Local de importância vital no processo ensino-aprendizagem, a biblioteca escolar, além de disponibilizar as informações contidas nas fontes de pesquisa (jornais, revistas, enciclopédias, almanaques, dicionários, índices e outros), deve oportunizar aos educandos contato com o acervo, fazendo-os capazes de conhecer suas peculiaridades (apresentação, forma de acesso, abrangência), tão importantes à formação e ao hábito de estudo. Portanto, capacitar o aluno para que este passe a reconhecer e manusear as fontes de pesquisa, e conscientizá-lo sobre a importância da leitura para a compreensão e síntese das informações ali contidas, é papel da escola e da Biblioteca escolar.
Sabe-se que a realidade das
instituições de ensino no Brasil quanto aos quesitos incentivo
à leitura e à pesquisa não são tão boa
quanto se deseja. A ausência de biblioteca e bibliotecário,
nas escolas, tem contribuído para tal diagnóstico. O Governo
Federal tem avalizado esta situação, conforme mostra os Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN
O papel da escola (e principalmente do professor) é fundamental, tanto no que se refere à biblioteca escolar quanto à de classe, para a organização de critérios de seleção de material impresso de qualidade e para a orientação dos alunos, de forma a promover a leitura autônoma, a aprendizagem de procedimentos de utilização de bibliotecas (empréstimos, seleção de repertório, utilização de índices, consulta a diferentes fontes de informação, seleção de textos adequados às suas necessidades, etc.), e a constituição de atitudes de cuidado e conservação do material disponível para consulta. Além disso, a organização do espaço físico – iluminação, estantes e disposição dos livros, agrupamentos dos livros no espaço disponível, mobiliário, etc. – deve garantir que todos os alunos tenham acesso ao material disponível. (BRASIL, 1997, p. 92).
Diante das colocações,
é possível perceber, para desencanto da classe bibliotecária,
que o referido documento além de omitir a atuação
do bibliotecário no contexto escolar, cita funções
que os professores “podem” exercer na biblioteca (seleção,
empréstimo, orientação ao uso do material de pesquisa,
conservação, estudo de layout), passando aos mesmos, algumas
atribuições específicas do bibliotecário. E
pergunta-se: este (des) entendimento por parte do Governo não tem
contribuído para o permanente caos em que se encontra a biblioteca
escolar brasileira? Sem o bibliotecário, como este espaço
vem sendo explorado? E tratando-se especificamente sobre o tema pesquisa
escolar, será que os professores estão capacitados ou mostram
interesse em trabalhar o assunto? Que visão possuem de pesquisa
escolar? Será que a permanência da prática dos “trabalhos-cópia”
não serve para responder a estes questionamentos?
Perini (apud BAGNO, 1998,
p. 9), entende que educação é mais do que a simples
transmissão de conhecimento. É papel da escola e, por conseqüência,
do educador, criar situações para que o educando seja levado
a procurar conhecimento, a fim de desenvolver habilidades. Neste sentido,
entende-se que, para a realização de trabalhos escolares,
os alunos devam ser orientados a desenvolverem as habilidades de procurar,
selecionar, comparar, escolher e criticar. Quando há ausência
desses elementos os alunos deixam de fazer pesquisa, realizam apenas “trabalhos-cópia”.
A letra da música de Gabriel, o Pensador, (1995, faixa 6, grifo
nosso), traz à tona a questão:
Manhê! Tirei um dez na prova. Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me reprova. Decorei toda a lição. Não errei nenhuma questão. Não aprendi nada de bom, mas tirei dez (boa filhão!). Quase tudo que aprendi, amanhã já esqueci. Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi.
É possível
perceber que a situação descrita acima, o decorar, junto
com a cola, nas provas, é semelhante à realizações
dos trabalhos dos trabalhos escolares. Portanto, a interferência
da escola neste processo é essencial e se faz urgente, pois é
onde o hábito da pesquisa deve ser plantado, desde o ensino fundamental
e aumentando a possibilidade de estender-se além do ensino superior.
