ENTRE O “TRADICIONAL” E O “VIRTUAL”: O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E AS MUDANÇAS NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS1

Valdir Jose Morigi

Cleusa Pavan

Resumo:

A partir do cenário a Sociedade da Informação procurou-se identificar de que forma os usos das tecnologias de informação e comunicação nas bibliotecas universitárias provocam mudanças nas práticas profissionais dos bibliotecários,
alterando as relações destes com os usuários. Mostra como são percebidas pelos bibliotecários as mudanças nas relações entre tais profissionais e os usuários decorrentes do emprego das tecnologias de informação e comunicação. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa e quantitativa, os dados foram coletados através de entrevistas com profissionais das bibliotecas universitárias públicas e privadas do município de Porto Alegre/RS. Concluiu-se que, em tais ambientes, as atividades “tradicionais” do trabalho dos bibliotecários convivem com as novas tarefas surgidas pelo advento do virtual, ao mesmo tempo que a utilização das ferramentas tecnológicas trouxeram novas formas de sociabilidade entre os bibliotecários e os usuários.

Palavras-chave:

Tecnologias de Informação e Comunicação; Bibliotecas Universitárias; Sociabilidade; Novas Sociabilidades; Práticas Profissionais - Porto Alegre - Brasil

1 INTRODUÇÃO

Estamos passando por um processo de transformação em todas as áreas da
sociedade. O impacto das tecnologias de informação e comunicação (TICs) já é
uma realidade em todos os campos da vida social, seja no trabalho, no lazer e nas
relações sociais. Principalmente a forma de comunicação entre as pessoas passa a
ser, cada vez mais, mediada por meios tecnológicos.

O uso de tais tecnologias cria novas formas de interação, novas identidades,
novos hábitos sociais, enfim novas formas de sociabilidade. As relações sociais já
não ocorrem, necessariamente, através do contato face a face entre os indivíduos.
Elas passaram a ser mediadas pelo computador, independentes de espaço e tempo
definidos. Informação e conhecimento tornaram-se variáveis imprescindíveis para
o cidadão na sociedade contemporânea que se estabelece, denominada das mais
variadas formas, como Era da Informação, Sociedade Pós-Industrial, Era do
Virtual ou Sociedade da Informação e do Conhecimento.

Eisenberg e Cepik (2002) descrevem a Sociedade de Informação em três
frentes gerais: uma economia baseada no conhecimento, um novo papel das
finanças e uma sociabilidade em rede. Conforme os autores, esta última se expressa
tanto na esfera do consumo quanto na circulação de produtos em escala mundial,
ultrapassando as fronteiras territoriais. A nova economia se caracteriza pela
formação de redes virtuais, responsáveis pela constituição de extratos, de perfis e
de hábitos sociais semelhantes nos mais diferenciados países. Essas novas formas
de interação criam novas formas de sociabilidade e novas identidades, mediadas
pelas redes midiáticas globalizadas.

Em outro registro, ao se referir à Era da Informação, Castells (2000 p.17)
afirma:
A revolução da tecnologia da informação e a reestruturação
do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a
sociedade em rede. Essa sociedade é caracterizada pela
globalização das atividades econômicas decisivas do ponto
de vista estratégico; por sua forma de organização em redes;
pela flexibilidade e instabilidade do emprego e a
individualização da mão-de-obra. Por uma cultura de
virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia
onipresente, interligado e altamente diversificado.
Segundo o autor, esta sociedade está ligada por redes telemáticas que
crescem de forma exponencial. Essas redes configuram a nova morfologia social,
modificando os resultados dos processos produtivos e da experiência humana.

Em outra perspectiva, sublinha Becerra (2003, p.11), a Sociedade da
Informação abre-se para:
La posibilidad de digitalizar toda fuente de información y de
procesarla, almacenarla y distribuirla por diferentes medios,
la potencialidad de combinación de textos, imágenes y
sonidos, la interconexión planetaria mediante redes de
información y comunicación, son el escenario detonador de
esperanzas que, al no anclarse en las condiciones objetivas
de acceso, suelen ser desaforadas. La convergencia de
industrias info-comunicacionales que tuvieron desarrollos
tradicionalmente divergentes convocan a imaginar un mundo
transparente, inmaterial, amigable, flexible y dinámico.
De acordo com a tese sustentada pelo autor, a emergência de um novo
modelo de desenvolvimento não exclui as tendências opostas e os conflitos que
dele advém. O impacto que as tecnologias aludidas trazem é distinto para cada
sociedade, havendo a possibilidade da coexistência de diferentes modelos de
Sociedade de Informação como coexistem diferentes modelos de sociedade
industrial. Assim, em cada campo as tecnologias de informação e comunicação são
sentidas, em seus efeitos, de forma diferenciada.

