ENTRE O PASSADO E O PRESENTE: AS VISÕES DE BIBLIOTECA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Valdir José Morigi

Luzane Ruscher Souto

Resumo: A palavra biblioteca historicamente teve um caráter restritivo e estático. Os livros de difícil reprodução e mobilidade tornaram a biblioteca um templo e o bibliotecário seu guardião. Esta imagem manteve-se até pouco tempo, porém com a introdução das novas tecnologias de informação e comunicação, esta imagem começa dar sinais de mudança. A partir da análise das entrevistas realizadas com bibliotecários de bibliotecas universitárias públicas e privadas de Porto Alegre - RS, durante os meses de abril e maio de 2004, procurou-se verificar como os bibliotecários percebem os seus espaços de trabalho. Concluiu-se que, no contexto atual, os bibliotecários vêem a biblioteca como um centro dinâmico de informação. O principal fator apontado de mudança na imagem da biblioteca é a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação.

Palavras-chave: Biblioteca universitária; Tecnologias de Informação e Comunicação

1 INTRODUÇÃO

A sociedade está passando por um período de transformações tecnológicas e tem enfrentado os conseqüentes impactos sociais gerados por estas. Essa nova tecnologia possibilita que diversas tarefas sejam realizadas por máquinas, havendo um redimensionamento da atividade humana neste contexto.

Os impactos sociais causados pelas tecnologias não são um fato novo nas bibliotecas. Durante toda história, as bibliotecas passaram por diversas transformações.  No passado, as bibliotecas repletas de livros grandes e pesados eram administradas por monges e freqüentadas por membros da Igreja. Com o decorrer do tempo, esse caráter restrito cedeu lugar a uma biblioteca fornecedora de informação em diferentes formatos, podendo ser acessada por qualquer pessoa.

No presente, com os recursos da informática é possível converter elementos da realidade física e material e para a realidade virtual, facilitando a transferência da informação. Nas bibliotecas universitárias, por exemplo, isso é percebido pela introdução das tecnologias de informação e comunicação (TICs) que trouxe alterações na rotina e no ambiente de trabalho do bibliotecário, no perfil do profissional e no processo de interação entre os bibliotecários e os usuários.

Nesse sentido, faz-se necessário uma reflexão a partir da introdução das TICs nas unidades de informação universitárias. Para tanto, esse artigo procura verificar qual a visão dos bibliotecários sobre a biblioteca, a partir da introdução das tecnologias de informação e comunicação nas unidades de informação, e identificar quais as diferenças entre a concepção de biblioteca do passado em relação ao presente.

Os dados analisados aqui fazem parte de uma pesquisa em andamento “Entre o Tradicional e o Virtual: as novas sociabilidades nas bibliotecas universitárias em Porto Alegre”. Para este estudo foram realizadas entrevistas com bibliotecários de bibliotecas universitárias públicas e privadas, em Porto Alegre-RS, nos meses de maio e abril de 2004. Através da análise das narrativas foi possível identificar a visão dos bibliotecários sobre a biblioteca.

O estudo pretende contribuir para a reflexão sobre o papel da biblioteca no mundo contemporâneo e as novas práticas profissionais que estão surgindo a partir do uso das tecnologias de informação e comunicação.
   

2 AS BIBLIOTECAS NA HISTÓRIA

A palavra “biblioteca” tem sua origem do grego biblíon (livro) e teke (caixa, depósito), portanto um depósito de livros (HOUAISS, 2001). Desde as primeiras bibliotecas, essa palavra tem sido empregada para designar um local onde se armazenam livros. Porém, nem sempre foram livros os materiais que preenchiam as bibliotecas. Historicamente, os suportes para a informação variaram de formato seguindo a tecnologia utilizada pelo homem. Já foram usados materiais como tabletas de argila, rolos de papiro e pergaminho e os enormes códices que eram enclausurados nos mosteiros medievais.

As bibliotecas da Antigüidade não se diferenciavam muito das bibliotecas do período medieval. Elas se constituíam locais de armazenamento de documentos, com sistemas precários de recuperação e acesso. Elas se ocupavam em armazenar a maior quantidade de rolos de papiro e, posteriormente, pergaminho atribuindo status e poder aos seus imperadores nas regiões onde se encontravam. Estas bibliotecas reuniam escritos de intelectuais gregos, romanos e egípcios. Exemplo de uma grande biblioteca deste período é a biblioteca de Alexandria que continha setecentos mil volumes (MARTINS, 2001).

Na Idade Média, o centro da vida social e econômica da população era a Igreja. A sociedade medieval era dividida em três estamentos: o clero, que retinha o monopólio do conhecimento, a nobreza e os militares que sofriam preconceito quanto ao gosto pela leitura, e a plebe que não tinha interesse por esta. É importante lembrar que mesmo a escrita existindo desde o fim da pré-história a tradição oral prevalecia no mundo ocidental. Nesse contexto, as bibliotecas estavam sob o comando do clero e eram de difícil acesso para a população que se conformava com sua condição, pois era educada através da tradição oral. A alfabetização escrita era restrita a poucos. Assim, a tarefa da escrita destinava-se aos cultos que eram os clericais (MCGARRY, 1999).