Na verdade, o que se observa é que a “cola” tem acompanhado os alunos
durante toda a sua formação, portanto, a escola tem ajudado
a perpetuá-la. Não são raros os casos de denúncia
de compra e venda de monografias para o Trabalho de Conclusão de
Curso – TCC na graduação e, inclusive, na pós-graduação.
A mídia tem abordado a questão e até mesmo apontado
a problemática da “cola” que, em função da tecnologia,
passou a ser virtual. A situação mostra-se ainda mais séria
se formos considerar que os sites fornecem, muitas vezes, informações
não muito confiáveis. Mas, como, a partir deste diagnóstico,
trabalhar o tema na escola, e minimizar esta situação? Como
orientar alunos e fazer com que estes deixem de copiar e “colar” tudo que
encontram pela frente, de fontes impressas às virtuais, do início
do parágrafo ao ponto final, e apresentem o resultado desta prática
como sendo um trabalho de pesquisa?
Abreu (2002, p. 25) referindo-se
às reclamações feitas por professores e bibliotecários
das escolas de Belo Horizonte, conclui que “ninguém está
satisfeito com a pesquisa escolar”. Mas, enquanto os professores reclamam
que os alunos copiam partes de fontes impressas e eletrônicas, os
bibliotecários têm aguardado uma freqüência mais
assídua do professor na biblioteca. Isto evidencia o quanto é
imprescindível juntar esforços destes profissionais a fim
de minimizar a situação. Sabe-se que no ambiente escolar,
todos os profissionais colaboram para a formação integral
dos educandos, mas pela estreita relação que a biblioteca
possui com a sala de aula, bibliotecários e professores, que precisam
trabalhar juntos, mantêm, ainda, uma relação à
distância. No ideário defendido no Manifesto UNESCO/IFLA para
Biblioteca Escolar (1999, p. 1), percebe-se tal preocupação,
quando recomenda:
Já está comprovado que bibliotecários e professores, trabalhando em conjunto, influenciam o desempenho dos estudantes para o alcance de maior nível na literácia na leitura e na escrita, na resolução de problemas, no uso da informação e das tecnologias de comunicação/informação.
Fragoso (2002, p. 130)
lamenta a falta de entrosamento entre estes profissionais. Ao elencar as
funções e as atribuições do bibliotecário
escolar, chama a atenção para a necessidade de mudança
de visão e de comportamento deste profissional e acrescenta que:
“O que se pretende, [...], é fazer com que a biblioteca escolar
seja o agente de transformação do ensino, à medida
em que provoque mudanças pedagógicas na escola”.
No que tange à pesquisa
escolar, o Manifesto UNESCO/IFLA para Biblioteca Escolar (1999, p. 2) menciona
nos objetivos da biblioteca escolar:
...Tornar oportunas as vivências para a produção e uso da informação/conhecimento, para compreensão, imaginação e entretenimento;
Cooperar com as ações da escola a todos os estudantes nos momentos de aprendizagem e de habilitação para avaliar e usar a informação, a despeito das variadas formas, suportes e meios de comunicação, incluindo a sensibilidade para bem utilizar formas de comunicação com a comunidade onde estão inseridos;...
Conforme se pode observar,
a situação tem representado grande desafio para todos os
envolvidos com a educação, e principalmente para o
bibliotecário escolar por ser novo neste ambiente. Esse desafio
precisa ser encarado. Tal entendimento fez com que se apresentasse à
supervisão escolar do Colégio Policial Militar “Feliciano
Nunes Pires”, no município de Florianópolis – SC, o projeto-piloto
Orientação à pesquisa escolar aos alunos de 5ª
série do Ensino Fundamental, e a colaboração recebida
da professora de português foi fundamental para colocá-lo
em prática.
A biblioteca “Cláudio Luciano Fernandes” localiza-se na parte térrea de sua edificação, sendo de fácil visualização e acesso. Funciona de segunda a sexta-feira, das 7:30 às 18:00 horas, ininterruptamente, e conta com uma equipe formada por duas bibliotecárias e uma bolsista do Curso de Biblioteconomia. Dos alunos matriculados, 87% freqüentam a biblioteca. O uniforme do Colégio é credencial para que os alunos possam utilizar a biblioteca. O empréstimo se estende aos familiares, sendo intermediado pelos alunos matriculados.