Diante desse quadro, em que múltiplas transformações se processam,
inclusive nos ambientes e nas práticas profissionais, procurou-se verificar como os
bibliotecários, que atuam em bibliotecas universitárias públicas e privadas,
percebem as modificações introduzidas a partir do emprego das tecnologias de
informação e comunicação. Essas tecnologias trouxeram mudanças nas relações
entre os bibliotecários e os usuários? Quais modificações elas trouxeram? Nesse
panorama, que novas posturas são exigidas desses profissionais?

A metodologia envolve uma abordagem quantitativa e qualitativa. O
universo se constitui nos bibliotecários que atuam em bibliotecas universitárias na
rede pública e privada do município de Porto Alegre/RS. A amostra foi composta
por 22 bibliotecários, sendo que destes 16 atuam em bibliotecas universitárias
públicas e 6 em bibliotecas universitárias privadas. Da rede pública2 foram
consideradas a Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre -
FFFCMPA - que possui uma biblioteca onde atua uma bibliotecária e a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, que possui 32 bibliotecas
setoriais e uma central. Em cada uma delas atuam em média 3 bibliotecários,
correspondendo a um total de 99 bibliotecários. Da rede privada3 foram
consideradas a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS,
que possui uma biblioteca central e três setoriais, a Centro Universitário Ritter dos
Reis - UniRitter, que possui uma biblioteca e a Faculdades Porto-Alegrenses –
FAPA, que possui uma biblioteca central. Sendo que atuam 20, 2 e 2 bibliotecários
em cada uma delas respectivamente. Todas as bibliotecas pesquisadas estão
automatizadas. Isto é, presta todos ou quase todos os seus serviços em suportes
eletrônicos.

Os sujeitos do estudo, os bibliotecários que atuam nestas unidades de ensino
superior são todos do sexo feminino, pertencem a uma faixa etária média de 45,7
anos na rede pública e 40,8 anos na rede privada. Observou-se que o fato dos
profissionais pertencerem a rede pública ou privada não alterou significativamente
a percepção no modo de ver a interferência do uso das tecnologias de informação e
comunicação. Entretanto, a variável idade dos bibliotecários contribuiu na forma
de interpretar as interferências do uso das tecnologias.

A técnica de coleta dos dados utilizada foi a técnica de entrevista realizada
durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2002. Os encontros foram
agendados previamente com os bibliotecários e realizadas nos locais de trabalho.
Elas foram gravadas em fitas cassete e posteriormente transcritas e analisadas. As
questões formuladas nas entrevistas se basearam em um questionário já estruturado
com perguntas abertas e fechadas (conforme anexo A). As perguntas formuladas
buscaram dados dos entrevistados, do local de trabalho, das percepções sobre os
usos das tecnologias de informação e comunicação e as interações entre
bibliotecários e os usuários. Além das questões outros dados referentes às
condições em que ocorreram as entrevistas foram anotadas. Para a preservação da
privacidade dos entrevistados, os nomes que aparecem ao final de cada narrativa
são fictícios.

Os dados quantitativos serviram para descrever o universo analisado. As
variáveis como idade, sexo, entre outras, serviram para verificar quantitativamente
o percentual de bibliotecários que percebe a interferência das tecnologias de
informação e comunicação em seus ambientes de trabalho, no uso da comunicação
direta entre bibliotecários e usuários e na autonomia dos usuários. Como o estudo
das percepções envolve elementos intersubjetivos foi necessário buscar apoio em
dados qualitativos. A formulação de questões abertas nas entrevistas foi possível
captar uma série de informações significativas que revelaram o conteúdo aprendido
através das suas experiências profissionais da vida cotidiana dos bibliotecários,
sobretudo das suas práticas de trabalho, as quais denominamos de narrativas. Elas
possibilitaram descrever a trama complexa que envolve o cenário e as suas
transformações no mundo do trabalho que esses profissionais estão vivenciando na
atualidade com a introdução e a intensificação do uso das tecnologias de
informação e comunicação nas bibliotecas universitárias. As narrativas
desvendaram que, por trás das mediações tecnológicas, existem sujeitos sensíveis
as mudanças e aos acontecimentos.

As tecnologias de informação e comunicação utilizadas nos ambientes das
bibliotecas universitárias da qual estamos nos referindo neste estudo diz respeito à
introdução da informação em suportes eletrônicos no acervo das referidas unidades
de informação e de tecnologias para acessá-la, isso abriu a possibilidade de
consultas a bases de dados on-line. As trocas de mensagens eletrônicas por meio do
correio eletrônico e a participação em videoconferências, entre outros recursos,
intensificaram seu uso.

As tecnologias de informação e comunicação, ao permitirem a manipulação
de diferentes mídias (texto, imagem e som), possibilitam o estabelecimento de “[ . .
. ] uma relação mais interativa entre o sujeito cognoscente e o conhecimento.”
(FERREIRA, 2003, p.38). O emprego de tais tecnologias, sem dúvida, trouxe
maior rapidez no acesso e transferência da informação em escala mundial.