Com o passar do tempo, os suportes de informação passaram por modificações. Os rolos de pergaminho, por exemplo, foram substituídos por folhas deste mesmo material que eram costuradas em sua margem, formando o códice, de aspecto parecido com o livro de hoje. As primeiras bibliotecas medievais encontravam-se dentro de mosteiros e o acesso ao material era permitido apenas aos pertencentes às ordens religiosas ou pessoas que fossem aceitas por estas. Mesmo assim, as obras existentes em seu acervo eram controladas, pois algumas delas eram consideradas de natureza profana. O controle também se estendia ao  trabalho dos escribas que se ocupavam com a transcrição de manuscritos clássicos. As bibliotecas monásticas também existiram no Oriente Próximo, são as chamadas bibliotecas bizantinas. Eram “[ . . . ] igualmente mantidas por monges, mas nas quais, segundo parece, a contaminação profana era muito maior e mais fácil.” (MARTINS, 2001, p. 86). Durante o período medieval no Oriente também existiram as bibliotecas particulares mantidas por imperadores e que, curiosamente, eram carregadas em suas viagens como parte de sua bagagem (MARTINS, 2001).

As bibliotecas universitárias surgiram na Idade Média, pouco antes do Renascimento. A princípio elas estavam ligadas às ordens religiosas, porém já começavam a ampliar o conteúdo temático além da religiosidade. Estas bibliotecas são as que mais se aproximavam do conceito atual de biblioteca como espaço de acesso e disseminação democrática de informação. O número de estudantes universitários aumentou, ocasionando o crescimento também da produção intelectual. Os livros ainda eram manuscritos o que dificultava a reprodução destes para o estudo. No momento em que a Idade Média entrava em decadência dando espaço ao Renascimento, difundiu-se na Europa a tecnologia dos tipos móveis, criada por Gutenberg. “Essa nova situação de acessibilidade dos livros  - de papel e impresso – acabou sendo um estímulo ao conhecimento das letras e à absorção de conhecimento.” (MILANESI, 2002, p. 25). Quanto mais se lia, mais se produzia conhecimento o que aumentava o campo para novos estudos. Este ciclo cresceu aumentando a relação entre a universidade, a biblioteca e os seus leitores. A biblioteca da Universidade Sorbonne de Paris é um exemplo de biblioteca universitária com origens nas ordens eclesiásticas.

No seu interior:
[ . . . ] ao longo das paredes com os livros, que se consultavam em estantes alinhadas no meio da sala. Estas últimas, em número de vinte e oito, acompanhavam-se de cadeiras, assinaladas com as letras do alfabeto. Os livros, na maior parte, têm uma corrente fixada na encadernação, suficientemente longa, entretanto, para permitir o seu transporte. À grande sala de consulta, sucede uma outra mais modesta, que serve de depósito. A meia-altura, tal como uma capela, abrem-se trinta e seis janelas, através das quais a luz filtrada anima e colore os retratos  dos benfeitores do Colégio: Robert e seus sucessores ali estão, na pose atenta e imóvel que o pintor fixou no vitral; aí fazem companhia, apesar da morte, aos que continuam a sua obra, encorajando-os com a sua presença e o seu exemplo longínquo e os incitando ao trabalho. Sacer et augustus locus, diz o regulamento. Sim, trata-se de um lugar sagrado e augusto, no qual só se entra de beca e boné. Quando a leitura termina, é aconselhável refletir e meditar, passeando devagar ao longo da galeria coberta que rodeia a biblioteca. Depois, quando as sombras da noite se adensam, cada um se recolhe a sua casa, visto ser proibido, por prudência, trazer lanternas [ . . . ]. (BONNEROT, Jean, [1927], p. 5-6 apud MARTINS, 2001, p. 89-90).

Esta citação extraída do texto de Bonnerot chamado La Sorbonne, retrata claramente o caráter ainda sagrado da biblioteca, com tradições que limitam o acesso e a preocupação com o recebimento das informações pelos leitores, aconselhando a reflexão sobre o que foi pesquisado.

Mesmo tendo este aspecto sagrado, a biblioteca universitária sofreu os reflexos das mudanças trazidas pela Renascença. A partir do século XVI, com o descobrimento de novas terras e novas culturas além-mar; a ciência começa a se desenvolver, desmistificando posições impostas pela Igreja; a volta à cultura clássica trouxe a preocupação com o ser humano, com suas dimensões e necessidades, mudando sua concepção de vida do teocentrismo para o antropocentrismo; o crescimento demográfico impulsionou a tradição escrita, com o auxílio da difusão da escrita e do papel. Neste contexto, a biblioteca universitária ganha espaço e mais autenticidade e autonomia, estendendo sua visão de democratização da informação às bibliotecas posteriores a ela.