Como as demais bibliotecas escolares, o acervo é composto por um grande contingente de livros didáticos, paradidáticos e de literatura, resultado de doações feitas pelas editoras. Aos poucos, o acervo vem sendo renovado, e os recursos provenientes da cobrança de multas pelo atraso na devolução de livros retirados para empréstimo, têm sido revertidos na compra de livros. Com aproximadamente 8.500 volumes, a coleção conta, ainda, com revistas, gibis, fitas VHS e CD ROMs.
Com uma equipe pequena, e
apesar das dificuldades existentes neste espaço escolar, as profissionais
da biblioteca têm atuado ativamente. Há quatro anos, a escola
promove a Semana do Livro e da Biblioteca e a Campanha “Amigo da Biblioteca”,
sendo que com a última tem conseguido aumentar o número de
amigos e de doações de livros para a biblioteca. O projeto-piloto
“Orientação à pesquisa escolar aos alunos de 5ª
série do Ensino Fundamental” é um dos muitos exemplos de
como este profissional concebe sua atuação e da própria
biblioteca no ambiente escolar.
O projeto foi realizado
em duas etapas distintas: ministração de conteúdos
em sala de aula e utilização orientada de material informativo
no ambiente da biblioteca. Com a elaboração dos planos de
aula, fez-se o roteiro dos conteúdos e os recursos que seriam utilizados
durante as aulas. Foram elaborados dois folders e transparências
para a aplicação do projeto. As aulas expositivas, alternadas
com atividades práticas, fizeram com que os alunos assimilassem
os diferentes conceitos abordados. Para a realização dos
trabalhos práticos de pesquisa escolar, os alunos dirigiram-se à
biblioteca da escola ou às suas casas à procura de informações.
Na biblioteca do colégio, tiveram a oportunidade de exercitar os
conceitos trabalhados, compreendendo e utilizando os recursos existentes
na mesma.
O período para
a aplicação do projeto foi estabelecido em conjunto com a
supervisão escolar e com a professora da disciplina de português.
Durante o mês de março, foi utilizada uma aula de 50
minutos cada, uma vez por semana, num total de quatro aulas.
A parte teórica do projeto foi aplicada em sala de aula. Na primeira
aula, foram apresentados e discutidos os conceitos de pesquisa, da cotidiana
à escolar, os vários tipos de fontes de pesquisa (jornais,
revistas, dicionários, almanaques, enciclopédias) para que
se familiarizassem com estes materiais e reconhecessem as diferentes
formas de apresentação, e para que tivessem acesso
as etapas de um trabalho escolar (introdução, desenvolvimento,
conclusão, anexos, referências), bem como às informações
que estas devem apresentar. Foram repassados os elementos que devem figurar
na capa do trabalho, a disposição dos mesmos e os locais
das ilustrações. Após terem sido trabalhadas as informações,
os alunos receberam dois folders, elaborados exclusivamente para a aplicação
do projeto. O folder “Pesquisa escolar: o que é, como se faz” apresentou
conceitos, as etapas da pesquisa, suas explicações, e algumas
dicas. O folder “Referência bibliográfica: o que é,
como se faz” trouxe orientações quanto aos elementos essenciais
de uma referência bibliográfica segundo a NBR-6023, e a sua
elaboração.
O uso das transparências e dos folders, distribuídos após a conclusão dos respectivos temas, serviu para auxiliar os alunos na elaboração dos trabalhos solicitados durante o projeto, e posteriormente às demais disciplinas do currículo escolar. A cada aula há resgatado o conteúdo ministrado na aula anterior, com o objetivo de reforçar e recapitular o conteúdo ministrado.
