BIBLIOTECA ESCOLAR GUARANI UM PROJETO DE EXTENSÃO A SERVIÇO DA PRESERVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA CULTURA GUARANI : relato de experiência

Elisa C.D.Corrêa

Sérgia Regina C.Dubas

Cláudia A. da Silva

Resumo: Relato de experiência das atividades do Projeto de Extensão da UDESC – Biblioteca Escolar Guarani. Apresenta o projeto desde seu início até os dias atuais, relatando o progresso das atividades e os planos futuros. Ressalta a importância cultural da instalação de uma biblioteca em território indígena e suas vantagens também para a área da Ciência da Informação e da Biblioteconomia.
Palavras-chave: Biblioteca escolar; Projeto de extensão; Cultura Guarani

1 INTRODUÇÃO

A idéia da criação de uma biblioteca em plena aldeia indígena pode parecer, para muitos, uma proposta totalmente inadequada a uma cultura fortemente marcada pela oralidade. Um olhar um pouco mais atento a essa questão revelaria, no entanto, que não somente trata-se de uma proposta pertinente, mas também de uma necessidade presente no cotidiano dos povos indígenas, especialmente aqueles que vivem próximos das grandes cidades brasileiras. Dois pontos principais sustentam essa idéia, e serão aqui abordados.

Em primeiro lugar, verifica-se em todo o território nacional, a crescente impossibilidade de o índio brasileiro sobreviver à margem da sociedade não índia. A mistura dessas culturas é uma realidade que não se pode mais ocultar. E nesse processo saiu perdendo o índio, que enfrenta dificuldades cada vez maiores, tanto para preservar seus costumes e tradições, quanto para se fazer presente na sociedade do não índio.

Em tempos onde a palavra de ordem é a “inclusão”, o índio brasileiro vem procurando conhecer melhor a língua e a cultura do homem branco e, aos poucos, tenta aculturar-se por meio da busca na conquista de espaços na política e na educação e utilização das novas tecnologias como ponte de acesso a outras culturas diferentes da sua, dentre outros fatores.

Paralelamente a esse processo de aculturação que parte do próprio índio, verifica-se também a existência de diversas ações de iniciativa governamental e não-governamental para que essa inclusão aconteça: a criação de escolas dentro das aldeias para crianças, jovens e adultos da comunidade indígena; os esforços de capacitação de membros dessa comunidade para lecionar nessas escolas, o atual debate sobre a questão das cotas para índios nas universidades brasileiras e as iniciativas de facilitar e promover o acesso das comunidades indígenas aos recursos tecnológicos como os da rede Internet, são exemplos contundentes da mão-dupla que busca conciliação entre duas culturas que esbarram entre si desde a chegada da comitiva de Cabral, nos idos de 1500...

Assim é que observa-se, com freqüência cada vez maior, uma considerável perda das tradições indígenas mais conservadoras, e verifica-se em contrapartida a utilização de aparatos tecnológicos como aparelhos celulares e microcomputadores por indivíduos da comunidade indígena como sinais de um novo tempo para o índio. Novo tempo que traz consigo não só os benefícios dessa aculturação, mas também pode revelar-se na introdução de usos e costumes do pior que uma cultura pode trazer seu bojo.

No entanto, tais esforços não parecem suficientes para uma verdadeira inclusão desta parcela da população brasileira na sociedade atual. Segundo Hernandez e Calcagno (2004), que fazem uma análise sobre os povos indígenas na América Latina e Caribe, a maioria dos indivíduos dos povos indígenas nesta região “sofre discriminações por sua pertença étnico-cultural e sobrevive em condições de marginalidade que contrastam com o mundo moderno que os rodeia”.

Hernandez e Calcagno (2004, p. 1) observam que:
 
O paradigma de globalização econômica está agudizando os processos históricos de marginalização social dos povos indígenas, enquanto no plano cultural se propicia um processo de ‘homogeneização’ que tenta socavar a identidade pluricultural do continente, desconhecendo que a construção de uma cidadania moderna traz consigo o desafio de conciliar as particularidades histórico-culturais de cada povo com a vocação universalista do desenvolvimento e a modernidade. 

O outro ponto a ser abordado em defesa da criação de uma biblioteca guarani vai em direção à ampliação do conceito de informação e da instituição biblioteca propriamente dita. As concepções atuais de biblioteca ultrapassam em muito a idéia de um simples local de armazenamento de livros e documentos nos formatos impressos tradicionais. Também não sugere que, com a introdução das novas tecnologias de informação, o computador e o acesso às redes signifiquem a melhor ou mesmo a única opção de resgate eficiente de informações.

