L. R. |
2 Múltipla |
2 |
Corrêa, Elisa C.
D. |
1 Múltipla 1 Única |
2 |
Fachin, Gleisy |
2 Múltipla |
2 |
Hillesheim,
Araci Isaltina |
2 Múltipla |
2 |
Morigi, Valdir
José |
2 Múltipla |
2 |
Pinto, Marli
Dias de Souza |
2 Múltipla |
2 |
Steindel, Gisela
E. |
1 Múltipla 1 Única |
2 |
Quadro 1: Autores mais
produtivos
4.1.3 Titulação dos autores
A análise dos
fascículos estudados revelou a predominância de artigos cujos autores possuem
qualificações em níveis maiores, dentre os quais 36,28% são mestres e/ou
mestrandos e 26,55% doutores e/ou doutorandos (Gráfico 2).
Gráfico 2: Titulação dos autores
Nos fascículos da Revista ACB publicados
entre 1996 e
Um fenômeno que
merece destaque é a existência de 15,93% de artigos produzidos por acadêmicos
dos cursos de graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação – geralmente
em co-autoria com professores – revelando uma prática até agora pouco difundida
entre os periódicos em geral, que não têm o costume de publicar artigos
elaborados por discentes. A produtividade destes apareceu também nos estudos de
Ohira et al (2000a), cujo índice de autores acadêmicos foi de 24,61%; no estudo
de Dimitri (2003), com um índice de 64,05%; no de Silva, Pinheiro e Menezes (2005), dos quais 18 (29,50%) dos 61
autores eram estudantes, e no estudo de Autran e Albuquerque (2002), os quais
totalizaram 30,5%. É importante ressaltar que os estudos citados referem-se a
títulos específicos de periódicos, os quais, com exceção de dois, são editados
por instituições de ensino superior, atuando, portanto, como veículos de
disseminação da produção científica dos estudantes das mesmas.
4.1.4 Instituição de origem
dos autores
O âmbito universitário – local de ensino e
origem das principais pesquisas científicas na área de Biblioteconomia e
Ciência da Informação – predominou sobre as demais instituições de pesquisa
(associações, fundações, institutos, órgãos governamentais, dentre outros), com
destaque para as universidades dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. (Gráfico 3)
Gráfico 3: Instituição de origem dos
autores
A Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) destaca-se como a instituição que congrega o maior número de autores dos
artigos publicados na revista (44,25%), seguida de autores provenientes da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), representando 18,59% dos
trabalhos.
Importante destacar a crescente atuação de
autores de outras universidades catarinenses, como a Universidade do Vale do
Itajaí (UNIVALI) (4,42%) e a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
(3,54%), e do Brasil (somando estas, 17,70% do total). A análise comparativa
dos dados com o estudo anterior, permite-nos constatar que houve uma queda na
produtividade de autores oriundos da UDESC, que era de 29,23% no período de
Não foi possível comparar a produtividade
da UNIVALI, UNISUL e outras universidades, uma vez que, no estudo anterior, as
mesmas foram agrupadas na categoria “Outras Instituições”.
4.2 ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS
4.2.1 Número de referências por artigo
A análise do número de referências
utilizadas pelos autores na produção dos artigos, segundo Dimitri (2003,
p.110),
es uno de los puntos cruciales en materia de investigación científica,
en cuanto a que uno de los critérios que abonan dicha peculiaridad a un trabajo
publicado, es el de las referencias. Se parte de la base de que la investigación actual se respalda
siempre em trabajos anteriores y que los autores de noveles documentos deben
trasuntar este parentesco semântico mencionando las fuentes em que se
inspiraron.
Nos 53 artigos analisados foram
encontradas 631 referências, o que equivale a uma média de 11,90 referências
por artigo (Gráfico 4).
Gráfico 4: Total de referências por artigo
A
média de 11,90 referências para cada artigo, reflete um aumento sobre a média
obtida nos primeiros anos da revista, que foi de 10,97 referências por artigo.
A análise dos dados comprovou que 60,37% dos artigos continham entre 6 e 15
referências, representando um aumento significativo sobre os 50% alcançados na
mesma quantidade de referências dos fascículos publicados entre 1996 e 1999.