A automação das bibliotecas e, conseqüentemente, dos serviços prestados
aos usuários que implicam no uso cada vez mais constante das tecnologias de
informação e comunicação fizeram com que a sociabilidade entre os atores
envolvidos se modificasse substancialmente. A máquina passou a realizar o
processo de mediação entre os agentes profissionais, responsáveis pelos serviços
de organização, busca e recuperação da informação e os seus usuários, tornando
tais processos mais dinâmicos.

Desta forma, o estudo pretende trazer elementos para uma reflexão sobre as
práticas da profissão do bibliotecário no contexto da Sociedade da Informação,
mostrando que a atuação deste profissional ultrapassa os procedimentos mecânicos
e automatizados impostos pelas tecnologias de informação e comunicação. A partir
da reflexão crítica é possível redimensionar políticas e criar estratégias de ação
com a finalidade de viabilizar e implementar propostas de trabalho e, ao mesmo
tempo, demonstrar a relevância do trabalho do bibliotecário no contexto social
contemporâneo.

2 O CENÁRIO: A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS

Na segunda metade do século XX, com o advento do paradigma da
Sociedade da Informação4 diversos autores Masuda (1982), Schaff (1993),
Webster (1995), Castells (1999) e Mattelart (2002) mencionam uma transformação
substancial no modo de produção e organização da sociedade. Apesar de não haver
um consenso em torno da sua definição, há uma concordância, entre eles, em
relação à importância do papel ocupado pela informação no mundo
contemporâneo. Essa relevância se deve tanto ao maior uso da informação quanto a
sua maior produção e, conseqüentemente, tratamento e organização da informação.
Além disso, houve um significativo aumento dos meios de transmissão e
disseminação da informação. Nesta Nova Sociedade, as tecnologias de informação
e comunicação ocupam um papel central.

As diversas teorias sobre a Sociedade da Informação indicam uma
transformação radical na estrutura do emprego e das profissões. Conforme Masuda
(1982), nesse contexto as tecnologias de informação e comunicação operam como
forças propulsoras que modelam as relações sociais, econômicas e políticas,
originando um tipo de sociedade diferente. A sua aplicação transforma-se na
principal fonte do crescimento econômico, dissolvendo muitos dos problemas dos
países menos desenvolvidos.

Nesta concepção, ainda que determinista, percebe-se uma interação entre as
tecnologias de informação e comunicação e a sociedade. Tais tecnologias, ao
mesmo tempo em que moldam a sociedade também são moldadas pela sociedade.
As tecnologias de informação e comunicação exercem influências profundas na
vida cotidiana. Contudo elas não são autônomas e, portanto, não podem ser
desvinculadas do contexto social em que foram produzidas.

Uma tendência da Sociedade da Informação, através do uso cada vez mais
intensivo das tecnologias, é uma reestruturação econômica do emprego e das
relações de trabalho. Entre as novas configurações destas transformações no
mundo do trabalho destaca-se uma organização flexível do trabalho e o aumento do
trabalho independente. Conforme sublinha Kovács (2002, p.37): “A segmentação
e flexibilização do trabalho implica a crescente diversidade dos salários laborais e
das condições de trabalho, diferenciação e individualização dos trabalhadores e das
relações de emprego.”

É difícil prever as múltiplas conseqüências em relação ao emprego, às novas
competências e aos novos níveis de qualificação dos trabalhadores com a difusão e
aplicação das tecnologias de informação e comunicação. Entretanto, os impactos
sobre muitos serviços interpessoais tradicionais, com a automação, desaparecem ao
mesmo tempo em que surgem novos serviços.

Conforme critica Mattelart (2002, p. 173), a Sociedade da Informação no
bojo de seu projeto de sociedade não trouxe nenhuma pedagogia de apropriação
cidadã dos meios técnicos capaz de desenvolver uma sociedade mais democrática.
“A chamada revolução da informação contemporânea faz de todos os habitantes do
planeta candidatos a mais uma versão da modernização. O mundo é distribuído
entre lentos e rápidos.”

Estudos recentes (LEMOS 2001; SÁ 2001), mostram que na sociedade
contemporânea a partir das inovações e possibilidades tecnológicas, surgiram
novas formas de relacionamentos entre as pessoas, emergindo e se configurando
novas formas de sociabilidade. Neste contexto, onde o fluxo constante das trocas
de informações efetiva-se através dos meios comunicacionais, torna-se possível a
criação de vínculos sociais nas comunidades virtuais. As novas “convivências”
advindas através da mediação tecnológica têm ampliado a rede de relações entre as
pessoas e construído laços afetivos entre elas. O uso das ferramentas disponíveis na
Internet abriu a possibilidade das pessoas se “conhecerem” e estabelecerem
relacionamentos sem qualquer contato físico anterior. Essa prática, cada vez mais
comum, vem modificando os hábitos, os comportamentos, tornando mais
complexas as formas de interação social entre os indivíduos e produzindo novas
formas de sociabilidade entre eles.

