POR QUE FAZER PESQUISA NA UNIVERSIDADE?
Maria Lourdes Blatt Ohira
Resumo
Através da literatura da área, identificaram-se as causas
e os fatores que determinam a realização de trabalhos científicos,
como também, os fatores que podem interferir na realização
de pesquisas nas Universidades, destacando-se o suporte da Biblioteca Universitária
no apoio à pesquisa científica.
Palavras-chave: Pesquisa universitária: produção
técnico-científica
A pesquisa nas universidades não é um mal
necessário, não é um bem desnecessário, ela é
o germe da evolução, ela é um bem impreterível
e profundamente necessário... A pesquisa nem sempre melhora a didática
dos professores (qualidade esta que de algum modo pertence à categoria
dos talentos naturais), mas sempre melhora o conteúdo desta didática,
a sua substância, a essência de sua mensagem. A pesquisa coloca
o saber de quem ensina num contexto mais amplo, mais rico, define seu contorno,
unifica, acrescenta nuanças, lhe dá versatilidade, relevo,
vida, alegria...
(Tsallis, 1985:570)
1. INTRODUÇÃO
Este artigo contempla alguns aspectos da dissertação de mestrado
"Produção Técnico - Cientificados docentes da FAED/UDESC
(1992-1996): avaliação institucional", apresentada no Programa
de Pós –Graduação da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas - PUCAMP, sob a orientação da Profa.
Dra. Geraldina Porto Witter.
Pesquisa Científica
Os termos pesquisa, trabalho científico, investigação
científica são definidos como qualquer investigação
metódica, desenvolvida para fornecer informações que
possam solucionar um problema (Vickery, 1972:33).
Pesquisa científica é definida por Menezes (1993:39) como o
estudo minucioso e sistemático, com a finalidade de descobrir ou detectar
fatos ou princípios relativos às diversas áreas do conhecimento
humano. Os resultados de uma pesquisa científica são divulgados
em forma de publicação, que pode ser um livro, um artigo de
periódico, uma comunicação em congresso, uma dissertação,
tese ou outro suporte físico. Para Moura (1993:19), trabalhos publicados
e publicações são termos usados para designar os documentos
escritos de diversas naturezas, os quais, por meio de registros gráficos
ou impressos, são editados com a finalidade de difusão ao público.
Por intermédio das atividades de ensino, pesquisa e extensão,
as universidades se voltam para a criação, a produção
de conhecimento, e a busca do saber. Por essa razão, precisam também
preocupar-se em como disseminar competentemente esses conhecimentos, que
só se concretizarão se lograrem comunicação,
exigindo-se, portanto, condições propícias para a divulgação
da produção intelectual. Para Alves (1987:149),
a publicação, suporte básico do processo
de comunicação da produção científica
e cultural, transforma-se em forma motriz, na medida em que é recuperada
e divulgada, impulsionando o desenvolvimento intelectual e realimentando
o ciclo de geração de conhecimento.
Segundo Witter (1989:29),
a produção científica está relacionada
com a atuação dos cursos de pós-graduação,
quer pelo seu fazer científico, quer pelo seu papel na formação
de professores e pesquisadores que irão atuar em outras entidades,
universitárias ou não. Seu produto ê relevante, inclusive
como veículo para a mudança da dependência para a independência
científica e tecnológica e, conseqüentemente, econômica
e política.
Atualmente, algumas universidades brasileiras públicas e privadas
destacam-se como pólos de produção científica
e são reconhecidas nacionalmente e no exterior. Essa é uma
das conclusões da análise dos dados do Diretório dos
Grupos de Pesquisa no Brasil, realizado em 1993 pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, que identificou
4.402 grupos de pesquisa, sendo a distribuição espacial dos
mesmos extremamente concentrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul e Minas Gerais (Guimarães et al. 1995).