Entretanto, os processos de mudança para laicização, democratização, especialização e socialização da biblioteca ocorreram lenta e continuamente. A biblioteca moderna rompeu os laços com a Igreja católica, estendendo a todos os homens a possibilidade de acesso aos livros, com isso precisou se especializar para atender as necessidades de cada leitor ou comunidade, deixando de ser passiva, deslocando-se até o leitor, buscando entendê-lo e trazê-lo para a biblioteca (MARTINS, 2001).

Assim, a concepção de biblioteca como um depósito de livros trancados e acorrentados começa a se modificar, passando a ser encarada de outra forma, passa a ser uma biblioteca pública preocupada com a comunidade em que está inserida e para qual destina seus serviços. Segundo McGarry (1999, p. 117) biblioteca pública pode ser definida como  “[ . . . ] uma instituição que fornece um serviço gratuito a toda população de uma comunidade, distrito ou região, sendo em geral financiada, no todo ou em parte, com recursos públicos.” Este é o caráter mais democrático que a biblioteca assume, em concordância com o que ocorria na sociedade com as lutas por direitos igualitários.

A biblioteca moderna, nascida na Renascença, trouxe também o bibliotecário como um profissional reconhecido. Até meados do século XIX as bibliotecas empregavam eruditos e escritores para esta função. Porém, devido à especialização do público e, conseqüentemente, do acervo, sentiu-se  necessidade de um profissional com formação especializada que pudesse tratar tecnicamente os materiais existentes na biblioteca. A especialização permanece até os dias de hoje, favorecida pela grande produção científica e facilidade de sua divulgação. E o bibliotecário para acompanhar seus usuários, tende a se aperfeiçoar constantemente e se ambientar com as várias possibilidades de recursos na sua área (MARTINS, 2001).   

O final da Segunda Guerra Mundial trouxe o computador e a informática para facilitar o trabalho nas bibliotecas. Todavia, de imediato ele não foi compreendido assim. Com o transcorrer do tempo, o computador diminuiu de tamanho e aumentou sua potência, saindo dos ambientes dos laboratórios de cientistas, passando a ter uso pessoal. O desenvolvimento da informática possibilitou a criação da internet que rompeu com a comunicação unidirecional (MILANESI, 2002).

Atualmente as bibliotecas contam com recursos tecnológicos que possibilitam ao profissional comunicar-se com os usuários virtualmente; agilizar o processamento técnico; disponibilizar documentos em formato eletrônico, podendo ser acessado por inúmeros usuários ao mesmo tempo em qualquer lugar do mundo; ou até mesmo criar uma biblioteca totalmente digital. Isto ampliou as possibilidades da biblioteca e do bibliotecário, que deixa de estar estritamente ligado à instituição biblioteca, já que as fontes de informação ultrapassam as suas paredes. Hoje, o objetivo de uma biblioteca é disponibilizar informação. O meio em que é possível armazenar e oferecer um maior número de informações é o meio eletrônico.

Se as bibliotecas refletem as sociedades em que estão inseridas, então elas são o produto das relações sociais. Desta forma, o desenvolvimento da tecnologia trouxe transformações para a biblioteca em vários aspectos, na relação com seu público, seus profissionais e seu acervo, tornando-a bastante diferente da pomposa biblioteca antiga de Alexandria. As mudanças ocorreram e continuarão ocorrendo, portanto, cabe aos bibliotecários reverem e refletirem sobre as suas práticas, avaliando as atividades e os serviços de informação, quer seja introduzindo novos elementos ou mantendo práticas tradicionais que servem para atender as necessidades dos seus usuários.

3 AS BIBLIOTECAS E OS BIBLIOTECÁRIOS: entre o passado e o presente


No mundo contemporâneo, com a introdução das tecnologias de informação e comunicação as bibliotecas passaram a ter os seus serviços automatizados, serviços de referência à distância, obras digitalizadas, acesso a catálogos, à bases de dados on line, serviço de comutação com outras bibliotecas, etc. Os novos recursos da informática fizeram dessa biblioteca um lugar diferente daquele local percebido como depósito de livros no passado. Mesmo com tais mudanças, o nome biblioteca e bibliotecário permanecem. No presente criaram-se novas denominações para a atual biblioteca como unidade de informação e para os bibliotecários, profissionais da informação, porém esses novos termos  são mais usados em meio acadêmico e não pelos usuários em geral.

No passado a busca pelo conhecimento restringia-se às fontes disponibilizadas pelas bibliotecas, pois se constituía em uma única fonte de informação. O acervo era reduzido e pouco diversificado. “Na atualidade a biblioteca tem valor pelo que serve e não pelo que guarda na dimensão do verdadeiro e do belo [ . . . ].” (CURY; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2001 p. 95). Hoje, o seu acervo também funciona como fonte de informação. Todavia, não se constitui mais como a única. Existem os documentos virtuais que podem ser acessados através de um único computador e que não precisam necessariamente estar localizados no espaço físico da biblioteca. Com a tecnologia abriu-se a possibilidade dos usuários acessarem os documentos e catálogos de suas próprias casas.