Dentre os conteúdos ministrados, buscou-se levantar com a turma conceitos de pesquisa. Falou-se sobre a pesquisa do cotidiano, a escolar e a científica. Com a utilização de transparências, os conceitos, os objetivos, e as etapas da pesquisa foram trabalhados. As atividades que antecedem à pesquisa foram repassadas (anotar os dados passados pelo professor, buscar subsídios na biblioteca da escola, como ler os materiais e fazer os resumos). Falou-se sobre a parte do desenvolvimento, a primeira a ser feita, e o que deve conter. Abordou-se sobre a questão do direito autoral e as citações. A fim de encaminhar os alunos para a prática de uma pesquisa orientada, as turmas foram divididas em 11 equipes de trabalho, de 3 a 4 integrantes cada. Definidos os grupos e distribuídos os temas (A biblioteca da minha escola, Monteiro Lobato: vida e obra, A história do livro, A biblioteca Nacional, O que é biblioteca?), passou-se à orientação de como o trabalho deveria ser realizado. Partiu-se, então, para a mais importante etapa do trabalho, a do desenvolvimento, onde deveriam ser anotados os dados das fontes pesquisadas (autor, título, ano e página, somente), a princípio de maneira livre, e a citação, conforme orientação dada em sala. Dava-se então o primeiro passo para que os alunos saíssem da teoria e, na biblioteca da escola, partissem para a prática, pesquisando, lendo, resumindo, colocando suas palavras no texto, extraindo conceitos, interpretando-os e/ou utilizando-se de citações, além de conhecer a biblioteca e seu acervo.
Ao comentar sobre a introdução
e a conclusão, deu-se ênfase a etapa do desenvolvimento, sem
a qual tornam-se de difícil elaboração. Falou-se da
importância das ilustrações (mapas, gravuras, fotos)
e de que as mesmas servem para enriquecer e esclarecer o conteúdo
abordado no trabalho e, também, de que há dois lugares onde
devem ser utilizadas, ou seja, no desenvolvimento, ou em anexo. Em ambos
os casos, devem-se utilizar legendas para melhor orientar o leitor.
Passou-se, então, a abordar os elementos que devem figurar na capa
do trabalho, e a disposição dos mesmos. Com relação
à capa, foram informados de que, quando ilustrada, deve ter relação
com o tema do trabalho, e devem-se evitar o uso de brilhos, purpurina e
excesso de enfeites. Além disso, de acordo com as normas da instituição,
deveria ser manuscrita como todo o trabalho. Os alunos receberam o folder
“Pesquisa escolar: o que é, como se faz”, partindo para mais uma
semana de atividade prática. Ao retornarem à sala de aula,
seguiu-se com o tema referência, no qual foram apresentados o conceito,
a finalidade, a ordenação dos elementos e a sua localização
no trabalho. Exemplos de referência de livros, artigos de jornais,
revistas, entrevistas, sites da internet, também foram apresentados.
Os alunos foram informados de que os dados para a elaboração
da referência bibliográfica devem ser extraídos da
página de rosto dos livros. No retroprojetor, a página
de rosto do livro “Florestania: a cidadania dos povos da floresta”, de
Maria Tereza Maldonado, serviu para que, juntos, extraíssemos os
elementos para a elaboração da referência bibliográfica.
Com as demais etapas do trabalho concluídas, os alunos resgataram
os dados das fontes consultadas durante o desenvolvimento e foram
orientados a fazer as referências bibliográficas e incluí-las
no trabalho. Desta forma, o trabalho estaria concluído, e sua entrega
seria solicitada para a próxima semana. Dúvidas foram esclarecidas,
e fez-se a distribuição do Folder “Pesquisa bibliográfica:
o que é, como se faz”. Por último, foi solicitada a colaboração
dos alunos para que respondessem um questionário. Com este instrumento
fez-se o diagnóstico da turma: a origem dos alunos, se de escola
pública ou privada, se já haviam recebido alguma orientação
de como fazer um trabalho escolar. Pôde-se verificar os conhecimentos
adquiridos sobre os temas trabalhados, e conhecer suas impressões
sobre o projeto, cujos resultados podem ser conferidos a seguir.
Para a avaliação
dos resultados, foram utilizados três instrumentos: a observação
em sala de aula, os trabalhos práticos, elaborados pelos alunos,
e os questionários.
Da observação
feita em sala de aula, pôde-se comprovar a participação
dos alunos, que perguntaram e tiraram dúvidas. Para a realização
dos trabalhos, percebeu-se o quanto a nota é considerada importante.