Esta média se assemelha à obtida por Dimitri (2003) e Frias e Gomez (1998),
que totalizaram 11,62 e 14,1 referências por artigo, respectivamente. Na
pesquisa de Silva, Pinheiro e Menezes (2005) foi encontrada uma média de 14,30
citações para cada artigo publicado no periódico Encontros Bibli, e a análise
de Freitas (1997) revelou a média de
18 citações por artigo. Observa-se que os estudos realizados com periódicos da
área de Biblioteconomia e Ciência da Informação apresentam uma média de 15
citações, considerada padrão para as publicações da área.
4.2.2 Tipologia dos
documentos citados
No presente estudo foram
agrupados os tipos documentais mais utilizados pelos autores dos artigos em
suas pesquisas, de acordo com as seguintes categorias: livros, artigos de
periódicos, documentos capturados da internet, comunicações em eventos, teses,
dissertações, monografias e outros tipos documentais (Gráfico 5).
Gráfico 5: Documentos citados
Verificou-se que os livros estão em
primeiro lugar na preferência dos autores de artigos como fontes de pesquisa,
perfazendo 46,75% dos documentos utilizados, seguidos de 186 artigos de
periódicos, que representam 29,48% do total de documentos citados. Esta
preferência também pôde ser observada em outros trabalhos de avaliação da
produção científica na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Bohn
(2003) encontrou um índice de utilização de livros igual a 36,98% e de artigos
de revistas igual a 31,22%. Autran e Albuquerque (2002) apresentaram um número
superior de citações a livros (46%), seguidos das citações a periódicos, com
29%. Dimitri (2003) destaca os
livros (70,43%) e revistas (23,48%) como os documentos mais utilizados na
elaboração dos artigos estudados.
Por outro lado, Freitas (1997), constata uma realidade diferente a
partir dos resultados de seu estudo. Neste, os dados apontam para uma
freqüência de uso de 43,07% para artigos de revistas e 31,41% de utilização de
livros. Ao mesmo resultado chegaram Ohira et al (1997), perfazendo um total de
137 citações a artigos de revistas e 71 referentes a livros. Em outro trabalho
da autora, realizado em 2000, com os volumes
cuando
el conocimiento necesita hacerse más perfecto a causa de los nuevos
descubrimientos y exige una divulgación más inmediata y amplia […] la revista
[...] mantiene un papel destacado si se trata de registrar el conocimiento en
disciplinas pertenecientes a la esfera de las humanidades.
O terceiro tipo documental mais citado
pelos autores da Revista ACB foram os materiais capturados da internet, somando
9,19%. Foram desconsiderados desta categoria os artigos de periódicos em meio
eletrônico, os quais foram agrupados na categoria “artigos de periódicos”. Os
documentos resultantes de eventos (7,61%), as teses (0,63%) e dissertações
(3,01%), também chamados de “literatura cinzenta”, se mostraram pouco
utilizados, a exemplo de outros resultados de estudos realizados na área, como
o de Ohira et al (2000a), Freitas (1997) e Autran e Albuquerque (2002). Na
categoria “Outros” (3,01%) foram considerados dicionários, enciclopédias,
reprografias, slides, manuscritos e demais documentos cuja identificação não
foi possível.
4.2.3 Idioma dos Documentos
Citados
A análise dos resultados verificou que a
língua portuguesa foi o idioma predominante em 89,40% das referências,
equiparando-se à porcentagem obtida (89,45%) com a avaliação dos dados dos
primeiros anos da Revista ACB. O inglês foi a segunda língua presente nas
referências, com 6,65%, seguido do espanhol, presente em 19 referências (3% do
total). As publicações citadas em outros idiomas somaram 0,95%, número ainda
mais baixo que o da pesquisa anterior, quando estas somavam 1,45% do total das
referências.
Em outros estudos brasileiros prevaleceu o
português como o idioma mais utilizado nas citações, destacando-se o estudo de
Silva, Pinheiro e Menezes (2005) e o de Autran e Albuquerque (2002), nos quais
o português representou 77,5% e 74% do total de referências, respectivamente.