A informação deixou de estar estritamente ligada ao livro para ser uma entidade presente em vários suportes. “A informação não é avaliada pelo suporte físico, mas sim pela sua utilidade, e ela agora pode ser reprocessada ao gosto do freguês.”(SILVA; ABREU, 1999, p. 102).

Com sistemas informatizados implantados nas unidades de informação as interações entre bibliotecários e usuários também passam por mudanças significativas. As consultas a um bibliotecário ou a um catálogo automatizado realizadas através da internet subsistem com as consultas presenciais. Segundo Mercadante (1995, p. 35): 

[ . . . ] a introdução da informática, as facilidades de telecomunicações e a aceleração do uso de meios eletrônicos no acesso e tratamento da informação mudaram o conceito da biblioteca, criaram necessidades de novas formas de mediação para obtenção e transferência de informação e documentos, e passaram a exigir um profissional com perfil um tanto diferente daquele com o qual se saiu das escolas.

O bibliotecário deixou de ser um erudito, guardião dos livros para se tornar um profissional mediador no processo de busca da informação. Nesse sentido, ele pode ser visto como um educador do usuário.

[o bibliotecário] [ . . . ] o mascate de livros, descalço, com a sacola de folhetos pendurada ao pescoço, galgando penhascos para entrar em contato com vilarejos isolados pela ausência de estradas. Esse profissional do futuro teria que possuir um conhecimento íntimo dos territórios intelectuais das disciplinas e dos atalhos entre eles. Os bibliotecários há muito perderam a chance de serem os últimos comunicadores generalistas; será interessante ver o que irão produzir as profissões da informação que ultimamente começaram a convergir entre si.

Esta imagem do bibliotecário mascate, ambulante, sacoleiro que peregrinava entre as montanhas levando folhetos às comunidades distantes e isoladas foi apagada pelo esquecimento. Hoje, no alto das montanhas existem torres que enviam sinais de comunicação. Os lugares onde não existiam estradas circulam redes que interconectam as comunidades. E o bibliotecário que percorria o mundo e sabia os atalhos para levar a informação, contemporaneamente é impelido a buscar outros atalhos em redes e a ter um conhecimento mais especializado, capaz de desvendar a intimidade das trilhas que conectam os diferentes territórios intelectuais das diferentes disciplinas que fazem parte do conhecimento humano sem perder a visão da totalidade.

Segundo estudo realizado por Cury; Ribeiro e Oliveira (2001), o bibliotecário entende-se como uma interface entre o usuário e a informação, sendo um facilitador em seu acesso. Isto é facilmente percebido no atendimento a usuários presenciais. Em contrapartida, “[ . . . ] o usuário remoto possui independência de recursos tecnológicos e conhecimentos suficientes que lhe permitem ter acesso à informação desejada.” (CURY, RIBEIRO, OLIVEIRA, 2001, p. 94). Nesse caso, o papel de interface é exercido pelos softwares facilitadores de busca e acesso à informação.

Outra mudança foi o conceito de usuário. Nas antigas bibliotecas existiam leitores que passavam horas lendo e refletindo dentro da biblioteca. Hoje, este leitor tornou-se um usuário por não buscar somente livros, mas vídeos, CD-ROMs, reproduções sonoras, materiais iconográficos, microfilmes, etc. Os usuários podem acessar o acervo e entrar em contato com o bibliotecário através da internet. A comunidade de usuários, portanto, não se restringe somente ao espaço físico onde a biblioteca está inserida, como bairros e universidades; ela é formada por qualquer pessoa no mundo que tenha acesso à internet.

O desenvolvimento tecnológico e a internet possibilitaram tipos de materiais que podem servir de suporte para a informação, mudando o conceito central da biblioteca do acervo para o acesso. Hoje, os usuários têm necessidades muito específicas e o bibliotecário pode auxiliá-los a filtrar o que realmente eles desejam, no acesso a enorme quantidade de informação. “Não é mais o indivíduo que persegue a informação, mas as informações que soterram o indivíduo quando ele ousa acionar uma ferramenta de busca na internet.” (MILANESI, 2002, p. 51). Segundo o autor, de nada serve esta avalanche informacional se o acesso não for realizado com mecanismos criteriosos de seleção.

Segundo Morigi e Pavan (2004), o uso das tecnologias de comunicação e informação em bibliotecas universitárias de Porto Alegre-RS trouxe também novas sociabilidades. Além disso, constatou-se que as bibliotecas universitárias atuais convivem com os aspectos tradicionais e com os novos suportes eletrônicos. Assim, as práticas da rotina do bibliotecário, como o registro das inscrições em suporte impresso, entre outros, serviços não se alteraram radicalmente com a utilização das tecnologias de informação e comunicação. Conforme os autores, os bibliotecários percebem que o emprego das TICs torna os usuários mais autônomos, mas elas não substituem completamente o processo interativo tradicional da relação face a face entre os bibliotecários e os usuários.