Os dados do CNPq, publicados em 1996, elevaram para um total de 7300 os grupos
já catalogados, com um contingente de 27 mil pesquisadores, entre
doutores e mestres, e a participação de 16 mil estudantes entre
doutorandos e mestrandos, cumprindo especializações, aperfeiçoamentos
ou estágios, como também estudantes de iniciação
científica, destacando-se a Universidade de São Paulo - USP,
a Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, a Universidade Estadual de
Campinas -UNICAMP, a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, a Universidade
de Brasília - UNB, dentre outras, como as universidades que congregam
a maioria dos grupos de pesquisa e funcionam como referencial nos programas
de pós-graduação (CNPq, 1996). As conclusões
das pesquisas desenvolvidas pelo CNPq apontaram que, segundo Guimarães
et al.(1995:73),
"a pesquisa científica e tecnológica no Brasil
abarca praticamente todas as especialidades existentes, é muito concentrada
geográfica e institucionalmente e é, tomada em seu conjunto,
pouco produtiva. Por outro lado, está completamente profissionalizada,
desenvolve-se quase sempre em grupo, é predominantemente científica
e básica e apresenta diferenças significativas segundo as diferentes
áreas do conhecimento."
Esses dados vêm comprovar a afirmação de Faria (1981:1192)
quando considera que "a instituição própria para atividades
científicas é, sem dúvida, a universidade, onde vivem
os profissionais de todas as manifestações da ciência,
e a ferramenta fundamental, não a única, é o cérebro
do pesquisador com sua capacidade criativa." Mas o que leva um pesquisador
a realizar pesquisas? Por que fazer pesquisa? A resposta de Tsallis (1985:571)
é: "para satisfazer a sua curiosidade e a curiosidade dos outros!
A satisfação desta necessidade imperiosa, desta sede irresistível
do homem é, por si, justificativa suficiente da pesquisa." Mas, para
o autor, a pesquisa proporciona outros benefícios:
A pesquisa gera bem-estar: bem estar fisiológico,
corporal, bem-estar psíquico, bem estar material.
A pesquisa gera prazer: prazer musical, estético, prazer de aceder
ao difícil, o prazer da troca, do intercâmbio, no espaço,
no tempo.
A pesquisa gera economia: economia de tempo, economia de energia,
economia de recursos do solo, agropecuários, marítimos, humanos,
economia de recursos financeiros, monetários.
A pesquisa gera autonomia, independência, autogestão,
gera real poder de decisão sobre nossos próprios destinos -
carências grandes estas no chamado Terceiro Mundo. "Primeiro
", para nós que nele
vivemos, e dele dependemos.
A pesquisa gera notável qualificação nos profissionais
de todos os horizontes, gera um potencial humano de dinamismo e versatilidade,
gera pessoas conscientes de suas responsabilidades, de suas limitações
e de seus talentos, rasga véus de ignorância, preconceitos mistificadores,
abre espaços, estimula interações, freqüentemente
interdisciplinares, não raro as mais fecundas.
Alguns autores investigaram os fatores que levam o docente e/ou pesquisador
a desenvolver pesquisas, investigando as causas que determinaram a realização
de trabalhos científicos e as causas que determinaram maior ou menor
produção, destacando-se Medeiros (1986:51), que obteve como
resposta ser o interesse pessoal o motivo citado pela maioria dos entrevistados.
Para o autor, "o interesse pessoal reflete uma postura do profissional que,
independentemente de suas obrigações quanto ao regime de trabalho
ou outras implicações, realiza trabalhos que vão ao
encontro de suas satisfações." Outros fatores mencionados no
estudo foram: disponibilidade de horas semanais destinadas à realização
de pesquisas e a contribuição dos cursos de pós-graduação.
Destaca-se também o estudo de Lipp et al. (1988), que investigaram
os fatores motivacionais que levaram os docentes de pós-graduação
em psicologia do Brasil a publicar livros e artigos de periódicos.
Os fatores variaram dependendo de se tratar de artigos ou de livros, verificando-se
que, no caso de livros, o retorno econômico e o reconhecimento profissional
foram os fatores mais apontados, enquanto que, para os artigos de periódicos,
os fatores de realização pessoal e contribuição
para o desenvolvimento da ciência predominaram para o grupo como um
todo, variando, porém, em universidades públicas e particulares.