Os
demais estudos analisados não correspondem à realidade brasileira por se
tratarem de estudos realizados em países onde prevalece o espanhol como idioma
principal. Nestes, Santillan-Rivero e Valles-Valenzuela (2005), apresentam 96%
das publicações citadas em espanhol e 4% das mesmas
Os dados confirmam a idéia de que o idioma
predominante de cada publicação é geralmente o idioma do país onde foi
originalmente publicada. Este fato pode dificultar ou até impedir a indexação
de periódicos em bases de dados internacionais. Urbizagástequi Alvarado (2004)
entende que o lento, ou mesmo inexistente, processo de indexação de revistas
cujo idioma não seja o inglês, considerado a língua científica de diversas
áreas do conhecimento, incluindo a Biblioteconomia e a Ciência da Informação, é
fortemente revestido de um etnocentrismo – consciente ou inconsciente – dos
editores de tais bases de dados. Compartilham de opinião semelhante Noroña e
Población (2002, p.26), quando afirmam que
además
de los problemas relacionados con la edición, la producción de artículos en
idiomas poco accessibles para las comunidades científicas internacionales sufre
las consecuencias de la barrera lingüística que impide una divulgación más
amplia de la producción.
4.2.4 Periódicos mais
citados
Os resultados obtidos permitem a
identificação de oito revistas da área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação dentre as mais citadas (Quadro 2).
Título
do Periódico
|
Quantidade
|
% |
Ciência da Informação |
39 |
20,97 |
Rev. Bibliot. de
Brasília |
16 |
8,60 |
Rev. Esc. Bibliot. UFMG/ Persp. em Ci. Inf. |
10 |
5,40 |
Revista ACB |
9 |
4,84 |
Jornal Folha de São Paulo |
6 |
3,22 |
Transinformação |
6 |
3,22 |
Cadernos BAD |
5 |
2,69 |
Benjamin Constant |
4 |
2,15 |
Cadernos CED |
4 |
2,15 |
Diário Oficial da União |
4 |
2,15 |
Encontros Bibli |
4 |
2,15 |
Rev. Bras. Bibliot. Documen. |
4 |
2,15 |
Rev.Informação & Sociedade |
4 |
2,15 |
Outros periódicos nacionais |
52 |
27,95 |
Periódicos Estrangeiros |
19 |
10,21 |
Total |
186 |
100,00 |
Quadro 2: Periódicos mais citados
A revista Ciência da Informação foi a mais
citada pelos autores de artigos, com 20,97% das citações, seguida da Revista de
Biblioteconomia de Brasília, com 8,60%, da Revista da Escola de Biblioteconomia
da UFMG, com 5,40% e da Revista ACB: Biblioteconomia
Nos
estudos analisados que versavam sobre o impacto dos periódicos na produção
científica dos autores, a revista Ciência da Informação foi a que recebeu o
maior número de citações (OHIRA ET AL, 2000a; BOHN, 2003; SILVA; PINHEIRO;
MENEZES, 2005; AUTRAN; ALBUQUERQUE, 2002; NOROÑA; POBLACIÓN, 2002). Este
fenômeno decorre do fato de que esta publicação, nascida nos anos 70, é a única
que vem se mantendo constante e ininterrupta ao longo dos seus 30 anos de
existência, consolidando-se, desta forma, no grupo dos títulos de maior
tradição e penetração no mercado internacional de Biblioteconomia e Ciência da
Informação.
O
segundo título mais citado, a Revista de Biblioteconomia de Brasília, também
figura entre os títulos mais citados nos estudos de Silva, Pinheiro e Menezes
(2005), Autran e Albuquerque (2002), Noroña e Población (2002) e Ohira et al
(2000b). O terceiro título mais utilizado pelos autores dos artigos, a Revista
da Escola da UFMG, é contemporâneo à Revista Ciência da Informação, porém parou
de ser editada em 1995. No lugar desta, surgiu o periódico Perspectivas em
Ciência da Informação, editada pela mesma escola. O número de citações
alcançado no estudo corresponde aos títulos original e atual da revista,
entretanto com o título Perspectivas em Ciência da Informação esta revista só
recebeu uma citação.