O ciberespaço constitui a nova fonte de construção das novas formas de
sociabilidade, possibilitando a comunicação e a disseminação da informação de
maneira instantânea. Segundo Giddens (1991), esse processo faz com que haja um
desencaixe dos sistemas sociais, ou seja, deslocamento das relações sociais de
contextos locais de interação e sua reestruturação através de extensões indefinidas
de tempo-espaço. O tempo e o espaço já não constituem mais barreiras para que se
estabeleça a comunicação e a troca de informações entre bibliotecários e usuários.
Nesse processo, a relação entre as partes é marcada por um jogo ou
entrecruzamentos que inclui tanto as formas “tradicionais” de sociabilidade como
as formas “modernas”, o que por sua vez conduz a relacionamentos tensos,
conflituosos e, por vezes, contraditórios.

Tradicionalmente as práticas dos bibliotecários estiveram circunscritas na
organização e no tratamento técnico das informações em suportes impressos,
localizados em centros de documentação e bibliotecas. Além disso, o espaço físico
- a biblioteca - e os processos interativos deste profissional com os usuários da
informação permitiram que se constituísse a identidade do bibliotecário,
competências plenamente consolidadas e regulamentadas pelos estatutos da
profissão.

O avanço das tecnologias de informação e comunicação e suas aplicações
em diversas áreas, inclusive nas bibliotecas, possibilitou uma relação direta e
interativa dos usuários da informação, tornando-os mais autônomos em relação aos
serviços mediados pelos bibliotecários no processo de busca da informação.

A introdução das tecnologias altera as relações dos bibliotecários e as suas
práticas, trazendo mudanças no perfil deste profissional. Essas transformações
fazem com que se reestruture ou se crie uma nova identidade coletiva do
profissional. As mudanças tecnológicas e as novas sociabilidades acarretam uma
nova forma de articulação, relação e apreensão do conhecimento destes
profissionais.

Entretanto, esse processo não é linear. Envolve uma complexidade de
elementos e conflitos de diversas ordens. O redimensionamento dos papéis
tradicionais no campo profissional e a desterritorialização do espaço físico na
biblioteca no ciberespaço, geram conflitos desde a constituição da subjetividade
deste profissional até conflitos de competências com outras profissões. As formas
de sociabilidade, através da interação, podem nortear o bibliotecário na construção
da sua auto-imagem e à imagem que os outros têm dele.

3 DO “TRADICIONAL” AO “VIRTUAL”: AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A passagem das bibliotecas tradicionais para bibliotecas virtuais ou digitais
é uma realidade que passa a desapontar os paradigmas administrativos de
gerenciamento da informação, uma vez que as bibliotecas virtuais são mais que um
conjunto de programas e equipamentos com alto grau tecnológico. “Uma atitude
gerencial, aliada a um posicionamento do foco de atividade do bibliotecário do
documento para a informação, será crucial para a transição.” (MARCHIORI, 1997,
p. 123).

As bibliotecas como instituições sociais são partes integrantes da sociedade.
Como tais, também acompanham os processos de desenvolvimento econômico,
social e tecnológico. No mundo contemporâneo, as bibliotecas passaram a utilizar
técnicas e processos automatizados e, amparadas pelo conhecimento científico,
passaram a dar um tratamento diferente em relação ao armazenamento, registro,
disseminação e recuperação da informação.

Tais unidades de informação encontram-se em lugares definidos, sendo que
seus catálogos são em papel e seus serviços não são automatizados. A figura do
bibliotecário está sempre presente no ambiente da biblioteca tradicional. As
relações entre usuários e bibliotecários são amplas e visíveis ao olho humano.

As bibliotecas tradicionais, bem ou mal, cumpriram e vêm cumprindo o seu
papel. Sobre seu futuro, afirmam Drabenstott; Burman (1997), que daqui a 20 ou
50 anos elas terão suas coleções deterioradas; novas edificações serão necessárias;
novas funções serão atribuídas aos bibliotecários e coleções de valor histórico
deverão ir para museus e o resto será reciclado.

O futuro é incerto, porém é notável que estamos diante de uma realidade de
“transição” entre os procedimentos das práticas da profissão consideradas
“tradicionais”, que tinham por base o registro das inscrições em suportes impressos
em papel e a constituição de novas práticas “modernas”, alicerçadas no uso das
tecnologias de informação e comunicação. A utilização dessas tecnologias
possibilita o rápido acesso à informação e também o uso simultâneo de um mesmo
documento. Tais procedimentos, baseados em processos interativos virtuais
constituem o sustentáculo da trama que forma o tecido da cibercultura.