Conforme pesquisa realizada por Silva (2000), com os usuários (alunos e professores) da biblioteca de Ciências Humanas e Educação (HE) da UFPR, a biblioteca é concebida como um local de armazenamento de documentos. Esta descrição é reforçada com a idealização da biblioteca como um lugar sagrado, de silêncio, podendo também ser um local de pesquisa. Os professores apresentam um conceito de biblioteca tanto como um “depósito”, quanto como um “centro de referência”.
Pelo que foi possível observar e compreender, a imagem de Biblioteca ‘ideal’ foi ligada à idéia de um lugar de silêncio, igreja, um lugar sagrado. Conseqüentemente pode-se afirmar que a biblioteca esteve presente na visão do homem como parte integrante da organização social, ainda que tenha vigorado a imagem de algo intocável, divino, um templo onde o ser humano deve silenciar. Embora seja significativa essa representação, há lugar nesse templo para a pesquisa, para o encontro e a convivência das pessoas. (SILVA, 2000).

Os sujeitos pesquisados admitem o desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa na biblioteca, mas não se desvincularam ainda da sua imagem sagrada de “templo do conhecimento”.

No presente, a biblioteca, mesmo modificada, não perdeu o seu significado conferido historicamente. Muitos dos seus atributos tradicionalmente conhecidos ainda são responsáveis pela visão de biblioteca que temos. O que a mantém viva e atuante é a sua essência. Seja com rolos de papiros ou com um microprocessador fabricado com silício, seja tateando entre estantes a procura de um livro ou utilizando um catálogo automatizado, com documentos de conteúdo religioso ou com um artigo dos mais recente periódico sobre tecnologia; a biblioteca continua sendo valorizada e reconhecida pelo seu papel que exerce no processamento e na disseminação da informação e do conhecimento.

4 METODOLOGIA


O presente estudo foi realizado a partir de uma abordagem qualitativa. Foram entrevistados bibliotecários de bibliotecas universitárias, todos atuantes durante o período da coleta de dados, realizadas nos meses de abril e maio de 2004, em Porto Alegre-RS.

Todas as bibliotecas universitárias pesquisadas estão automatizadas, isto é, contam com o suporte das tecnologias de informação e comunicação (TICs). A amostra foi constituída por onze bibliotecários, selecionados aleatoriamente, sendo sete deles pertencentes a bibliotecas universitárias públicas e quatro pertencentes a bibliotecas universitárias privadas.

Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram a observação e um questionário (em anexo) com questões abertas e fechadas. A aplicação do questionário ocorreu durante as entrevistas. A escolha desta técnica deve-se ao fato de ser a entrevista um instrumento que proporciona maior liberdade de expressão e riqueza de elementos nas repostas dos sujeitos entrevistados. As entrevistas foram agendadas previamente e realizadas no local de trabalho dos sujeitos entrevistados. Foram gravadas em fita K7 e transcritas. Posteriormente, as respostas foram codificadas e analisadas.

O conjunto de respostas obtidas durante o trabalho de campo foi considerado como narrativas dos sujeitos pesquisados. Conforme Motta (2004, p. 13): “As narrativas são construções discursivas sobre a realidade humana. São representações mentais lingüisticamente organizadas a partir de nossas experiências de vida.”

As narrativas aqui apresentadas foram selecionadas de acordo com a maior ocorrência de seu conteúdo. Foram escolhidas as narrativas que melhor representam a variedade de percepções dos sujeitos entrevistados. Com a finalidade de preservação da privacidade dos entrevistados os nomes que aparecem nas narrativas aqui apresentadas foram propositalmente substituídos por nomes fictícios.

5 A BIBLIOTECA NA VISÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS

Procurou-se verificar qual a concepção de biblioteca que os bibliotecários atuantes em unidades de informação universitárias possuem, tendo em vista os novos suportes de informação e a modificações ocorridas no contexto biblioteconômico. A introdução das novas tecnologias nas atividades biblioteconômicas é percebida como facilitadora do trabalho técnico e gerencial realizado pelos bibliotecários, mas trouxe impactos, resistências e adequações, de acordo com as narrativas:

Eu acho que em qualquer lugar em que as pessoas vêem a automação acontecer, ela gera sim um pouco de desconforto. Mas quando as pessoas aprendem a trabalhar com isso e percebem o tão [quão] importante é isso, eles tornam tudo isso maleável e não sabem viver mais sem. (Ana, 43 anos, Biblioteca Universitária Privada).

[ . . . ] a gente que é de uma geração mais antiga, a gente tem mania de ter uma certa resistência. Mas como a vida moderna exige, a gente acaba tendo que se adaptar, às vezes assim meio com dificuldade, mas a gente acaba aceitando. (Vera, 52 anos, Biblioteca Universitária Pública).