A
Revista ACB, quarto título mais citado, é uma publicação jovem e foi criada, a
princípio, como veículo de disseminação da produção científica de autores
catarinenses, especialmente oriundos do meio acadêmico. Contudo,
está na lista das quais Urbizagástequi Alvarado (2004, p.14), considera como
“las que tendrán mayores posibilidades de ser percibidas como las de mayor
‘prestigio’, simplemente por que son generadas por quienes están inmersos en la
esfera de la reproducción del capital cultural acumulado en el campo”.
Outros
títulos de periódicos nacionais somam 26,34% (49 títulos) nos últimos 4
fascículos estudados e 23,40% (33 títulos) nos 4 primeiros fascículos da
Revista ACB. A utilização de periódicos estrangeiros caiu a partir do ano 2000,
sendo que de um total de 28 títulos referenciados entre 1996 e 1999, pouco mais
da metade (19 títulos) foi efetivamente citada entre 2000 e 2004.
4.2.5 Autores mais citados
Os autores que mais influenciaram o
desenvolvimento das temáticas tratadas nos artigos publicados na Revista ACB
entre 2000 e 2004 são, em sua grande maioria, professores universitários
ligados à rede pública de ensino e pesquisa do país (Quadro 3).
Autor |
Número
de citações
|
OHIRA, Maria Lourdes Blatt |
9 |
CALDIN, Clarice Fortkamp |
7 |
FRAGOSO, Graça Maria |
7 |
ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco |
6 |
CUNHA, Murilo Bastos da |
6 |
FIGUEIREDO, Nice Menezes de |
6 |
BLATTMANN, Ursula |
5 |
FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto |
5 |
SOUZA, Francisco das Chagas |
5 |
TARAPANOFF, Kira |
5 |
COELHO, Nely Novaes |
4 |
LANCASTER, F. |
4 |
Este resultado confirma a afirmação de
Silva, Pinheiro e Menezes (2005, p.49), de que
no Brasil já há consenso que as
instituições públicas são as que mais desenvolvem pesquisa e, conseqüentemente,
são responsáveis por grande parte da produção científica veiculada nas revistas
de todas as áreas do conhecimento.
Dos 12 autores que obtiveram o maior
número de citações, cinco aparecem no estudo de Freitas (1997), quatro no de Autran e Albuquerque (2002), e um no
estudo de Silva, Pinheiro e Menezes (2005), como os que mais contribuíram para
a produção científica da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os
dois trabalhos mais citados pelos autores dos artigos foram assinados por
Clarice Fortkamp Caldin (“A poética da
voz e da letra na literatura infantil: leitura de alguns projetos de contar e
ler para crianças”) e Oswaldo Francisco de Almeida Junior (“Bibliotecas públicas e bibliotecas
alternativas”), ambos com três citações. Os demais trabalhos não somaram
mais do que duas citações cada um.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dada a importância dos periódicos
científicos para a divulgação do conhecimento registrado, sua avaliação
tornou-se requisito fundamental para a aceitação e reconhecimento dos mesmos no
meio científico em que estão inseridos. A Revista ACB, como uma das
representantes destes canais de divulgação, foi objeto do presente estudo, o
qual permitiu chegar a algumas conclusões a respeito do comportamento deste
periódico nos últimos 5 anos.
No período estudado, o número de artigos
publicados aumentou, passando de 38 entre 1996 e 1999 para 53 artigos
publicados no período entre 2000 e 2004. Isto representou uma média de 10,6
artigos por fascículo, resultado condizente com o observado em outros estudos
que avaliaram a média de artigos publicados em outros periódicos da área de
Ciência da Informação.
Participaram da elaboração dos artigos 113
autores, perfazendo uma média de 2,13 autores por artigo. Observou-se o
predomínio da autoria múltipla, com 69,81% de autores escrevendo em conjunto e
30,19% individualmente. Este resultado pode ser considerado uma exceção à
tendência da produção científica da área em periódicos, em que predominam
trabalhos escritos por um único autor, entretanto é condizente com a idéia de
alguns autores de que há uma tendência a diminuir o número de trabalhos
individuais, aumentando a quantidade de trabalhos publicados em parceria.