As conjecturas sobre o futuro alertam que, cada vez mais, serão utilizadas as
tecnologias de informação e comunicação em todas as áreas da vida social. Nas
bibliotecas e centros de informação não será diferente. O sistema eletrônico trouxe
consigo vantagens como acessibilidade, seletividade e rapidez na disseminação da
informação: “[ . . . ] a transição do papel para sistemas eletrônicos deve ser olhada
como parte de um processo normal e previsível.” (LANCASTER, 1994 p.16 ). Este
sonho pregado por alguns autores – a biblioteca virtual – do futuro – sem paredes –
localizada no ciberespaço, já começa a dar seus primeiros sinais; “Em 2010, quase
a totalidade, se não a totalidade das bibliotecas universitárias estará automatizada e
muitas serão totalmente digitais.” (CUNHA, 2000, p.75). A automação é prérequisito
para a otimização dos processos e serviços desenvolvidos pelas
bibliotecas, uma vez que ela beneficia o fornecimento de informações de maneira
mais veloz aos usuários.

As bibliotecas universitárias brasileiras enquadram-se nesta nova
configuração que as bibliotecas assumem no contexto atual. Localizadas nas
universidades e centros da produção técnico-científica, as bibliotecas universitárias
são responsáveis pelo armazenamento e disponibilização do acervo das mesmas.
Elas recebem recursos financeiros que são continuamente aplicados em
equipamentos tecnológicos, com a finalidade de tornar mais dinâmicas suas
atividades. Entretanto, como a implantação das tecnologias de informação e
comunicação ainda é recente, essas unidades de informação disponibilizam as
informações armazenadas em suporte impresso e em suporte eletrônico, dando um
caráter “híbrido” ao seu acervo.

Ao empregar as tecnologias de informação e comunicação, as bibliotecas
universitárias criaram novos serviços e aperfeiçoaram os já oferecidos. Nas
bibliotecas pesquisadas foram encontrados serviços de referência on-line,
permutação de material impresso por meio eletrônico, acesso a bases de dados
gerais e especializadas, entre a prestação de outros serviços. Além disso, tais
unidades de informação disponibilizam a informação nos diferentes suportes
(impresso e eletrônico), possuem o sistema de catálogo on-line e algumas mantêm
paralelamente o tradicional catálogo de fichas. Elas realizam os serviços de
processamento técnico da informação, como classificação, catalogação e
indexação. Os materiais são adquiridos através da compra, da doação ou da
permuta.

Percebe-se que as bibliotecas universitárias caminham para uma
dependência quase total do emprego das tecnologias de informação e comunicação
e dos processos automatizados inerentes a essas tecnologias. Diante desta
realidade, é quase impossível imaginar as tarefas de rotina realizadas em uma
biblioteca sem o auxílio de processos automatizados, que possibilitam a conexão
com a rede mundial de computadores em tempo integral.

Conforme afirma Barreto (1998, p.122), esse fato gera uma mudança no
fluxo do conhecimento, pois “[. . .] a estrutura da relação entre o fluxo da
informação e o público a quem o conhecimento é dirigido vem se modificando
com o tempo, como uma função de diferentes técnicas que operam transferência da
informação do gerador ao receptor.” Segundo essa abordagem, o fluxo de
informação é capaz de interligar gerador e receptor, agregando, ao mesmo tempo,
competência na transmissão , em relação direta com as fases por que passou o
desenvolvimento do processo de transferência da informação até chegar a
comunicação eletrônica, que viabiliza de forma interna a relação de interação com
que se gera e recebe esta informação. Com a passagem da cultura escrita para
eletrônica os indivíduos e a sociedade estão passando por um processo de mudança
radical, fenômeno ou acontecimento que será percebido, na sua completude,
quando este momento, no futuro, for tempo passado.

Desta forma, as bibliotecas universitárias, ao utilizarem e incorporarem nas
suas práticas cotidianas as tecnologias de informação e comunicação modificam o
fluxo da informação e do conhecimento. As tecnologias imprimem uma velocidade
maior na possibilidade de acesso e uso da informação. Em rede, os receptores
posicionados de diferentes pontos que se unem, podem assimilar a informação
graças a possibilidade da conexão.

4 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E AS PERCEPÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS

Com o objetivo de captar as percepções dos bibliotecários em relação ao
uso das tecnologias de informação e comunicação e mostrar como as mudanças nas
práticas profissionais são representadas por estes, utilizou-se uma metodologia
qualitativa, e foram analisadas três variáveis, a saber: a interferência das TICs entre
as relações bibliotecário-usuário; uso da comunicação direta entre bibliotecário e o
usuário e o grau de autonomia do usuário em relação ao uso das tecnologias de
informação e comunicação.