Os professores das universidades particulares e estaduais são mais
motivados pelos fatores de interesses voltados para a coletividade enquanto
que os das federais são mais impulsionados por fatores relacionados
à segurança (exigência dos órgãos governamentais
da universidade).
Muller (1984) procurou identificar as variáveis relativas aos serviços
bibliotecários ofertados que influem na produtividade científica
de professores universitários das áreas de ciências biológicas,
ciências da saúde, ciências exatas, ciências agrárias
e tecnologia, das universidades do estado do Paraná. Os resultados
obtidos demonstraram que: idade, nível acadêmico, categoria
docente e tempo de serviço são fatores que afetam e diferenciam
a produtividade; que o regime de trabalho não mostrou qualquer relacionamento
com índices de produtividade e que, das atividades desenvolvidas,
a única a apresentar alguma associação com produtividade
foi a administrativa. Em relação aos serviços bibliotecários,
o estudo confirmou a hipótese de que serviços bibliotecários,
percebidos como relevantes pelos professores produtivos, são independentes
de níveis de produtividade, e que a produtividade de professores universitários
é independente do grau de satisfação com os serviços
bibliotecários.
Com o objetivo de conhecer como ocorrem as pesquisas nas Escolas de Biblioteconomia
do Brasil, o estudo realizado por Barreto (1981) teve como objetivos: identificar
os presumíveis componentes institucionais e individuais capazes de
afetar a pesquisa docente; avaliar e analisar os elementos individuais que
podem interferir na produção científica; dimensionar
a cooperação entre as escolas e o estímulo proporcionado
ao professor. Pela análise dos dados coletados, concluiu-se que, basicamente,
os professores de Biblioteconomia ainda não estão voltados
para a pesquisa, situação que tem como causa diversos fatores:
falta de incentivos institucionais; falta de verbas específicas para
a pesquisa; ausência de recursos documentários regulares para
atender às necessidades acadêmicas docentes; aspectos relacionados
com a dedicação parcial; envolvimento dos professores com atividades
administrativas na escola. Segundo a opinião dos docentes, os desequilíbrios
regionais e a ausência de publicações especializadas
na área, para divulgação de seus trabalhos e/ou idéias,
podem interferir na cooperação entre os cursos.
O estudo de Christ (1991) investigou as questões que afetam a pesquisa
na área de Biblioteconomia, contrapondo-a com a situação
das demais áreas do conhecimento, identificando os fatores dinamizadores
e dificultadores da atividade de pesquisa, em nove instituições
envolvidas com pós-graduação, consideradas as que oferecem
cursos no nível de especialização, mestrado e doutorado.
São várias as condições organizacionais que influenciam
na realização de pesquisa, porém a "massa crítica"
é apontada como imprescindível, o que permite inferir que a
mesma seja a condição básica para o desenvolvimento
da pesquisa. A inexistência de fundos específicos para a pesquisa
na instituição e a burocracia externa dos órgãos
financiadores constituem-se nos principais entraves para a realização
da pesquisa. Quanto à opinião sobre os principais fatores que
motivaram o pesquisador a realizar uma investigação, verificou-se
maior incidência nos seguintes: curiosidade científica; desafio
profissional/auto- satisfação; melhoria das condições
sócio - econômicas do país e promoção profissional/carreira
acadêmica. Concluiu-se que a Biblioteconomia não enfrenta problemas
e barreiras ao desenvolvimento da pesquisa, de forma muito diferente das
demais áreas. O seu maior problema está no plano epistemológico,
isto é, na definição mais clara de seu objeto de estudo,
ou seja, a informação.
O objetivo central do trabalho de Azzi (1993) foi identificar as condições
que favorecem a realização de pesquisa como atividade profissional
exercida na Universidade pelos titulados com o grau de mestre e/ou de doutor
em Psicologia ou Educação. Para elaboração da
pesquisa, foram consideradas quatro dimensões básicas: condições
funcionais dos docentes; infra-estrutura para a pesquisa; disponibilidade
de recursos financeiros e competência técnica do pesquisador.