Os autores mais produtivos são aqueles
vinculados às universidades e os que possuem as maiores titulações (doutores e
mestres). As instituições de ensino superior com maior participação na Revista
ACB foram as duas universidades públicas catarinenses, a UFSC e a UDESC. No
período analisado, contudo, outras universidades catarinenses e brasileiras
também foram representadas significativamente, o que respalda a idéia de que a
Revista ACB está expandindo seus horizontes no sentido de não mais refletir
apenas a produção de autores locais, mas também a de autores de outras partes
do país, de forma a consolidar a revista como veículo de disseminação reconhecido
da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Foram identificadas 631 referências
distribuídas nos 53 artigos publicados, revelando uma média de 11,90 citações
por artigo, resultado superior à média de 10,97 alcançada no período anterior.
Tal resultado demonstra uma maior preocupação dos autores de artigos com a
qualidade científica dos mesmos, utilizando-se do maior número possível de
documentos para fundamentar seus pontos de vista. O número médio de citações
ficou entre 6 e 15 referências por artigo, consideradas dentro da média, se
comparada a outros estudos da área. O idioma predominante das referências
citadas foi o português, perfazendo 89,40%.
As fontes mais utilizadas pelos autores
dos artigos são os livros, com 46,75% e os artigos de periódicos, com 29,48%
das referências. A utilização destes últimos ocorre em função de seu caráter
mais imediato na transmissão dos resultados de estudos e/ou pesquisas. A
divulgação de conhecimentos por meio das revistas científicas tornou-se ainda
mais rápida com o surgimento, nos últimos anos, do periódico eletrônico.
Depreende-se, deste fato que, através das tecnologias eletrônicas de redes de
computadores, tanto o acesso facilitado como a geração de novos títulos de
periódicos e/ou a transformação dos já existentes em formato impresso para o
formato digital, poderão iniciar uma inversão de papéis com relação à maior
utilização dos periódicos em detrimento dos livros na elaboração de trabalhos
científicos.
Os documentos eletrônicos, comparando-se
os resultados alcançados entre 1996 e 1999, tiveram um aumento considerável
enquanto fontes de informações. Estes resultados permitem relacionar a
gradativa evolução da rede mundial de computadores com a efetiva utilização da
mesma pelos autores como uma “biblioteca virtual” de informações nas mais
diversas áreas do conhecimento. Os anais de eventos, as dissertações e as
teses, foram os documentos com menor índice de utilização, em função,
acredita-se, de sua baixa tiragem e circulação restrita.
Dentre
os autores mais citados, verificou-se um grande número de professores
universitários, confirmando o espaço das universidades como o principal local
de pesquisas e produção de conhecimento científico. Os autores mais citados
foram Maria Lourdes Blatt Ohira (9 citações), Clarice Fortakmp Caldin (7
citações), Graça Maria Fragoso (7 citações), Oswaldo Francisco de Almeida Jr.
(6 citações) e Murilo Bastos da Cunha (6 citações). O maior índice de citações
entre os autores estrangeiros foi representado por Friedrich Lancaster, com 4
citações.
Dentre
as revistas mais utilizadas pelos autores, 8 são da área de Biblioteconomia e
Ciência da Informação, sendo a de maior impacto a revista Ciência da Informação
(20,97%), seguida da Revista de Biblioteconomia de Brasília, da Revista da
Escola da UFMG/ Perspectivas em Ciência da Informação e da Revista ACB:
Biblioteconomia
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__________
EVOLUTION AND AVALIATION OF REVISTA ACB: BIBLIOTECONOMIA
Abstract: Evaluates Revista ACB: Biblioteconomia
Keywords: Scientific production; Scientific
journals; Journal´s avaliation.
___________
Julia Miranda Bressane
Acadêmica do Curso de Biblioteconomia da
Universidade do Estado de
Santa Catarina. Florianópolis, Santa
Catarina – Brasil.
E-mail: juliamb@sodisa.com.br
Maria
Professora do Curso de Biblioteconomia da
Universidade do Estado de
Santa Catarina. Florianópolis, Santa
Catarina – Brasil.
Mestre em Biblioteconomia e Ciência da
Informação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP.
E-mail: f2mlbh@udesc.br
Artigo
recebido em: 29/09/2006
Aceito para publicação em: 15/12/2006