“Vai valer nota, professora?” foi pergunta freqüente. Respondíamos
que sim, uma vez que a professora de português, que permaneceu em
sala durante a aplicação do projeto, o considerou para a
média da disciplina. Na biblioteca, foi gratificante
fazer com que o aluno conhecesse as fontes de pesquisa, lesse, resumisse,
usasse as suas palavras no texto do trabalho. Observou-se que o conteúdo
sobre referência bibliográfica foi de difícil compreensão,
mas que a distribuição do folder “Referência bibliográfica:
o que é, como se faz”, somada ao exercício do dia-a-dia,
fez com que assimilassem, aos poucos, o conteúdo à medida
que os trabalhos foram realizados e as dúvidas sanadas.
Em relação
aos cinco temas apresentados aos alunos para que exercitassem um trabalho
de pesquisa, foi observado que estes buscaram informações,
experimentaram diferentes maneiras de acessar as informações,
selecionaram, resumiram, colocaram suas palavras nos textos dos trabalhos,
buscaram significados para palavras nunca antes lidas, fizeram entrevistas,
identificaram a autoria dos textos, estruturaram e entregaram os trabalhos.
Com estes em mãos foi possível constatar quantas novidades
os alunos aprenderam. Observou-se, também, que nem todos os
alunos encararam o trabalho com seriedade, e houve, por isso, necessidade
de se retornar à sala de aula para que revisassem alguns aspectos
do trabalho que deveriam ser melhorados. Na impossibilidade de retornar
à sala de aula, estas orientações ocorreram na própria
biblioteca.
A aplicação
de questionário, apresentando questões abertas e fechadas,
serviu como instrumento de avaliação do processo ensino-aprendizagem.
Como o projeto foi dirigido aos alunos recém-chegados à instituição,
o referido instrumento serviu também para diagnosticar os hábitos
destes quanto ao uso de biblioteca. O resultado serviu para verificar o
que o mesmo significou para o aluno, como utilizam a biblioteca e se os
objetivos propostos foram atingidos. Dos 68 questionários respondidos,
foi possível constatar que dos alunos recém-chegados à
escola, 41% são provenientes de instituições públicas
e 59% de instituições particulares. 99%, dos alunos,
responderam que a instituição de origem possuía biblioteca.
Com relação ao uso da biblioteca, 2% dos alunos responderam
que não a freqüentavam, 32% freqüentavam às vezes,
19% freqüentavam pouco e 47% eram assíduos freqüentadores
da biblioteca da escola. Dos que a utilizavam, 41% para realizar trabalhos,
40% para emprestar livros, 14% para “passar o tempo”, e 5% para ler livros,
estudar, conversar, fazer ficha de leitura e namorar. Do universo de alunos
pesquisados, 43% já haviam recebido alguma orientação
quanto a realização de trabalho escolar e 57% estavam tendo
esta oportunidade pela primeira vez.
Quanto aos recursos utilizados, os alunos apresentaram as seguintes avaliações: 1) Apresentação do conteúdo e as explicações - (Ruim 1%, Razoável 21%, e Boa 78%); 2) Uso de transparências - (Ruim 9%, Razoável 37%, e para 54%, considerada Boa); 3) Utilização dos folders - (Ruim para 8%, Razoável para 28% e Boa para 64%, dos alunos). Quanto ao prazo, um mês, de entrega dos trabalhos de pesquisa (Ruim para 10%, Razoável para 20%, e considerado Bom para 70% dos alunos). Quanto aos temas dos trabalhos, 9% disseram que eram ruins, 24% que eram razoáveis e 67% que foram bons. Com relação à participação do aluno, no projeto, pôde-se observar que 16% disseram que foi ruim, 51% acharam razoável, e 33%, boa.
Com relação
aos conhecimentos adquiridos, foi possível constatar que 96% dos
alunos souberam responder o que é pesquisa, sendo que 4% não
responderam à questão. Quanto às partes que o trabalho
escrito deve conter, 42% responderam de maneira correta, 42% apresentaram
as respostas incompletas e/ou incorretas e 16% não responderam
à questão. Quando perguntados sobre para que serve a referência
bibliográfica, 73% dos alunos acertaram, 15% erraram, e 12% deixaram,
a questão, em branco. Ao serem solicitados a elaborar a referência
bibliográfica do livro A bolsa Amarela, de Lygia Bojunga Nunes,
para o qual fornecemos os demais elementos, constatou-se que apenas 4%
dos alunos acertaram a questão, 66% erraram e 30% não responderam.