Os impactos das novas tecnologias na minha rotina de trabalho, eu vejo assim como uma melhora, assim em termos gerais, na realização das atividades. Mas vejo também que há uma dificuldade não só da pessoa que vai atuar na atividade, uma dificuldade de absorver a função dessas novas tecnologias na nossa atividade de rotina. Eu vejo que há uma certa dificuldade das pessoas aceitarem as novas tecnologias vindo de uma forma muito assim de cima pra baixo, digamos assim. (Carla, 41 anos, Biblioteca Universitária Pública).

A relação dos bibliotecários com as TICs gerou ansiedades, expectativas e novos comportamentos dos profissionais. O uso das tecnologias passou a fazer parte das atividades destes profissionais. As narrativas que seguem demonstram isso:
Gerou uma certa expectativa, expectativa dos funcionários, aquele medo da mudança [ . . . ] mas que foi superado, assim, no momento que o pessoal começou a trabalhar e teve um preparo, claro, um treinamento e não foi difícil, disso já partiu uma vontade de conhecer, também. (Maria, 44 anos, Biblioteca Universitária Pública).

As mudanças foram sendo absorvidas com tranqüilidade, devagar e pausadamente, mas com tranqüilidade. (Rosana, 45 anos, Biblioteca Universitária Pública).

De uma forma geral, não percebo as tecnologias de uma forma impactante. A tecnologia está totalmente inserida nas rotinas de trabalho e complementam e agilizam os processos da biblioteca. (Eliana, 28 anos, Biblioteca Universitária Privada).

Nós tivemos que acompanhar através de cursos de qualificação [ . . . ] na área de informática. [ . . . ] Nós fomos fazendo esses cursos pra nos aperfeiçoar. (Laura, 47 anos, Biblioteca Universitária Pública).

As bibliotecas equipadas com aparatos tecnológicos dinamizaram e facilitaram o acesso rápido a um número maior de informações, mantendo seu caráter de fomentador da cultura e disseminação do conhecimento. Entretanto, algumas mudanças em relação ao ambiente físico das bibliotecas foram necessárias, como evidenciam as narrativas:

Todo sistema de atendimento foi modificado. Foi implantado um sistema automatizado, onde o empréstimo, todo trabalho de circulação é automatizado, melhorou muito a rapidez, a precisão da informação. (Maria, 44 anos, Biblioteca Universitária Pública).

Bom, primeiro que passou de um fichário manual, principalmente aqui na biblioteca, de um catálogo manual pra um catálogo on-line, quer dizer, isso já é um impacto muito grande. Depois a gente começou a pesquisar em base de dados. [ . . . ] Também CDs, DVDs, essas coisas mais novas também obrigaram a gente a adaptar determinadas funções da biblioteca pra esse tipo de coisa. (Bruna, 46 anos, Biblioteca Universitária Pública).

A mediação das tecnologias de informação e comunicação modificou o processo de interação entre bibliotecário e usuário. O uso da tecnologia tornou os usuários mais independentes. Todavia, a atuação do bibliotecário não foi dispensada, pois este passou a dar treinamento aos usuários sobre o uso das tecnologias aplicado ao sistema de informação. As narrativas abaixo evidenciam estes aspectos:
Aqui na biblioteca fizemos os treinamentos sempre com equipamentos multimídia e temos um contato intenso com todos os usuários por meio de mensagens, temos muitas consultas e pesquisas dos nossos alunos [ . . . ] feitas à distância. (Fabiana, 44, Biblioteca Universitária Pública).

[ . . . ] o usuário tá mais independente. Ele pode mais sozinho fazer pesquisa, buscar, claro que aí a gente encontra aquele usuário que tem um pouco de dificuldade. (Maria, 44, Biblioteca Universitária Pública).

[ . . . ] agilizou muito e isso diminui a relação, acaba o usuário se relacionando com a máquina, quando antes isso não acontecia, ele se relacionava com o bibliotecário. Ele tinha sempre no bibliotecário a pessoa que ajudava, que buscava, [ . . . ] hoje ele tem o bibliotecário, só que o bibliotecário usa a máquina, a máquina responde, dá a resposta e acabou. Se tornou muito rápido isso. (Laura, 47 anos, Biblioteca Universitária Pública).

As narrativas mostraram que a mediação das tecnologias de informação e comunicação entre os bibliotecários e os usuários é uma realidade, pois com as TICs o profissional consegue atender as solicitações dos usuários de forma mais rápida, possibilitando atender um número maior de usuários. Com a máquina, a barreira da distância não se constitui mais em um entrave que dificultava a relação entre o bibliotecário e o usuário. Na visão dos profissionais, os usuários não deixaram de se relacionar com o bibliotecário, o que modificou foi o tipo de relação. Esta passou a ser mediada pela máquina.