Em sua essência, uma biblioteca deve ser um local onde o fluxo da informação precisa ser constante, independentemente do suporte que a contenha. Assim é que, para formar seu acervo, as variadas mídias devem estar presentes. No caso de uma biblioteca indígena, seu principal objetivo deve ser a preservação e divulgação da cultura desse povo. Essa biblioteca deve oportunizar, no ambiente da aldeia, um espaço privilegiado para  recolher e disseminar documentos e informações a respeito deste povo, de suas culturas e tradições, não só por meio de registros bibliográficos, mas utilizando-se também dos recursos áudio visuais existentes e de toda a gama de informações que circula pelas redes de comunicação eletrônica.

A IFLA, em seu boletim eletrônico n.42, faz um pronunciamento a respeito do valor e importância do conhecimento indígena e recomenda que bibliotecas e arquivos
“implementen programas para recoger, preservar y disseminar recursos de los conocimientos tradicionales indígena y local; hagan disponible y promuevan recursos de información que apoyen la investigación y el aprendizaje de los conocimientos tradicionales indígenas y locales, y su importância y uso em la sociedad moderna; involucren a los Ancianos y lãs comunidades em la producción de recursos y em la enseñanza de los niños para aprender y apreciar lo que está por detrás del conocimiento tradicional y adquirir el sentido de identidad que está asociado a los sistemas de conocimiento indígenas...”  
Além disso, uma biblioteca com características diferenciadas de acordo com os traços étnicos e culturais dos índios, deve possibilitar o encontro entre os membros da comunidade, oferecer um espaço para a oralidade na contação de histórias, no ensino e na conversa informal. Deve ser um local aberto para que a cultura indígena se produza e reproduza  nas suas manifestações mais variadas. O espaço dessa biblioteca deve ser adaptado ao espaço da aldeia como um todo, respeitando em sua arquitetura as características físicas das demais construções do local onde será implantada.

Não é concebível, no contexto da sociedade da informação, que a comunidade indígena caminhe à margem do processo inclusivo em todas as formas em que ele se apresentar: social, cultural, econômica e tecnológica, a menos que ela assim o queira. Por isso, é fundamental que o projeto de criação de uma biblioteca em terra indígena seja acompanhado de um sério estudo antropológico, e que a concretização de seus objetivos tenha o acompanhamento e a aprovação da comunidade indígena onde será criada. 

Com base nestes pressupostos, está nascendo a Biblioteca Escolar Guarani, na Aldeia Guarani em Morro dos Cavalos, município de Palhoça, grande Florianópolis, Santa Catarina, cuja trajetória será relatada a seguir.

2 O PONTO DE PARTIDA

Os primeiros contatos com a aldeia foram dados através de participação da acadêmica do curso de Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, Sérgia Regina C. Dubas, em projeto da área da saúde desenvolvido por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC com os quais mantinha contato. O interesse da aluna surgiu por conta de diversas visitas feitas à aldeia na época em que a Escola Estadual Itaty, agora em funcionamento, estava sendo construída. A partir da observação das possibilidades de implementação de uma biblioteca dentro da aldeia, alojada em um dos prédios da escola construído separadamente das salas de aula, nasceu o projeto de extensão “Biblioteca Guarani”, de autoria da acadêmica Sérgia, e com a coordenação da professora Elisa Corrêa e participação do Prof.Aldo Litaiff, do Departamento de Antropologia da UFSC e do aluno José A.F.Martins, do curso de Medicina, que já desenvolvia o projeto de saúde junto à comunidade em Morro dos Cavalos.

Iniciou-se, então uma série de visitas à aldeia, nas quais buscou-se uma interação com os membros da comunidade e seus líderes, a fim não apenas de inserir o grupo extensionista na comunidade, mas também de introduzir noções básicas de conceitos ligados à informação e especialmente o conceito de biblioteca. Durante cerca de um ano e meio, a comunidade foi ouvida em relação ao seu desejo da criação da biblioteca, dúvidas foram tiradas e alguns passos significativos puderam ser efetivamente dados: o espaço físico para instalação da biblioteca foi garantido por meio de negociações com a Secretaria da Educação do Governo do Estado de Santa Catarina, um pequeno acervo de livros utilizados para fins didáticos e um computador passaram a ocupar este espaço.