Ao serem indagados sobre o que aprenderam de novo com as aulas, 6% dos
alunos não responderam, 14% disseram que não aprenderam
nada de novo, e dos 80% dos alunos que disseram ter aprendido algo novo,
tivemos como resposta:
1. Fazer pesquisa completa com referência e conclusão
2. Pesquisar melhor
3. Fazer referência bibliográfica
4. Fazer o trabalho de maneira correta e na ordem que deve ter
5. Colocar página de rosto
6. Fazer melhor a introdução, a conclusão e a referência bibliográfica
7. Muitas informações que não tinha aprendido
8. Que tem que colocar " " antes de copiar alguma coisa
9. Que não pode escrever a palavra desenvolvimento
10. Pouco, pois havia aprendido no ano passado
11. Aprendi a fazer trabalhos melhores e algumas dicas
12. Que o trabalho não é só desenvolvimento
13. A página de rosto, capa e referência
14. Como fazer um trabalho organizado e completo
15. Introdução e algumas coisas que se deve colocar na capa
16. Que todo trabalho deve ter introdução, conclusão e referência bibliográfica
17. Que a biblioteca é muito importante para a pesquisa
18. Que se pode fazer o trabalho com várias anotações
19. Referência bibliográfica
20. Que devemos preservar e freqüentar a biblioteca
21. Fazer o trabalho melhor, e mais completo
22. A referência bibliográfica e a página de rosto
23. Que todo trabalho precisa ter 5 partes para ser completo
24. Eu entendi melhor a fazer a introdução
25. Sobre a edição e que o sobrenome do autor deve ser antes o nome e em caixa alta
26. Sobre bibliografia
27. As partes de um trabalho
28. Tudo para fazer trabalho e pesquisa sobre o assunto desejado
1. Aprendi que é legal fazer trabalho
2. Fazer uma pesquisa bem feita
3. Aprendi mais sobre a biblioteca da escola
4. O que é biblioteca
5. Os tipos de biblioteca e para que servem
6. Como o livro evoluiu e onde surgiu primeiramente
7. Sobre a história do livro
8. Referências bibliográficas
9. Que biblioteca é um lugar onde você pode fazer trabalhos
10. O que é biblioteca e a fazer um trabalho completo
11. Que dá para ler livros, revistas e jornais pela internet
12. Como os egípcios faziam seus livros
13. A pesquisar
14. Como fazer o desenvolvimento, a introdução e a conclusão
15. Sobre a vida de um grande escritor brasileiro
16. A fazer pesquisa
17. Trabalho criativo e legal de fazer
18. A biblioteca de Alexandria
19. Um pouco sobre as bibliotecas de antigamente
20. Que nós fazemos novas descobertas nos livros
21. Sobre a vida e obra de Monteiro Lobato
22. Como fazer um trabalho
23. Que a Biblioteca Nacional foi fundada em 1810
24. Referência Bibliográfica
25. Como surgiu o livro
26. Quem inventou o papel
27. Como o livro era antes
28. Um pouco mais sobre o livro
29. Que o livro já foi de argila e de folhas de papiro
30. O que significa biblioteca e as regras do trabalho
31. Como se faz uma pesquisa e como se faz um trabalho
Na última questão,
solicitou-se aos alunos uma avaliação crítica do projeto,
apontando aspectos positivos e negativos, os quais podem ser conferidos
a seguir:
Aspectos positivos:
