Relata a experiência no uso de novas tecnologias da informação no Curso de Biblioteconomia. Apresenta a questão operacional sobre a utilização de interfaces na Internet. Reflete sobre mudanças advindas da informática na Biblioteconomia catarinense.
Palavras-chave: Currículo de biblioteconomia, tecnologia da informação.
Na década de 90, destaca-se
o uso intensificado da tecnologia da informação em ambientes
organizacionais, principalmente voltados a organização e gerenciamento
da informação eletrônica e digital.
Com a instauração de uma política
de informática no Brasil (Moreira, 1995) a abertura de mercado facilitou
a aquisição tanto de hardware como de software. Surgindo inúmeras
atrações irresistíveis para os administradores de sistemas
de informação e bibliotecas. A questão passa a ser gritante
no sentido de adaptação e tempo disponível. A adaptação
refere-se aos custos, qualidade, desempenho e treinamento de pessoal principalmente
decorrente da evolução contínua do hardware (equipamentos)
e também devido aos inúmeros softwares existentes.
O acompanhamento destas mudanças e principalmente
a capacitação de novos profissionais da informação
no mercado de trabalho, tornaram-se o pesadelo de inúmeras instituições
de ensino. Surgem questões sobre:
• como adquirir e quais equipamentos mínimos necessários para ensino e pesquisa?
• quais os softwares mais específicos?
• qual a relação de custo X benefício para as organizações?
• qual a aplicação da informática no mercado existente?
• qual o perfil do profissional a ser capacitado ao mercado de trabalho?
Sem dúvida estas questões
estremecem o pensamento da Biblioteconomia brasileira. Por onde começar
e em que condições são requisitos básicos ao
processo de ensino/aprendizagem. Mas, o fundamental está em reconhecer
a mudança do perfil dos alunos que ingressam (ou ingressaram) nos
cursos de Biblioteconomia.
Pretende-se, neste artigo, relatar a experiência
da iniciação do uso da Internet realizado no Curso de Biblioteconomia
da UFSC.
Entre as inúmeras reflexões que ocorrem
sobre o uso e ensino da tecnologia da informação ocorridas no
Ensino da Biblioteconomia, destaca-se o EREBD1 , pois além
de visualizar aspectos regionais pode-se observar a preocupação
dos discentes referente ao tema principalmente sobre uso das tecnologias disponíveis
(desmistificação) e tendências da sociedade da informação.
Quanto ao ensino das tecnologias da informação,
é necessário lembrar que o Curso de Biblioteconomia (graduação)
da Universidade Federal de Santa Catarina, iniciou suas atividades em 1974,
onde passou do período diurno (1974-84) para curso noturno (1984-até
o momento), sendo que estão regularmente matriculados cerca de 250
alunos e o currículo escolar está dividido em nove fases.
Na década de 80 diversas disciplinas enfocaram
a utilização da informática em diversos níveis
(ambientes de grande, médio e pequeno porte). Por exemplo a disciplina
Introdução ao Processamento de Dados enfatizava a linguagem
de programação e relacionar a informática em bibliotecas
principalmente em instituições de médio e grande porte.
Em 1986, criou-se a disciplina Automação
em Bibliotecas, que enfatizava o uso da informática nos aspectos administrativos
de bibliotecas; e com a reforma curricular em 91.1, a disciplina Recuperação
da Informação enfatizava além das noções
básicas em microinformática (DOS/WINDOWS), processadores de
textos, planilhas eletrônicas e gerenciadores de bases de dados.
Somente em julho de 1995, foi criado o Laboratório
de Informática - LABINFOR, onde criou-se uma infra-estrutura e horários
para atender a demanda de algumas disciplinas do Curso de Biblioteconomia
que dele exijam atendimento no uso dos recursos da informática.
Para evidenciar o problema da não utilização
da informática até aquele momento (1995), fez-se com que diversas
disciplinas deixaram, parcial e até totalmente de realizar aulas práticas
com equipamentos de informática, face à inexistência destes
ou em função da incompatibilidade horária com outras
disciplinas, e da impossibilidade de utilização de softwares
mais modernos.
Entre as disciplinas da grade curricular do Curso de
Biblioteconomia, verificou-se que, para sua adequada ministração,
necessitava-se do uso do Laboratório de Informática, disciplinas
como: Automação de Bibliotecas (Informática em Bibliotecas),
Recuperação da Informação, Gerenciador de Bases
de Dados Microisis (disciplina optativa), Disseminação da Informação,
Editoração, Indexação, Controle dos Registros
do Conhecimento I, II, III e IV, Produção dos Registros do
Conhecimento, Periódicos e Seriados, Formação e Desenvolvimento
de Coleções, Metodologia Científica para a Biblioteconomia,
Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia, Normalização da
Documentação, Biblioteconomia Aplicada I, II e III, Usuário
da Informação, Comunicação, Estatística
Aplicada I, Inglês Instrumental I-B e II-B.
Tanto no Curso de Biblioteconomia bem como no Departamento
de Biblioteconomia e Documentação da UFSC, criaram-se esforços
para conseguir ultrapassar o período de hibernação cibernética
nos diferentes níveis de treinamento, adaptação e desmistificação
da informática tanto aos alunos, professores e funcionários.