Em relação à interferência das TICs nas relações entre os bibliotecários e os
usuários, 77,3% dos entrevistados responderam que a tecnologia interfere na sua
relação com o usuário e 22,7% que não há interferência. Dos que percebem a
interferência 70,5% trabalham em bibliotecas públicas e 29,5% trabalham em
bibliotecas privadas.

Quanto à percepção dos bibliotecários em relação à utilização das
tecnologias de informação e comunicação e a manutenção da comunicação face a
face entre os bibliotecários e os usuários, 54,6% afirmaram que aumentou a
comunicação deste tipo, ocorrendo o mesmo nível de igualdade de 22,7% entre a
diminuição e sem alterações na forma de interação face a face. Esses dados
parecem contraditórios, pois o aumento do uso das TICs, diminuiria a interação
direta, (face a face) entre bibliotecários e usuários. Entretanto conforme a
percepção de alguns bibliotecários esse tipo de interação aumentou.

Em relação ao grau de autonomia dos usuários na busca da informação com
emprego da tecnologia, 50% dos bibliotecários percebem que os usuários estão
mais autônomos, 22,7% parcialmente autônomos e 27,3% não autônomos. Na
percepção dos bibliotecários, as mudanças introduzidas pelo uso das tecnologias de
informação e comunicação no seu ambiente de trabalho e nas relações com os
usuários, trouxeram maior autonomia na busca das informações. As TICs
possibilitaram uma mudança de comportamento dos usuários em relação ao uso da
biblioteca e das fontes de informação. Uma vez que boa parte dos usuários
dominam as ferramentas de informática, especialmente a Internet, quando
ingressam nas instituições de ensino superior, já apresentam um grau de autonomia
em relação ao uso das tecnologias referidas.

Entretanto, os dados quantitativos não foram suficientes para verificar as
modificações nas relações entre bibliotecários e usuários a partir do uso das
tecnologias, pois elas envolvem um conjunto de significações que fazem parte do
processo de elaboração dos sujeitos envolvidos nestas interações sociais. Na
tentativa de evidenciar a complexidade destas relações recorremos as narrativas
dos bibliotecários. Elas expressam a autonomia dos usuários em relação a busca de
informações, as mudanças ocorridas na rotinas do trabalho dos bibliotecários em
relação ao processo de organização e tratamento da informação. Seguem algumas
narrativas:
Houve um novo treinamento do usuário e do funcionário. A
biblioteca ficou mais atualizada, dinâmica e ao mesmo
tempo ofereceu mais subsídio ao aluno. Ele tem terminais de
acesso à rede. O serviço ficou mais personalizado, ele
próprio busca as informações. (Rosa, 53 anos, Biblioteca
Universitária Pública).
A primeira mudança que percebo é em relação ao aluno. Ele
antigamente dependia muito de nossa ajuda para localizar o
livro na estante. Hoje se dá um treinamento no início, se
ensina uma vez e eles sozinhos se acham na biblioteca. Às
vezes, solicitam ajuda quanto ao assunto. (Helena, 41 anos,
Biblioteca Universitária Pública).
Temos uma homepage na Internet em que são colocada
algumas informações, referências bibliográficas, links
interessantes na área da educação, assim sempre indica-se
para os usuários darem um olhadinha na página. O mais
interessante com a automação foi o leque de opções para
pesquisa através da Internet, o usuário pode fazer a pesquisa
na biblioteca ou em casa. (Márcia, 50 anos, Biblioteca
Universitária Pública).
Com a tecnologia ficou melhor, mais dinâmico, tem mais
recursos. Quando não sabemos resposta entramos em contato
com colegas e respondemos por e-mail. (Maria, 46 anos,
Biblioteca Universitária Pública).
Em relação ao usuário ensinava-se a usar fichas e agora tem
que ensinar usar catálogo. A biblioteca atende usuários de
áreas distintas, sendo que alguns têm que ensinar a clicar o
mouse (eles tem medo do computador). O computador exige
mais trabalho, há alguns que tem que ensinar a usar o
computador antes de ensinar o catálogo. (Joice, 47 anos,
Biblioteca Universitária Pública).
Acho que principalmente a agilidade e precisão que se
obtém os dados. Hoje o problema é o tempo disponível,
então a tecnologia ajuda muito no atendimento ao usuário.
No processamento técnico também o avanço foi grande, não
há mais fichas. (Elisa, 40 anos, Biblioteca Universitária
Privada).
Em relação ao processamento técnico há uma facilidade
maior de inserir dados na base, em função de ter acesso à
importação de registros de outras bibliotecas, estar
conectado à rede, acesso a bibliotecas de outros países e
acesso a uma série de informações autorizadas. Antes se
preenchia um formulário à mão e outra pessoa digitava, que
não o bibliotecário. Atualmente, entramos diretamente com
os dados no computador. (Maristela, 39 anos, Biblioteca
Universitária Pública).
As mudanças são benéficas, elas agilizaram o serviço. Para
fazer um levantamento bibliográfico, numa base de dados
em poucos minutos é feito, mas se for em bibliografias
impressas o trabalho era bem mais demorado. Houve uma
agilidade do trabalho e também exatidão, porque a base de
dados oferece vários recursos, dá possibilidade de selecionar
anos e um certo tempo, filtrar por determinados parâmetros.
Já, com o papel posso até esquecer de consultar algum
fascículo, não tem filtro. (Eduarda, 43 anos, Biblioteca
Universitária Pública).
As narrativas a seguir demonstram a complexidade que as tecnologias
trouxeram na constituição das novas práticas profissionais e a modificação no
modo de interagir entre bibliotecários e usuários.
O que modificou é o relacionamento com nosso leitor,
porque quando comecei havia um contato maior dos leitores
com o bibliotecário, hoje, está muito distante e, às vezes,
hostil. (Joana, 61 anos, Biblioteca Universitária Pública).
O bibliotecário passou a se dedicar mais ao serviço interno e
menos ao serviço ao público. O principal fator de mudança
foi o computador. (Joana, 61 anos, Biblioteca Universitária
Pública).
Agora trabalho quase o tempo inteiro com computador.
Comunico-me muito com o usuário de outras bibliotecas
através do computador. Meu trabalho depende muito do
computador e acesso à rede. Hoje o trabalho do bibliotecário
é extremamente dependente do computador, principalmente
de bibliotecários de bibliotecas universitárias e
especializadas. (Eduarda, 43 anos, Biblioteca Universitária
Pública).
Acho que a relação ficou mais informal, mas não houve
distanciamento. Antigamente o usuário pedia o livro e ia
para casa. Hoje acabam questionando mais, buscam mais
informações. O treinamento do usuário é feito de outra
maneira. Acabamos tendo mais contato com o usuário. Antes
a relação era mais fria. (Rosa, 53 anos, Biblioteca
Universitária Pública).
A relação mudou para melhor. É como um desafio, pois com
a evolução das tecnologias temos que estar atentos às
mudanças. (Renata. 55 anos, Biblioteca Universitária
Privada).
Com o uso das tecnologias teve maior interação entre
usuários, bibliotecários e auxiliares. Os usuários procuram
ajuda não só no ambiente físico, mas por e-mail. (Maria, 46
anos, Biblioteca Universitária Privada).
O emprego das tecnologias de informação e comunicação exige dos
profissionais alto nível de especialização e faz com que os mesmos desempenhem
uma educação continuada para atender as necessidades de suas práticas
profissionais.