Durante esta primeira etapa do projeto, foram realizadas campanhas de arrecadação de materiais bibliográficos para composição de um acervo inicial, que contaram com a colaboração de diversos setores da sociedade, como as Universidades e associações de classe ligadas à Biblioteconomia. Este acervo, apesar de incipiente, cumpriu um papel importante no início do projeto: garantiu que a sala construída não fosse destinada a outros fins, e auxiliou os professores da escola na preparação de suas aulas.

Paralelamente ao trabalho realizado na aldeia, outras atividades essenciais também foram executadas: foram realizadas reuniões periódicas com o professor Aldo, que contribuiu com orientações fundamentais no plano antropológico; buscou-se também adquirir obras bilíngüe (português e guarani) para estudo do grupo e, na medida do possível, compor o acervo da biblioteca; além de participação em eventos para apresentação de trabalhos sobre o projeto.

Foi observado durante este período, que a maior dificuldade encontrada pela equipe residiu nas negociações junto à liderança da Comunidade de Morro dos Cavalos, que apresentou certa resistência ao início das atividades realizadas por não índios na Aldeia. Este fato justifica-se por conta dos inúmeros projetos de pesquisa realizados por diversas entidades ao longo de muitos anos quando, segundo depoimentos dos próprios indígenas, “os pesquisadores vem e vão, estudam sobre nós e nunca nos dão retorno dos resultados a que chegaram”. A conquista da confiança de que a biblioteca daria retorno real e imediato demandou certo tempo para acontecer, mas a partir do momento em que os materiais chegavam à biblioteca e ali ficavam para o uso comunitário, a resistência diminuiu e o trabalho pode seguir com mais tranqüilidade.

Outro fator que dificultou o andamento do projeto, foram as constantes mudanças na liderança da aldeia, com intensa troca de caciques durante o período. A cada novo cacique, era necessário um recomeço nas negociações. Além disso, a má atuação do não índio na política e na sociedade em geral, no que tange aos assuntos relacionados às questões indígenas, abalava um pouco a credibilidade da equipe junto à comunidade da aldeia, o que demandava a execução de atividades que comprovassem nossa idoneidade e garantissem a continuidade do processo.

No entanto, a barreira lingüística representou a maior das dificuldades enfrentadas pelo grupo. A grande maioria dos membros da Aldeia de Morro dos Cavalos não fala ou entende o português, e apenas uma pequena parte tem alguma compreensão ou fala precariamente a língua portuguesa. Este fato limitou muito o diálogo com as lideranças que se sentiam inseguras no contato com a equipe e praticamente inviabilizou o diálogo com a comunidade como um todo.

Para minimizar o problema, a solução encontrada foi aprofundar o contato com a equipe de professores da escola Itaty que, ou era formada por não índios, ou por indígenas que tinham maior fluência no idioma do branco. A então professora da escola serviu como interlocutora entre a equipe e os membros da comunidade, facilitando o desenvolvimento do projeto.

Apesar das dificuldades acima mencionadas, considera-se o resultado desta primeira etapa amplamente positivo, pois a idéia de trabalhar um conceito diferenciado de biblioteca que respeite a cultura indígena e se proponha a ser um espaço de informações transmitidas não apenas de forma escrita, mas dentro dos princípios de oralidade tão fortes nessa cultura, representou indiscutível originalidade.  

3 E O SONHO TOMA FORMA...

Com a renovação do projeto de extensão por mais um ano de atividades e com a experiência obtida durante a primeira etapa de realização, verificou-se a necessidade de proceder algumas modificações. Assim o projeto passou a ser denominado Biblioteca Escolar Guarani.

As principais mudanças giraram em torno da busca de soluções para os problemas encontrados na fase inicial do projeto, além de promover a expansão do âmbito de atuação através do estabelecimento de parcerias que garantissem agilidade e eficácia na concretização dos objetivos propostos.