Hoje a biblioteca é percebida pelos bibliotecários como um centro dinâmico de informação. Este atributo pode ser observado nas narrativas que seguem:
A biblioteca mais do que nunca é um setor de informação, um órgão de informação, e bem dinâmico, bastante dinâmico. Se tu não tens a informação em loco, tu consegues a informação em forma virtual, ela é extremamente dinâmica e muito rápida. (Laura, 47 anos, Biblioteca Universitária Pública).

Não tem mais aquele limite de biblioteca, livro, usuário. (Maria, 44 anos, Biblioteca Universitária  Pública).

Eu acho que a biblioteca hoje é a mesma definição de biblioteca desde que eu conheço biblioteca: o melhor lugar do mundo. É o coração da instituição, o  berço de cultura. (Ana, 43 anos, Biblioteca Universitária Privada).

Hoje a biblioteca é uma instituição mais dinâmica, bem mais dinâmica que era no passado. A gente não fica restrito simplesmente a classificar e a catalogar. (Bruna, 46 anos, Biblioteca Universitária Pública).

Pra mim a biblioteca é a fonte de informação. É aonde o aluno, o usuário, qualquer pessoa chega e quer encontrar o que procura. (Denise, 33 anos, Biblioteca Universitária Privada).

A biblioteca passou a ser ali o local onde eu vou procurar o que eu preciso, como antes. Só que em função da agilidade, em função dessas novas tecnologias muitas vezes não precisa estar na biblioteca para conhecer, ou ver, ou verificar o que eu preciso, na maioria das vezes não preciso estar lá, não preciso entrar no recinto da biblioteca, posso fazer esse acesso por outras vias. Mas o papel da biblioteca, vejo, ainda é o mesmo né, dar atendimento a essas questões de informação do usuário, seja ele o aluno, seja o funcionário, seja o técnico, seja quem for. (Carla, 41 anos, Biblioteca Universitária Pública).

Espaço de convivência, de lazer, de aprendizagem, de proliferação do conhecimento. Local de mudanças sociais, onde classes mais desfavorecidas podem melhorar suas condições através do conhecimento. Área de infinitas possibilidades, mas um pouco ortodoxa na sua forma de ação. (Eliana, 28 anos, Biblioteca Universitária Privada).

As tecnologias de informação e comunicação trouxeram à biblioteca maior dinamismo. Perspectiva reforçada por Ramalho (1993, p. 57) ao afirmar que: “[ . . . ] o certo é que as novas tecnologias de informação, como elemento de dinamismo da biblioteca, poderão garantir a sua existência como instrumento vivo, funcional e atualizado, enfim ‘moderno’.”
Nesse processo de mudanças nas bibliotecas universitárias, o bibliotecário é retratado como um profissional ativo e em constante atualização, acompanhando a evolução tecnológica. Este profissional deixou de ser visto apenas ligado ao material impresso e ao espaço físico da biblioteca. A sua ação é relacionada com a informação e os seus novos suportes. Conforme mostram as narrativas:
[ . . . ] o bibliotecário além de saber todos os procedimentos e técnicas da profissão, precisa estar cada vez mais atualizado, entender, estar familiarizado e buscar sempre atualização para não ficar para trás. (Fabiana, 44, Biblioteca Universitária Pública).

[ . . . ] a nossa função em si ela não mudou muito, ela só se tornou mais ágil, o nosso objetivo final que é o atendimento ao usuário, que é responder as questões, ele se tornou mais fácil de ser atingido. (Carla, 41 anos, Biblioteca Universitária Pública).

As narrativas mostraram que a visão dos bibliotecários sobre a biblioteca em um contexto de mudanças está relacionada com a interferência das tecnologias informacionais nas rotinas de seu trabalho e na sua prática profissional. Verificou-se que as percepções dos sujeitos pesquisados convergiram para uma concepção de biblioteca como um “centro dinâmico de informação” que conseqüentemente está gerando um profissional com perfil mais afinado com as tecnologias informacionais preocupado com a sua atualização.

6 CONCLUSÕES FINAIS


A introdução das tecnologias de informação e comunicação nas unidades de informação trouxe impactos nas bibliotecas e novas formas de sociabilidade entre os bibliotecários e os usuários. Elas são percebidas pelos bibliotecários como elementos facilitadores na execução das tarefas exigidas pela rotina do seu trabalho, além de auxiliarem os usuários no processo de busca das informações e do conhecimento, tornando-os mais autônomos.

No passado, as atividades dos bibliotecários voltavam-se para o acervo da biblioteca como única fonte de informação. Hoje, elas estão centradas na informação, independente do suporte em que esteja registrada. As tecnologias facilitam a reprodução da informação nessa variedade de formatos, ocasionando uma grande avalanche informacional. Nessa nova configuração, a biblioteca apresenta-se como um centro dinâmico da informação.