5 CONCLUSÃO

O modelo de Sociedade da Informação que se vislumbra, em que a
mediação dos significados compartilhados passa a ser realizada mediante o auxílio
do computador, através da utilização das tecnologias informacionais e
comunicacionais, gera diferentes impactos, entre os quais uma nova forma de
sociabilidade. Ela se caracteriza pelas transformações nos processos interacionais
entre os próprios bibliotecários em seus ambientes de trabalho, envolvendo novas
práticas profissionais em relação às formas de gerenciamento da informação e dos
serviços prestados e na interação com os usuários. Além disso, interfere na
construção, na apreensão, no fluxo e na articulação do conhecimento na sociedade
contemporânea.

À medida que os bibliotecários passam a empregar as tecnologias de
informação e comunicação, de forma ampliada, tais ferramentas passam a se
constituir como elementos de sua prática profissional. A amplitude do seu uso
passa a interferir na relação com os usuários da informação, bem como nas formas
de decodificar suas práticas, levando o profissional a construir novos modos de
subjetivação de sua profissão e suas práticas. Assim, a relação entre tecnologia e
sociedade, percebida a partir da prática profissional, é responsável pela construção
nova da identidade social dos bibliotecários.

Na visão dos bibliotecários, o emprego das tecnologias de informação e
comunicação nas bibliotecas universitárias torna os usuários mais autônomos em
relação à busca de informações em suas fontes. Entretanto, essa autonomia dos
usuários não implica, necessariamente, em uma substituição das formas
“tradicionais” de sociabilidade, nas relações face a face e a comunicação oral.
Esses processos interativos entre bibliotecários e usuários podem, inclusive se
intensificar.

Por um longo período, a imagem dos bibliotecários na sociedade
permaneceu atrelada ao espaço físico da biblioteca e a organização dos livros. De
uma certa forma, ainda sua imagem continua acoplada a eles. Difícil prever por
quanto tempo essa imagem vai perdurar. Contudo, com a utilização mais intensiva
das tecnologias de informação e comunicação, conseqüente aumento dos suportes
eletrônicos da informação, a criação das bibliotecas digitais e as novas formas de
sociabilidade, a imagem desses profissionais, aos poucos, apresenta os primeiros
sinais de rompimento de identificação com o bibliotecário “tradicional”. Por outro
lado, há o entrecruzamento das práticas tradicionais do bibliotecário com as novas
práticas exigidas pelo mundo digital. Nesse contexto, o seu caráter híbrido se
manifesta.