Foi assim que, durante o ano de 2004, alguns passos importantes foram dados:
a)    O fato de transformar a Biblioteca da aldeia em Biblioteca Escolar favoreceu o diálogo com os representantes da aldeia diretamente ligados à escola, que possuíam maior intimidade com a língua portuguesa. Além disso, garantiu a aceitação da biblioteca pela comunidade enquanto extensão do trabalho da escola;

b)    Outro ganho significativo com a situação de Biblioteca Escolar, residiu na parceria estabelecida com a Secretaria Estadual de Educação e Inovação do Estado de Santa Catarina, por meio do Núcleo de Estudos Indígenas. A professora coordenadora do projeto passou a integrar o grupo que discute as questões ligadas à educação indígena no Estado, como representante da UDESC junto ao NEI. Esta parceria é de fundamental importância, pois abre portas para que a biblioteca participe ativamente da construção dos projetos políticos pedagógicos das escolas implantadas nas aldeias;

c)    O projeto Biblioteca Escolar Guarani passou a integrar o NEAB – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, que abarca em seu escopo de estudos não apenas as questões diretamente relacionadas aos afro-descendentes, mas também promove estudos sobre multiculturalismo, no qual se encaixam as questões indígenas. O NEAB, enquanto núcleo da FAED/UDESC ofereceu ao projeto a oportunidade de contar com toda uma infra-estrutura que contribui para a realização de pesquisas e de atividades de natureza administrativa de maneira mais rápida e eficiente;

d)    Está em andamento a concretização de convênio com a Funai, de importância inquestionável para uma atuação tranqüila e garantida não só em Morro dos Cavalos, mas em qualquer outra comunidade indígena para a qual o projeto possa se estender. Através deste convênio, fica legitimada a presença dos membros da equipe na aldeia, requisito indispensável para o alcance dos objetivos propostos.

A situação atual do desenvolvimento das atividades apresenta um trânsito livre na aldeia, tanto da coordenadora do projeto, quanto das bolsistas. Apesar das constantes mudanças de líderes que ainda ocorrem, os membros do projeto já são conhecidos de todos os índios que habitam em Morro dos Cavalos, e já não se verifica mais a necessidade de apresentações formais ou de justificativa quanto à criação da Biblioteca, que já é uma realidade na aldeia.

As visitas à aldeia são semanais, nas quais se procede contato com os professores da escola Itaty para conhecimento das matérias e assuntos abordados nas aulas, para os quais a bolsista providencia material de apoio para os trabalhos dos alunos e de formação para o professor. Aos poucos vai-se formando o acervo, tanto de livros como de fitas de vídeo, preferência unânime por parte de toda a comunidade que utiliza o espaço da biblioteca nos finais de semana para sessões de filmes e desenhos no aparelho de televisão e vídeo que ali estão instalados.

Eventos estão sendo planejados para realização na aldeia, em conjunto com as lideranças indígenas, os professores da escola e os membros do projeto. Nessas ocasiões será elaborada boa parte do material que formará o acervo. Estes materiais serão constituídos por fitas de vídeo gravadas durante os eventos, livretos e cartazes bilíngües produzidos pelos alunos da escola Itaty, além de peças de artesanato que serão utilizados na biblioteca, como tapetes para o canto da leitura, porta-lápis, etc.

Materiais que já existem na escola, como por exemplo um trabalho que resgata a história dos índios Guarani elaborado por uma  professora índia em conjunto com alunos da escola, está sendo encadernado e será o primeiro item do acervo totalmente produzido na aldeia. Cabe aqui registrar a satisfação e orgulho evidenciado nos membros da comunidade ao perceber que a proposta da biblioteca significa um ganho concreto para a comunidade, uma vez que os materiais ali produzidos pertencem aos seus membros e estarão sempre ali à sua disposição.

O espaço da biblioteca conta hoje com oito computadores advindos da Secretaria Estadual de Educação - SED, já instalados e em funcionamento. Estão em negociação (também pela SED) o acesso à rede Internet e a aquisição de uma impressora. Evidencia-se aqui o papel fundamental da biblioteca e do profissional da informação na apropriação social desta tecnologia para preservação e disseminação da cultura Guarani, pois este acesso, além de se realizar no ambiente da biblioteca, deverá ser feito em conjunto com as bolsistas do projeto (alunas do curso de Biblioteconomia da UDESC) e os responsáveis pela educação na aldeia.

Paralelamente ao trabalho diretamente realizado na aldeia, o projeto realizou atividades dentro da Universidade, com a finalidade de levantar a questão indígena dentro da academia. Foi realizado, no dia 19 de abril, o evento Dia do Índio; o que eu tenho com isso? A proposta do evento era a sensibilização de toda a comunidade acadêmica para o envolvimento da Universidade junto à comunidade indígena, não apenas através de seus projetos de extensão, mas também como parte do público-alvo de seus cursos.