Os dados obtidos mostraram que a participação em várias
pesquisas parece ser, de fato, uma condição importante no processo
de formação de um pesquisador e que o nível de atividade
de pesquisa, nas áreas estudadas, é superior aos resultados
apresentados por estudos anteriores; a utilização de financiamentos
pelos respondentes mostrou ser importante tanto para sua formação,
como para a realização de pesquisa. Os resultados também
mostraram que se, de fato, o pesquisar for uma atividade importante de ser
exercida na universidade, é preciso fazer ajustes nas condições
em que vem ocorrendo a formação do pesquisador
Para Barreto et al (1997), as pesquisas desenvolvidas em algumas universidades
resultam do esforço e da preferência individual ou de grupos,
aliados a outros fatores que contribuem para a realização ou
n?.o de pesquisas, destacando-se: o baixo valor dado para a atividade ensino
-pesquisa e as dificuldades para a divulgação dos resultados
de pesquisas. Outra variável na definição das linhas
de pesquisa é a oferta dos agentes financiadores, criando ou recriando
oportunidades temáticas que se sobrepõem, muitas vezes, à
vontade pessoal e institucional.
Nas universidades brasileiras, os pesquisadores dificilmente conseguem desenvolver
exclusivamente trabalhos de pesquisa. Para Ruzza (1990:8), "existem outros
fatores que prejudicam a pesquisa científica, que estão relacionados
com a não dedicação integral do pesquisador ao seu trabalho,
pois a pesquisa é apenas um dos serviços que ele executa."
Fazem parte, ainda, de suas funções: a atividade docente, que
compreende as ações inerentes ao ensino, além dos encargos
administrativos, compromissos formais, reuniões, relatórios,
funções gerenciais, bancas examinadoras, cursos e outras atividades
exigidas pela carreira.
Castro (1992) investigou as condições de pesquisa científica
departamental e/ou institucional, na Escola Superior de Agricultura de Lavras
- ES AL, aglutinadas em quatro categorias: condições de recursos
humanos, recursos financeiros, recursos materiais e condições
gerais de trabalho. Os docentes pesquisadores destacaram os recursos humanos
como a categoria que mais favorece a produção científica.
Em relação aos recursos financeiros, pode-se perceber a incapacidade
dos órgãos oficiais de fomento em atender à demanda
gerada pela comunidade, tendo dificultado, em alguns momentos, o desenvolvimento
sistemático da pesquisa. Por outro lado, a deficiência dos recursos
materiais e condições gerais de trabalho foram reconhecidos
como os maiores entraves ao desenvolvimento da pesquisa, podendo estar relacionado
a uma política científica não explícita na instituição.
O estudo de Abou-Id (1982) revelou uma orientação positiva
dos docentes para a atividade de pesquisa. Muitos docentes, segundo observações
feitas durante as entrevistas, gostariam até de fazer só pesquisa,
mas, por ser o ensino uma das finalidades básicas da universidade,
sentiam-se na obrigação de incluírem essa atividade
em suas funções. Tal orientação pode ser atribuída
a diversos fatores: os docentes podem ter uma curiosidade científica
muito aguçada, ou o nível de qualificação que
alcançaram despertou interesse por uma área específica
de estudo. O autor investigou as condições para as atividades
de pesquisa, avaliando três indicadores: condições humanas
oferecidas pelo departamento; condições físicas e financeiras
e condições institucionais. Conclui que os indicadores usados
de percepção das condições de pesquisa associaram-se
positivamente com a produção científica e constituem
o pano de fundo para a realização da mesma.
Os fatores de natureza individual e organizacional que podem interferir positiva
ou negativamente na produção técnico-científica
dos pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA foram levantados,
por meio de entrevistas, por Lima (1993). Questionados sobre as dificuldades
encontradas no momento de redigir seus trabalhos, os respondentes informaram
ter dificuldades quanto aos resultados e discussão. Sobre o tempo
despendido na redação do trabalho, torna-se difícil
"deixar de lado" as tarefas diárias decorrentes do envolvimento em
outros projetos e demais atividades extra-pesquisa. Com relação
ao método para análise dos dados, além dos pacotes estatísticos,
recorrem também a outros colegas. O salário não é
considerado como um fator interveniente no processo de pesquisa, enquanto
que o excesso de burocracia e o excesso de atividade extra pesquisa são
apontados. A falta de melhor relacionamento interpessoal interfere negativamente
na formação e funcionamento das equipes, e algumas restrições,
principalmente financeiras, prejudicam a divulgação dos trabalho
em eventos científicos. O reconhecimento, recebido através
de promoções como recompensa pelo bom desempenho profissional,
foi apontado como um fator bastante positivo, enquanto que a disponibilidade
de recursos bibliográficos para dar suporte aos projetos e publicações
dificulta a realização de pesquisas.