A biblioteca territorializada ou localizada no ciberespaço continua sendo
um lugar de construção da subjetividade, humanização e cidadania. Por mais que
os meios tecnológicos venham substituir os contatos e as relações humanas, os
homens nunca serão completamente substituídos, por que temos sentimentos.
Mesmo que as relações sejam mediadas pela máquina, estas não possuem afeto, ao
contrário dos seres humanos que se realizam e produzem conhecimento a partir das
relações com os outros e os seus laços afetivos. A relação da civilização humana
com a biblioteca é visceral, enquanto existir algum homem no planeta,
carinhosamente, as bibliotecas serão lembradas.

NOTAS

1 Fragmento da pesquisa “Entre o Tradicional e o Virtual: Novas Sociabilidades
nas Bibliotecas Universitárias”, em andamento na UFRGS, cujo foco central é
refletir sobre os impactos gerados pelo uso das tecnologias de informação e
comunicação e sua interferência nas relações cotidianas, iniciada em 2002.

2 Maiores informações sobre as bibliotecas podem ser obtidas acessando os
endereços eletrônicos: <http://www.fffcmpa.tche.br>, <http://www.ufrgs.br>.

3 Maiores informações sobre as bibliotecas podem ser obtidas acessando os
endereços eletrônicos: <http://www.pucrs.br>, <http://www.ritterdosreis.br>,
<http://www.fapa.com.br>.

4 Não é objetivo deste artigo fazer uma abordagem exaustiva das diversas
concepções e críticas em relação a Sociedade da Informação.

REFERÊNCIAS

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___________________

BETWEEN THE TRADITIONAL AND THE VIRTUAL: THE USE OF INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES AND THE CHANGES IN UNIVERSITY LIBRARIES

Abstract: Based on the Information Society scenario, our aim is to identify the
ways by which the use of information and communication technologies in
university libraries causes changes on the librarians professional practices, altering
their relationship with library users. This paper shows how those changes, caused
by the use of information and communication technologies, are perceived by the
librarians. The research uses a qualitative/quantitative approach and the data was
obtained from interviews with librarians from both public and private university
libraries in the city of Porto Alegre/RS. The conclusion is that, in such
environments, the librarians' "traditional" work activities and the new chores
brought by the advent of the virtual live side by side. Also, the use of those new
technology tools has brought about new forms of sociability between librarians and
users alike.
Keywords: Communication and Information Technologies; University Libraries;
Sociability; New Sociabilities; Professional Practices – Porto Alegre – Brasil.
___________________

Valdir Jose Morigi

Professor Adjunto II do Departamento de Ciências da Informação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação/UFRGS. Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo.
E-mail: vjmorigi@adufrgs.ufrgs.br

Cleusa Pavan

Acadêmica do curso de Biblioteconomia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação/UFRGS. Bolsista de Iniciação Científica/PROPESQ.
E-mail: cleusapavan@yahoo.com.br

ANEXO A

1) Nome
2) Idade
3) Sexo ( ) masculino ( ) feminino,
4) Local onde estudou
5) Ano de conclusão dos estudos,
6) Quanto tempo trabalha no local?
7) A Biblioteca está parcialmente ou totalmente informatizada?
8) Na sua opinião, quais são as mudanças na biblioteca atualmente com o uso das
tecnologias de informação e comunicação?
9) Desde que iniciou seu trabalho na biblioteca, você passou por mudanças que
modificaram sua rotina de trabalho?
10) Como você vê essas mudanças trazidas pelo desenvolvimento da tecnologia
(foram positivas ou negativas, trouxeram benefícios ou não, para os usuários e para
a biblioteca)?
11) Na sua opinião, qual deve ser o perfil do profissional da informação para atuar
em bibliotecas que utilizam os suportes da informação eletrônicos?
12)Você busca aprimorar-se diante das mudanças tecnológicas?
13)Como é sua relação com o usuário da biblioteca?
14)Você percebe alterações na sua relação com o usuário em relação ao período
anterior ao uso das tecnologias de informação e comunicação (e quando a
biblioteca ainda não estava automatizada)?
15) Quais são essas mudanças?
16) Na sua opinião, a tecnologia é um fator que interfere na sua relação com o
usuário?
17) Além dela há outros fatores que estão contribuindo para essa nova forma de
sociabilidade (relação com o usuário)?
18) Você percebe alterações no comportamento dos usuários (tiveram novas
atitudes, como foi a adaptação)?
19) A comunicação direta com o usuário diminuiu ou aumentou. Por que?
20) O usuário tornou-se mais autônomo com a utilização do computador?
21) Ele sabe utilizar os recursos disponíveis na biblioteca na busca de informação
ou precisa de seu auxílio?

Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 8, p. 54-69, 2003.