1. Aprendemos a pesquisar juntos
2. Foi legal, a professora ensinou de um jeito que entendi
3. A explicação foi boa
4. As aulas foram legais
5. Não dormi na aula, não fiz muitas perguntas, mas prestei bem a atenção
6. Gostei das professoras
7. Aprendi muitas coisas novas
8. Observei quem tem vontade e quem não tem
9. Gostei. Foi mais completo do que a do outro colégio
10. Não achei chato nem legal, mas gostei de aprender
11. Toda a turma entendeu
12. Foi legal pesquisar coisas novas e com outras pessoas
13. Foi legal fazer o trabalho, a não ser por uma pessoa do grupo que mandou fazermos tudo.
14. Foi legal aprender sobre a história do livro
15. Aprendeu sobre o livro e os tipos de livros
16. Aulas boas e conheci coisas novas
17. A aula que eu tive com a bibliotecária foi boa pois eu entendi um pouco
mais sobre como fazer o trabalho. Deveríamos ter mais aulas com a bibliotecária. Valeu a pena
18. É muito melhor para pesquisar e entender o trabalho
19. O que aprendemos foi muito bom para nós
20. Foi legal e interessante
Aspectos
negativos:
1. Eu e minha amiga fizemos tudo sozinhas
2. Foi legal, mas a maioria do assunto eu já sabia
3. Já sabia tudo
4. Aprendi tudo menos a referência bibliográfica
5. Não escolhemos o grupo
6. Ter de fazer o trabalho
7. Faltou um pouco de clareza
8. Se reunir com o grupo para fazer o trabalho
9. Foi difícil se reunir, arrumar tudo. Às vezes tinha coisa errada no trabalho e tinha que arrumar
10. Não gostei de acordar cedo
11. As transparências estavam horríveis
12. Achei que as explicações poderiam ser melhores, não entendi direito
13. Uma pessoa do grupo que mandou fazermos tudo
14. Vir de manhã para o colégio
15. Ficar pouco tempo em casa, vir no colégio de manhã
16. Fazer o trabalho em grupo
17. Algumas coisas eu não entendi
18. Não gostei muito
Primeiro projeto desta
natureza, adotado na instituição, marca o início de
uma atividade que revela ao corpo docente como há na biblioteca
algumas respostas às dificuldades apresentadas pelos alunos em sala
de aula. Entende-se que este projeto contribuirá para a melhoria
do nível dos trabalhos realizados pelos alunos do Colégio
Policial Militar “Feliciano Nunes Pires”, tanto em termos de conteúdo,
quanto de apresentação, e recomenda-se sua continuidade.
Espera-se dos colegas professores e da equipe pedagógica, colaboração
e compreensão, no sentido de darem continuidade às orientações
repassadas aos alunos durante a aplicação do projeto. Acredita-se
que isto seja de fundamental importância para que haja, nos alunos,
mudança de postura em relação à pesquisa, o
que contribuirá para a melhor qualidade da aprendizagem. Sabe-se
que o ser humano resiste à mudança, mas acredita-se que quanto
antes o aluno começar a mudar o mau hábito na realização
dos trabalhos, menos sofrerá ao chegar à idade adulta e à
universidade. Quanto mais cedo inserir o aluno na atividade de pesquisa,
menos tempo este permanecerá fazendo trabalhos-cópia, quer
sejam de fontes impressas ou eletrônicas.
A experiência pedagógica
aqui relatada é, ainda, recente na vida do bibliotecário
escolar. Raro neste ambiente, este profissional vem sendo confundido com
outros que pela biblioteca escolar costumam passar. A técnica
biblioteconômica, por ser pouco conhecida, é, ainda, pouco
reconhecida e valorizada neste ambiente. Os professores costumam freqüentar
a biblioteca com mais assiduidade quando, reconduzidos para este espaço,
na função de “bibliotecário”. Neste sentido, espera-se
que o bibliotecário escolar vislumbre alternativas para que a prática
docente esteja mais conectada à biblioteca da escola. Acredita-se
que o espaço escolar seja uma grande oportunidade para que a biblioteca
passe a ser vista com a importância que tem, e que, infelizmente,
poucos percebem. Com o projeto, foi possível estabelecer mais visivelmente
o quão importante é o bibliotecário escolar, tanto
na orientação aos alunos, quanto na colaboração
com o professor, por este último possuir, muitas vezes, pouco conhecimento
sobre o tema aqui abordado.
Artigo recebido em: 05/08/2005
Aceito para publicação
em: 19/12/2005
Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.11, n.1, p. 205-220, jan./jul., 2006.