Como se insere a biblioteca no processo de realização de pesquisas
na universidade, lembrada sempre pelos serviços de apoio à
tríade universitária de ensino - pesquisa - extensão?
A Biblioteca se insere, basicamente, quando do reconhecimento de cursos de
graduação e pós-graduação, na liberação
de verbas para a compra de material visando ao desenvolvimento das coleções,
e na questão da produção científica, por resultar
em publicações que, conseqüentemente, deverão ser
depositadas nas mesmas.
A Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo,
percebeu que, para a biblioteca universitária apoiar a pesquisa, não
bastaria desenvolver e administrar coleções ou garantir o acesso
a outras bibliotecas através de serviços como empréstimo
entre bibliotecas ou comutação. Foi criado, em 1983, o Serviço
de Apoio à Pesquisa Odontológica (SAPO), aliado aos Serviços
de Referência e aos Cursos de Orientação Bibliográfica
existentes na biblioteca da faculdade, com os objetivos de, segundo Beluzzo
et al (1997):
"centralizar as informações das
pesquisas em andamento na instituição; facilitar a organização
de levantamentos bibliográficos relacionados às linhas
de pesquisa; estruturação de serviços de alerta
às pesquisas; facilitar o contato com as principais agências
de fomento do país através do fornecimento de informações,
formulários, orientações para a execução
de projetos de pesquisa."
Para a biblioteca universitária, o apoio acadêmico já
é tradicional e seu papel vem sendo cumprido, ainda que às
custas de esforços, considerando as condições por que
passa a maioria das bibliotecas universitárias brasileiras. No apoio
à pesquisa, vem se firmando e cada vez mais ocupando lugar de destaque
nas universidades, necessitando ainda de estruturas informacionais adequadamente
capazes de atender, de forma satisfatória às necessidades dos
pesquisadores e gerar informações indispensáveis ao
fomento das atividades de pesquisa. Segundo Muller (1984:151),
se é verdadeiro que grande parcela de produtividade
é gerada por associação e não por invenção,
é pertinente, então, associar produtividade científica
com disponibilidade de informações e, por extensão,
associar produtividade científica universitária com bibliotecas
universitárias.
Concluindo, a pesquisa encontra na Universidade, através das atividades
de ensino, pesquisa e extensão, o ambiente propício para seu
desenvolvimento. A produção do conhecimento científico
está intimamente associada à pesquisa, a qual deve seguir princípios
metodológicos para que a validade de seus resultados seja assegurada.
Dos resultados das pesquisas resultam produtos materiais (equipamentos, componentes,
drogas), tecnologias (meios de produção, técnicas de
ensino, técnicas de preservação de energia) e textos,
esta última considerada a forma preferida pelo cientista/pesquisador
para se comunicar com os outros cientistas e com pessoas da comunidade.
Encerra-se este trabalho com as seguintes considerações:
"Na Universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente
se articulam, mas a partir da pesquisa, ou seja, só se aprende, só
se ensina, pesquisando; só se presta serviços à comunidade,
se tais serviços nasceram da pesquisa. O professor precisa da prática
da pesquisa, para ensinar eficazmente; o aluno precisa dela, para aprender
eficaz e significativamente; a comunidade precisa da pesquisa, para poder
dispor de produtos do conhecimento; e a Universidade precisa da pesquisa,
para ser mediadora da educação."
(Severino, 1996:63)
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Maria Lourdes Blatt Ohira
Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade do Estado de Santa Catarina.
Mestre em Biblioteconomia pelo Programa de Pós-Graduação
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- PUCCAMP. Vice-presídente do Conselho Regional de Biblioteconomia
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