Portanto, na visão dos bibliotecários a biblioteca é um centro dinâmico de informação centrado no usuário, onde o profissional deve manter-se constantemente atualizado, acompanhando a evolução das tecnologias, a fim de proporcionar a seus usuários serviços de qualidade e um acesso democrático da informação.

No passado a imagem da biblioteca estava associada com a idéia de um espaço que se assemelhava a um depósito de livros, onde o bibliotecário desempenhava o papel de guardião. A inserção das tecnologias na vida da biblioteca e seus profissionais estão transformando substancialmente as concepções dos bibliotecários e dos usuários acerca da biblioteca e o seu papel. No entanto, no presente coexistem resquícios da visão tradicional de biblioteca com as novas formas que elas estão assumindo. Nesse novo contexto, a biblioteca está sendo identificada como um local “moderno” onde se disponibiliza informação e o bibliotecário como seu disseminador.
 

REFERÊNCIAS

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MCGARRY, Kevin. O Contexto Dinâmico da Informação: uma análise introdutória. Tradução de Helena Vilar de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 1999.
MERCADANTE, Leila M. Z. Novas Formas de Mediação da Informação. Transinformação, v. 7, n. 1/2/3, p. 33-40, jan./dez. 1995.
MILANESI, Luís. Biblioteca. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
______. O Que é Biblioteca. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. (Coleção Primeiros Passos, 94).
MORIGI, Valdir José; PAVAN, Cleusa. Tecnologias de Informação e Comunicação: novas sociabilidades  nas bibliotecas universitárias. Ciência da Informação, v. 33, n. 1, p. 117-125, jan./abril 2004.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Teoria da Narrativa. In: _____. Narratologia: análise da narrativa jornalística. Brasília: Casa das Musas, 2004. P. 6-23.
RAMALHO, Francisca Arruda. O Uso das Novas Tecnologias em Bibliotecas e Serviços de Informação. Informação e Sociedade, v. 3, n. 1, p. 53-61, 1993.
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SILVA, Helena de Fátima Nunes. A Biblioteca e as suas Representações: análise das representações dos alunos e dos professores na UFPR. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 2000, Florianópolis. Memória SNBU... Florianópolis: [s. n.] 2000. Disponível em: http://snbu.bvs.br. Acesso em: 5 abril 2004.
 
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BETWEEN PAST AND PRESENT: VIEWS ABOUT LIBRARY IN CONTEMPORARY WORLD

Abstract: The word library had historically a restricted and static character. The books of a difficult reproduction and mobility made the library as a temple and the librarian as its guardian. This view kept until recently, but with the introduction of new information and communication technologies, it begins to show signs of changing. From the analysis of interviews performed with librarians from public and private university libraries of Porto Alegre – RS, during april and may, 2004, it has intended to verify how the librarians note their work space. Its was concluded that, in the current context, the librarians see the library as a dynamic centre of information. The main factor of changing in the view about the library cited is the application of new information and communication technologies.
Keywords: Academic library; Information and Communication Technologies

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Valdir José Morigi

Professor Adjunto I do Departamento de Ciências da Informação, FABICO/UFRGS – Porto Alegre
Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
Doutor em Sociologia, FFLCH/USP
E-mail: valdir.morigi@ufrgs.br

Luzane Ruscher Souto

Graduanda do curso de Biblioteconomia, FABICO/UFRGS – Porto Alegre
Bolsista de Iniciação Científica/PROPESQ
E-mail: luzane_rs@yahoo.com.br 
 

ANEXO  - QUESTIONÁRIO

Dados de Identificação:
Nome:
Onde atua:
Idade:                  Sexo:             Estado civil:
Formação:
(  ) Graduação (  ) Especialização (  ) Mestrado  (  ) Doutorado  (  ) Pós-Doutorado

Questões Norteadoras

1) Como você percebe os impactos sociais das tecnologias de informação e comunicação na sua rotina de trabalho?
2) Quais as modificações introduzidas na instituição que você trabalha a partir do uso das tecnologias de informação e comunicação?
3) Na sua opinião o uso das tecnologias de informação e comunicação e o contexto da sociedade de informação influenciaram na mudança do perfil bibliotecário?
4) Você acha que o uso das tecnologias de informação e comunicação trouxe mudanças na relação entre bibliotecário e usuários? Explique.
5) Como você percebe a sua profissão e sua práticas no contexto em que se intensifica o uso das tecnologias de informação e comunicação?
6) Qual a sua opinião acerca das novas habilidades e práticas necessárias ao profissional a partir do impacto social das tecnologias de informação e comunicação?
7) Você considera suficiente a atuação dos órgãos que representam a categoria no esclarecimento quanto as novas tecnologias e quanto ao papel que o bibliotecário deverá desempenhar na sociedade de informação?
8) Como você define biblioteca, hoje?
9) A introdução das TICs gerou tensão na biblioteca em que você trabalha?
10) Como você vê o profissional de biblioteconomia e a sua inserção no mercado?
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 10,  n. 2, p. 189-206, jan./dez., 2005.