Em fevereiro de 1996, o LABINFOR - Laboratório
de Informática do Departamento de Biblioteconomia e Documentação,
passa a ser interconectado a rede Internet. Entre os softwares disponíveis
de acesso e uso da Internet foram instalados: Telnet (acesso remoto a terminais
para inúmeras bases de dados, inclusive as bases de dados gerenciadas
pelo IBICT, possibilitando também o uso do correio eletrônico
(e-mail), participação em listas de discussões, etc.),
Netscape (software para navegar - percorrer- as páginas de hipertexto
disponíveis na Web), FTP (File Transference Protocol - principalmente
para a transferência de arquivos).
Uma das primeiras atividades foi a elaboração
e disponibilização de páginas, bastante simples, de hipertexto
sobre a Biblioteconomia na UFSC . O passo seguinte estava na demonstração
dos recursos disponíveis para os professores e funcionários
interessados em conhecer as mudanças ocorridas através da implantação
do acesso Internet. Assim iniciou-se mudanças tanto administrativas,
mas principalmente de ordem acadêmica, onde persistia a questão
dos professores sobre as diversas possibilidades para uso intensificado dos
recursos existentes do LABINFOR (equipamentos E principalmente manejo dos
softwares).
As mudanças continuavam sucessivamente. Em março
de 1996, quando do regresso acadêmico, a procura para reserva do LABINFOR
aumentou significativamente e surgiram conflitos técnicos e operacionais,
afinal estavam somente 7 microcomputadores disponíveis para o Curso
e Departamento, além dos acadêmicos necessitarem do acesso para
o correio eletrônico.
No dia 12 de março, dia do bibliotecário,
após a palestra sobre “INTERNET como sistema de recuperação
de informação eletrônica e suas implicações
no planejamento estratégico da informação” proferida
por Luiz Zeredo - assessor no projeto UFSC On-line do Núcleo de Processamento
de Dados, houve a abertura do LABINFOR para 4 turmas de estudantes, com o
intuito de terem uma navegação orientada na Web.
O objetivo da palestra consistia em dinamizar e desmistificar
o máximo possível o uso da Internet. Enquanto a demonstração
simplificada, facilitava a visão sobre importância e praticidade
existente nas páginas de hipertexto na WWW (World Wide Web) referente
a busca e disseminação de informações a nível
mundial.
A partir desta data, viabilizaram-se esforços
para a reserva do LABINFOR durante o ano de 1996 para o ensino e pesquisa.
Um destes exemplos integralizadores seria a construção de páginas
referentes ao ensino da Biblioteconomia, professores, alunos, escolha de links
(elos de ligação) para facilitar a recuperação
de informações na imensa Web. Resumindo num trabalho de recuperação
e criação (design) de informações a serem disponibilizadas
na Internet.
Sem dúvida, um passo no avanço do ensino
na Biblioteconomia fora iniciado. Provocando rupturas no ensino tradicional,
trazendo as novas perspectivas dos acadêmicos referente a sua profissão
e na mudança de hábitos ao acesso e disponibilização
da informação.
Durante o longo período
de hibernação cibernética surgiram dois aspectos tendenciosos:
a) idolatria da informática (com a informática tudo será resolvido);
b) a tecnofobia (o medo de estragar “algo tão precioso”).
Cabe salientar que estes aspectos ocorrem nos mais diversos
setores da sociedade, empresas e também nas instituições
de ensino.
Buscando uma interpretação
dentro da administração, verifica-se no dizer de Meirelles
(1994, p. 404) que “a informação é o combustível
para mudanças estratégicas necessárias à evolução
natural da estrutura organizacional da empresa moderna e a tecnologia de
informação é o meio para realização dessas
mudanças e uma das mais importantes interfaces com o mundo exterior.”
Portanto, a integração
deve ser o objetivo final a ser almejado, entretanto, a passagem por alguns
estágios não retarda o processo; ela pode maximizar as recompensas
e custar menos. Deve-se lembrar que existem outros estágios ou fases,
mas o importante é conhecer o processo de evolução e
amadurecimento dos sistemas de informação.
Cunha (1994, p. 188) menciona
que é preciso “manter uma postura crítica em relação
a cada tecnologia de informação, não achar que ela é
a “resposta” para todos os nossos problemas. É importante que continuamos
a avaliar as novas e antigas tecnologias, à luz da nossa missão
primordial que é a de ajudar nosso cliente a encontrar a informação
que precisa, na hora certa e no formato adequado.”
Cabe aos dirigentes (coordenador de curso, chefe de departamento, diretor de centro, pró-reitor de ensino e reitoria em si) com o apoio do corpo acadêmico do Curso de Biblioteconomia, criarem amplas condições técnicas: ambiente adequado ao ensino/aprendizado em novas tecnologias da informação, disponibilidade de hardware e software em constante evolução, para que o desenvolvimento de trabalhos de ensino, pesquisa e extensão seja efetuado com melhor qualidade didática-pedagógica, possibilitando ao Curso de Biblioteconomia ampliar sua participação qualitativa no contexto sócio-cultural-econômico brasileiro.
1 EREBD Encontro Regional de Estudantes de
Biblioteconomia e Documentação, realizado em Florianópolis,
entre 02-05 de novembro de 1995.
2 Para acessar a página de hipertexto consulte URL: http://www.ced.ufsc.br/bibliote
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