A programação contou com uma mesa redonda de debates sobre a questão das cotas para índios nas universidades brasileiras, e teve a participação de representante político, antropólogo e representante da aldeia em Morro dos Cavalos. Durante as semanas anteriores ao evento, foi lançada uma campanha de arrecadação de gibis e livros infantis, que teve ótima repercussão no Centro de Ciências da Educação e até em outras instituições acadêmicas. Na ocasião, como programação cultural, o Coral Indígena Guarani apresentou algumas músicas, e alguns membros do grupo de contação de histórias “Conversa Fiada” estiveram presentes, contando histórias relacionadas a lendas indígenas.

O projeto ganhou a simpatia de toda a comunidade da Faculdade de Educação - FAED, além de proporcionar uma interação com os outros cursos que, a partir de então, tornaram-se parceiros da proposta.

Outro destaque das atividades do ano em curso foi a visita do professor Dr. Fernando Burrows, da Universidad Católica do Chile, que realiza diversos programas de pesquisa com a tribo Mapuche, em Villarica e Panguipulli. O professor participou, juntamente com os membros do projeto Biblioteca Escolar Guarani de reuniões com o pessoal do NEI na Secretaria da Educação, visitou a aldeia e proferiu palestra a um grupo de índios que participavam do curso de capacitação para professores indígenas, promovido pelo NEI. As experiências relatadas pelo professor Fernando Burrows contribuiram grandemente para o crescimento e aperfeiçoamento do projeto.

4 E O FUTURO...

A previsão de inauguração da Biblioteca Escolar Guarani para o mês de março de 2005. Mas o projeto pretende ampliar a proposta para outras aldeias da Grande Florianópolis. Além de todas as contribuições já mencionadas, destacam-se também os incontestáveis ganhos acadêmicos. O projeto de criação de uma biblioteca bilíngüe garani-português dentro de uma Aldeia trará uma nova visão antropológica aos futuros profissionais da informação. O papel social do bibliotecário, amplamente difundido na literatura específica da área, também assumirá uma concretude ainda maior para todos os que estarão direta ou indiretamente envolvidos no projeto. Acrescenta-se a estes fatores, uma ainda maior visibilidade da própria universidade junto à comunidade catarinense, cumprindo assim também o seu papel social junto a mesma.

Devido às suas características diferenciadas, o projeto também contribui para um trabalho interdisciplinar dentro do próprio curso de Biblioteconomia, pois demandará o estudo de novas possibilidades de tratamento descritivo da informação num contexto especial da biblioteca indígena. Busca-se o envolvimento dos demais professores do Departamento de Biblioteconomia na elaboração de uma metodologia de organização de acervo acessível aos índios Guarani, e também a parceria de professores de outros departamentos, numa empreitada interdisciplinar para a instalação da Biblioteca Escolar Guarani.

A concretização da proposta de criação da biblioteca na aldeia em Morro dos Cavalos representa um desafio que elevará a biblioteconomia em Santa Catarina dentro do âmbito de suas características sociais e humanísticas que fazem parte de sua essência.

BIBLIOGRAFIA

BURROWS, F. La UC y el mundo indígena. Revista Universitaria, n.82, 2003-2004.
DECLARACIÓN sobre el conocimiento indígena tradicional. IFLA/LAC Noticias, n.42, junio 2003. Disponível em: http://www.ifla.org/VII/s27/news/lac42-s.pdf  Acesso em: 08 junho 2004.
HERNANDEZ, I; CALCAGNO, S. Os povos indígenas e a sociedade da informação na América Latina e o Caribe.  Disponível em: http://www.redistic.org/brecha/pr/18_-_CEPAL_portugues.html Acesso em: 08 de junho 2004.
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SCHOOL LIBRARY GUARANI AN EXTENSION PROJECT TO A PRESERVATION AND DISSEMINATION  SERVICE ABOUT THE GUARANI CULTURE: an experience report

Abstract:  Experience report about the UDESC Project of Extension “School library guarani” activities. Presents the project since the beginning until now, shows the progress , the activities and the future plans.  Emphasize cultural aspects like the library in aboriginal territory and advantages for Information Science of and Library Science.
Keywords: School library; Extension project, Guarani culture
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Elisa C.D.Corrêa

Professora do Departamento de Biblioteconomia e Documentação FAED/UDESC
E-mail: f2ecdc@udesc.br

Sérgia Regina C.Dubas

Estudante do curso de Biblioteconomia - Gestão da Informação FAED/UDESC

Cláudia A. da Silva

Estudante do curso de Biblioteconomia- Gestão da Informação FAED/UDESC

Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 10,  n. 2, p. 241-249, jan./dez., 2005.